QUESTÕES DA PRÁTICA DOCENTE: FAZENDO COMPREENSÕES EM FREIRE E GERALDI Gisele da Silva Santos - Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Chapecó, giselessanttoos@gmail.com. Mariane de Freitas - Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Chapecó, mariane_kfreitas@hotmail.com. Instituição de origem: UFFS / agência financiadora: CAPES Resumo O presente trabalho é resultante de leituras que nos foram proporcionadas a partir de disciplinas do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), no Mestrado Acadêmico, da Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS/Campus Chapecó. O tema central abordado é a prática docente. Para tanto, nos propomos a fazer algumas reflexões e compreensões sobre a prática docente e, para isso, fundamentalmente iremos trazer aqui Freire e Geraldi como base teórica, e partiremos dos pontos: a formação, a prática docente e o Ensinar, que são pontos tratados por esses dois autores. Nosso objetivo geral neste trabalho é compreender questões da prática docente, a partir de aproximações e reflexões de Freire e Geraldi. Desta forma, o caminho metodológico utilizado foi a busca de reflexões (em partes específicas) em livros dos dois autores, quais sejam: Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa (1996), Pedagogia do oprimido (2017), Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido (2016), de Paulo Freire, em que mais especificamente vamos tecer reflexões em torno da denúncia freireana "Ensinar não é transferir conhecimento." Do mesmo modo, utilizaremos um trecho dos Livros: A Aula como Acontecimento(2010) e O texto na sala de aula(1999-2001), de João Wanderley Geraldi, livros esses em que encontramos apontamentos relevantes para compreendermos a importância da prática docente. Utilizamos esses dois autores por serem referência crítica nas questões educativas, sobretudo quando se trata de prática docente, e também por serem convergentes em suas reflexões sobre a educação, pois o que propomos aqui não é fazer um comparativo entre o pensamento dos dois, mas pelo contrário, iremos ancoradas por eles, voltar o nosso olhar para as reflexões já postas para refletirmos e fazermos nossas compreensões acerca da temática proposta aqui. Por esse viés, esse trabalho se caracteriza como uma pesquisa de cunho bibliográfico, de natureza qualitativa. Sabemos que a formação de professores é um tema muito debatido e atual, pois os professores são formados para exercer a docência que é um trabalho de grande relevância e fundamental para a sociedade, portanto, há muitas questões a serem consideradas quando se trata da prática docente. Por isso é necessária a reflexão sobre a importância da atuação docente na sala de aula, assim, na relação professor e aluno é preciso sempre cautela e discernimento no modo de agir do professor na sala de aula, pois os impactos dessa relação podem ser tanto positivos como negativos. O professor é aquele que, junto com o aluno, constrói aprendizagens significativas, conhecimentos críticos, ele não transmite, ele ensina, ele oferece meios para o aluno aprender, e junto com os educandos aprende também. Desta forma, tendo Freire e Geraldi como teóricos base para a presente reflexão, foi possível fazermos compreensões acerca da prática docente, efetivando aproximações em relação a importância da profissão docente e sua prática na sala de aula, que não é de um monólogo, mas de dualidade[1] de vozes que caminham em busca de um saber significativo. Pois, a concepção de professor que permeia na cabeça de muitos é essa, de que o professor se forma, ou seja, adquire certos conhecimentos na sua formação acadêmica e, passa esses conhecimentos para os alunos como uma transferência. Porém, é necessário pensarmos e lembrarmos que os alunos também possuem uma vivência, eles não são sujeitos a-históricos, portanto, é necessário o entendimento de que o professor não vai transferir conhecimentos, mas, na interação com os alunos, irão buscar meios para construir conhecimento juntos. Desta forma, compreendemos que o espaço escolar, enquanto meio social e, portanto político pode proporcionar uma educação com vistas na libertação dos sujeitos, a partir do entendimento de que ensinar não se trata de uma transmissão de conhecimentos entre aquele que tudo sabe e aquele que tudo ignora, mas sim um encontro de vidas que juntas buscam construir o conhecimento em bases sólidas e que na prática docente/discente encontram a possibilidade de usar da criticidade para se fazer ouvir as vozes constituintes do saber escolar, caminhando dessa forma, para uma sociedade mais esclarecida e, consequentemente mais consciente. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Palavras-chave: Prática Docente. Professor. Aluno. Referências FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 64. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2017. ______.Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 23. ed. São Paulo/Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016. ______. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GERALDI, João Wanderley. A aula como acontecimento. In: GERALDI, João Wanderley. A aula como acontecimento. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010. ______. O texto na sala de aula. 3.ed. São Paulo: Ática, 1999-2001. [1] Além de Geraldi, Bakhtin também aborda sobre a dualidade de vozes e a polifonia. Enriquecendo essa compreensão, no Livro Estética da Criação Verbal, Bakhtin diz que "O objeto das ciências humanas é o ser expressivo e falante. Esse ser que nunca coincide consigo mesmo e por isso é inesgotável em seu sentido e significado."(2011, p.395). Ou seja, nunca é um monólogo, mas sempre um diálogo de no mínimo duas vozes. Para compreensão