O DESVELAR DAS INTERSECCIONALIDADES E RESSIGNIFICAÇÃO DA DOCÊNCIA NO PIBID PEDAGOGIA DA URCA Luiz Carlos Carvalho Siqueira. 86luiz@gmail.com. Universidade Regional do Cariri. Silene Cerdeira Silvino da Silva. Universidade Regional do Cariri. Cicera Nunes. Universidade Regional do Cariri. Regina Ângela Esteves da Justa Santos. Secretária Municipal de Educação de Fortaleza. Davi Mota Bezerra. Universidade Regional do Cariri. Eixo Temático: Formação inicial e continuada de professores - com ênfase na análise de experiência, programas e políticas. Agência Financiadora: CAPES. Resumo Abordamos aqui a história de vida na formação inicial de professores. Tecemos algumas considerações preliminares do projeto "Sentir-Fazer a Docência-Discência na escola: o diálogo e a interdisciplinaridade entre as áreas de Língua Portuguesa e Matemática", desenvolvido no PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, do curso de licenciatura em Pedagogia da URCA - Universidade Regional do Cariri. Entende-se que a formação de professores parte da reflexão coletiva e colaborativa sobre o cotidiano e a função social da escola enquanto espaço democratizado de direito. Bem como, considera a trajetória dos sujeitos em formação como parte e importante da reverberação da melhoria e qualidade do ensino. Todavia, percebe-se que a formação, também consiste em se atribuir a este termo uma dimensão pessoal do desenvolvimento humano e não meramente à técnica, além de estar diretamente relacionada ao percurso pessoal e individual do sujeito. Desta forma, o presente trabalho corrobora com as concepções teóricas-metodológicas que reconhecem a formação através das histórias de vida de sujeitos enquanto objeto de investigação e reflexão (JOSSO, 2004; WARSCHAUER, 2001). Neste sentido, o conceito de interseccionalidade (HIRATA, 2014; PISCITELLI, 2008; CRENSHAW, 2002; AKOTIRENE, 2018) é tomado como parte referencial de leitura e tensionamento das histórias de vida de estudantes, como pontos de ressignificação e formação. Buscamos aqui evidenciar como as interseccionalidades apresentadas por meio de narrativas autobiográficas tornam-se significativas para ressignificação da experiência docente. A metodologia utilizada privilegiou as histórias de vidas enquanto estratégias que favorecem ações autobiográficas, essenciais para emergir a subjetividade dos interlocutores, permitindo o resgate e a valorização da sua própria história, do percurso que sua vida se constituiu com conteúdo pessoal, da concepção de formação e as ações formativas que serão utilizadas, bem como a atitude que será mobilizada para o uso da mediação como estratégia no processo auto-formativo. Nesse sentido, o estudo constitui-se como pesquisa exploratória, de natureza básica, por meio da abordagem qualitativa na qual temos como principal técnica de coleta de informações entrevistas semiestruturadas, realizadas em dois momentos durante as oficinas de formação temática com estudantes vinculados ao PIBID/Pedagogia da URCA. Participaram das oficinas 25 estudantes, de semestres variados do curso de Licenciatura em Pedagogia. As entrevistas se deram através da Linha do Tempo e Brasão (GALVANI, 1997) nas quais possibilitam resgatar a história dos discentes e proporciona-lhes um momento de partilha de saberes, bem como, entrever através do simbólico a representação do real e dos momentos de ressignificação de si. Temos como resultados iniciais a percepção das condições de vulnerabilidades dos(as) estudantes trazidos nos retratos do patriarcalismo conservador, machismo e misoginia, muitas vezes naturalizadas nos relacionamentos amorosos e familiares; a família e a religião continuam, quase que majoritariamente, como um espaço de construção dos projetos de vida das estudantes; o ingresso no Ensino Superior aparece como um momento de ressignificação das histórias de vidas; o PIBID como uma realização pessoal e acadêmica: "como um grande prêmio". Tais perspectivas reforçam a tomada de consciência no desvelar das histórias de vida. O conhecer a si e ao outro, se estabelece como elemento estruturante da auto-formação e criação de vínculos entre os estudantes participantes do projeto. Tais aspectos desvelam, sobretudo, como as interseccionalidades marcadas pelo gênero, etnicidade e sexualidades limitam as experiências educacionais das estudantes, bem como, se constituem como de ponto de partida de ressignificação da experiência docente. Palavras-chave: História de vida, Interseccionalidades, Auto-formação. Referências AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade?. Belo Horizonte: Letramento, 2018. ARAÚJO, Angela; LOMBARDI, Maria Rosa. Trabalho Informal, Gênero e Raça no Brasil do início do século XXI. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas. Impresso), v. 43, p. 452- 477, 2013. CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o Encontro de Especialistas em Aspectos da Discriminação Racial Relativos ao Gênero. Estudos Feministas, ano 10, 1º semestre 2002, p. 171-88. GALVANI, Pascal. A autoformação, uma perspectiva transpessoal, transdiciplinar e transcultural. In: SOMMERMAN, A.; MELLO, M. F.; BARROS, V. M. (Orgs). Educação e transdisciplinaridade II. São Paulo: Triom, 2002. p. 95-121. Disponível em: . Acesso em: 05. Set. 2018. HIRATA, Helena Gênero, classe e raça: interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo social, São Paulo, v. 26, n. 1, 2014. JOSSO, Marie-Christine. Experiências de vida e formação. São Paulo: Cortez, 2004. PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e Cultura, v.11, n.2, jul/dez. 2008. p. 263-74. WARSCHAUER, Cecília. Rodas em rede: oportunidades formativas na escola e fora dela. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2001.