AO LONGO DE SUA HISTÓRIA, OS CONTOS DE FADAS TÊM FEITO PARTE DA CULTURA OCIDENTAL(IZADA). SENDO ASSIM, POR MEIO DE PERSONAGENS ARQUETÍPICOS E DA POLARIZAÇÃO TOTAL DE COMPORTAMENTOS, TÊM SERVIDO COMO GUIAS NORMATIVOS CONDUTAS SOCIAIS ACEITÁVEIS E QUE SE TORNARAM PADRÕES MORAIS. ESSAS NARRATIVAS PADRONIZAM OS CORPOS A UMA “SOCIEDADE MONOCROMÁTICA” (TERMO QUE VENHO CUNHANDO EM PESQUISA DE DOUTORAMENTO), POR MEIO DE EXPECTATIVAS HETERONORMATIZANTES, INCLUSIVE DE PESSOAS LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS, TRANSEXUAIS, TRANSGÊNEROS, QUEER, INTERSEXO, ASSEXUAIS, POLISSEXUAIS, PANSEXUAIS E OUTRAS (ORGANIZADAS POLITICAMENTE SOB A SIGLA LGBTQIAP+). OS CONTOS DE FADAS TRADICIONAIS, JÁ EXISTENTES, POR MUITO TEMPO, ATENDE(RA)M E REFORÇA(RA)M A CIS-HETEROSSEXUALIDADE COMO POSSIBILIDADE ÚNICA (E ESPERADA) DE EXPERIÊNCIA HUMANA, INCLUSIVE PELA IMPOSIÇÃO DE FINAIS FELIZES MARCADOS PELA MODALIDADE ÚNICA DO CASAMENTO CIS-HETEROSSEXUAL. ESSE DESFECHO PRETENDE GARANTIR A FELICIDADE MÁXIMA DES PROTAGONISTAS, CONFORMANDO ESSAS PESSOAS A UM FINAL SEM DESENVOLVIMENTO. NESSE VIÉS, POR MEIO DOS ESTUDOS QUEER, PRETENDO ANALISAR A CONSTRUÇÃO DOS FINAIS DAS NARRATIVAS DA COLETÂNEA “ERA UMA VEZ... CONTOS GAYS DA CAROCHINHA” (EL-JAICK, 2001), DA COLETÂNEA “OVER THE RAINBOW: UM LIVRO DE CONTOS DE FADXS” (BRESSANIM ET AL., 2016) E DO E-BOOK “TRANSDERELLA” (LINO, 2019), QUE COMPÕEM O CORPUS DA PESQUISA. ESSAS OBRAS SÃO (AUTO)REPRESENTAÇÕES LITERÁRIAS QUE PARODIAM E REESCREVEM OS CONTOS TRADICIONAIS SOB UMA PERSPECTIVA DA DIVERSIDADE. ESSAS PRODUÇÕES TENDEM A DESMANTELAR O ARRANJO PADRÃO HETERONORMATIVO COM A PRODUÇÃO MESMO DE OBRAS DE CONTOS DE FADXS PELA REPRESENTAÇÃO DE ALTERIDADES DESVIANTES E ALTERNATIVAS, COM COMPORTAMENTOS, GÊNEROS E SEXUALIDADES DIFERENTES DAQUELES ESPERADOS (E IMPOSTOS) SOCIALMENTE.