Neste trabalho apontaremos algumas sugestões encontradas nas multimodalidades para o processo de ensino de leitura, por meio de gêneros textuais, na (hipe)rmodernidade (Lipovetsky, 2004:26). Na concepção de Gasparetto Sé (2008) os textos multimodais são definidos como aqueles que empregam duas ou mais modalidades de formas linguísticas, a composição da linguagem verbal e não verbal a fim de proporcionar uma melhor inserção do leitor no mundo contemporâneo. Assim, além da habilidade de ler e escrever, é necessário saber lidar com a informação visual, integrando seus sentidos e significados que acompanham rapidamente todas as mudanças do mundo. Neste estudo, discutimos, então, o conceito de textos multimodais, procurando refletir como esses textos emergem um novo formato de leitura baseado em elementos que vão além dos signos alfabéticos. Apresentamos os resultados preliminares desta pesquisa, que está sendo desenvolvida no Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Tocantins, Câmpus Palmas - TO, com professores de línguas do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico e Ensino Superior. Evidenciamos alguns aspectos trazidos a partir da aplicação de um questionário acerca das representações que os professores de língua portuguesa, inglesa e espanhola têm sobre as multimodalidades no ensino da leitura. Metodologicamente, fizemos a revisão de literatura com base em autores do campo da linguística aplicada, que estudam os conceitos de multimodalidade e sua materialização em gêneros textuais; aplicamos um questionário semi-estruturado sobre multimodalidades; realizamos uma roda de conversa sobre o tema aqui discutido para refinarmos as discussões e, por fim, fizemos as análises dos dados. Com base nas análises dos questionários, constatamos que a maioria dos professores entrevistados já trabalha a leitura na perspectiva das multimodalidades, passeando por outros campos do conhecimento; a geografia, história, matemática etc. Esses professores empregam duas ou mais modalidades de formas linguísticas, a composição da linguagem verbal e não verbal com o objetivo de proporcionar uma melhor inserção do leitor no mundo contemporâneo (SÉ, 2008). Observamos também, alguns gêneros textuais trabalhados pelos professores; anúncios, cartuns, charges, histórias em quadrinhos, propagandas, tirinhas etc, tanto impressos quanto digitais nas aulas de leitura. Os referidos gêneros apresentam as formas da linguagem escrita, oral e visual, essas modalidades da linguagem atuam conjuntamente, na composição textual, produzindo assim, mais sentido ao leitor. Portanto, pudemos constatar a partir desses gêneros que a escrita não está mais desvinculada e separada da imagem, pelo contrário, ambas estão atreladas, uma articulada com a outra. Essa mescla de registros da linguagem (verbal e visual) faz com que o texto se torne multimodal ou multissemiótico SILVA et al. (2015). Assim, reconhecendo que as constantes mudanças na sociedade (hipermoderna) e, consequentemente, nas formas de comunicação, conclamam novas práticas de ensino e concepções de texto, uma vez que as necessidades de aprendizagem já não são as mesmas (KOPE; KALANTZIS, 2000). Sob essa concepção, os elementos alfabéticos típicos da leitura mais convencional (letras, sílabas e palavras) são importantes, mas não são os únicos fatores que darão subsídios ao leitor para compreender um determinado texto. Afinal, na era digital os textos escritos são preconcebidos de maneira altamente visual, cujos significados e sentidos ocorrem tanto pela multimodalidade como pelas palavras e frases do letramento tradicional. Para Kope e Kalantzis (2000) isso significa que o ensino das formas tradicionais de letramento alfabético precisa ser suplementado pela aprendizagem dos designs multimodais dos textos. O emprego de um determinado tipo de letra (na linguagem verbal) fonte, tamanho, forma ou formato, a escolha de uma dada cor e a da linguagem não verbal, torna a leitura mais atrativa e, possivelmente, aproxima o leitor às suas práticas sociais. A segunda fase da nossa pesquisa consistirá em analisar se é mais viável despertar o interesse dos alunos pela leitura, apoiados em textos multimodais, dado o momento de transformações oriundas da influência das tecnologias da informação e comunicação. Dessa maneira, conforme Postman (1994), as novas tecnologias alteram a estrutura de nossos interesses e, por sua vez, exigem novas formas de participação e interação social e, consequentemente, novas maneiras de ler e compreender os textos na hipermodernidade. Referências DIONISIO, A. P. Gêneros textuais e multimodalidade. In: KARWOSKI, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Orgs.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. São Paulo: Parábola, 2011. ______. Multimodalidade discursiva na atividade oral e escrita (atividades). In: MARCUSCHI, L. A.; DIONISIO, A. P. (Orgs.). Fala e escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. KARWOSKI, Acir Mário et. Al. Gêneros textuais: reflexões e ensino. 4ª Ed. São Paulo, 2011. COPE, B. KALANTZIS, M. Multiliteracies: Literacy Learning and the Design of Social Futures. Routlege: London, 2000. LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: BARCAROLLA, 2004. MARCUSCHI, Luiz Antônio & Antonio Carlos Xavier. Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. 3ª Ed. São Paulo, 2010. RIBEIRO, Ana Elisa. Textos Multimodais: Leitura e Produção. 1ª Ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2016. ROJO, Roxane Helena. Hipermodernidade, Multiletramento e gêneros discursivos. 1ª Ed. São Paulo: Parábola Editora, 2015. SÉ, E. V. G. Tecnologia: manuais de aparelhos devem ter linguagem multimodal. Portal Vya Estelar, 2008. Disponível em: . Acesso em: 08-10-2018. SILVA, et al. TEXTOS MULTIMODAIS: UM NOVO FORMATO DE LEITURA. Linguagem em (Re)vista, vol. 10, n. 19. Niterói, jan.-jun./2015 ¹Professor do IFTO/Palmas e SEDUC/TO, Mestrando em Letras - UFT ² Professora do IFTO/Palmas , Mestre em Letras - UFT, Doutoranda pelo PPG-UFPA