Dez anos após a aprovação da lei 10.639/2003 ainda é possível encontrar livros didáticos que se limitam a relatar “retalhos históricos” do Brasil Colônia onde os negros se encontravam escravizados a serviço da burguesia. Muitos brasileiros que frequentam as escolas noturnas são vítimas da falta de oportunidade. Entre esses alunos, a população negra é expressiva e por isso mesmo o livro adotado pela escola deve ter a preocupação não apenas de contar fatos históricos, mas, sobretudo, de ser um instrumento de conscientização social e inclusão. Baseadas nos trabalhos desenvolvidos por Munanga (2008), Pinto (1987), Silva (2012), Freire (1997), Soares (2006), dentre outros estudiosos, o presente trabalho objetivou lançar um olhar crítico sobre a forma como o negro é retratado no livro didático (LD) da EJA adotado em uma escola da Rede Municipal de Campina Grande- PB. Nesse intuito, discutimos a importância do trabalho com a Lei 10.639/2003 na escola, a identidade dos Jovens e dos Adultos da Educação de Jovens e Adultos e o pensar e o dizer dos alunos de uma turma de EJA sobre as questões étnico-raciais e o racismo. A ausência da figura do negro no LD numa condição social favorável pode contribuir significativamente para a construção da baixa auto-estima das pessoas negras e pode ajudar a alimentar o racismo tão presente em nossa sociedade.