GEOGRAFIA ESCOLAR E METODOLOGIAS DE ENSINO: O QUE RELATAM OS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO PROFISSIONAL COMENDADOR MIGUEL GURGEL EM FORTALEZA-CE Autoras: Caroline Gonçalves de Carvalho/carolinegoncal13@gmail.com/Universidade Estadual do Ceará-UECE Érica Gomes do Nascimento/Universidade Estadual do Ceará-UECE Thais Helena Nunes da Silva/Universidade Estadual do Ceará-UECE Eixo Temático: Formação iniciada e continuada de professores - com ênfase na análise de experiência, programas e políticas. Resumo Este estudo se insere na discussão sobre a geografia escolar e tem por objetivo identificar a visão dos alunos da Escola Estadual de Ensino Profissional Comendador Miguel Gurgel localizada no bairro Messejana, em Fortaleza - CE, sobre a disciplina de Geografia. Este trabalho surgiu de discussões realizadas em sala de aula e de trabalho de campo da disciplina de Metodologia e Prática de Ensino de Geografia I que possibilitou vivências relacionadas às práticas de ensino na educação básica e um aprendizado contextualizado, inserindo os discentes no processo escolar. Realiza-se uma reflexão sobre a disciplina de Geografia para os alunos do ensino médio considerando que é relevante levantar as facilidades e dificuldades enfrentadas pelos alunos mediante as metodologias de ensino empregadas. A escolha da escola se deu em virtude por ter sido inserida, recentemente, no Programa de Bolsa Institucional de Iniciação à Docência-PIBID, do Curso de Geografia da Universidade Estadual do Ceará, o que facilitou o acesso à escola para a realização da pesquisa. Outra questão de importância se deu ao fato de a escola em questão ser uma EP (Escola Profissional), apresentando diferenças, tanto na forma como o ensino é tratado, como na estrutura do local em comparação às escolas públicas de ensino regular. A Educação Profissional se estabeleceu a partir da Revolução Industrial, no século XVIII, tendo em vista a necessidade de produção de uma mão de obra especializada para atuar no novo segmento industrial crescente. No Brasil, o ensino profissional remota à época da colonização com o ensino de índios e negros para trabalhar. Com a chegada da família real, o ensino profissional começou a se estruturar com o surgimento dos primeiros estabelecimentos, instalados pelo poder público, de ensino especializado, como a Escola de Aprendizes e Artífices, ainda voltados a atender as classes mais baixas da sociedade, uma vez que a elite estava destina ao ensino de caráter acadêmico. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que reconheceu a integração completa do ensino profissional ao sistema de ensino regular, este ensino tornou-se um instrumento de favorecimento à inclusão social e certificação profissional, com isso a necessidade de investimentos nesta modalidade começou a ganhar nova forma, estando visada atualmente entre as metas do Plano Nacional da Educação. Conforme Cavalcanti (2012, p. 45), cabe à escola trabalhar com o conhecimento da espacialidade, ampliando e alterando a qualidade das práticas dos alunos, no sentido de uma prática reflexiva e crítica, necessária ao exercício de cidadania. Acrescenta-se que além das metodologias e os procedimentos que devem estar combinados no intuito de promover um entendimento construtivo e adequados à realidade do aluno, a cultura da escola é fator modificador no ensino das diferentes matérias escolares. Os procedimentos metodológicos adotados foram visitas à escola no início do segundo semestre de 2018 e a escolha de duas turmas do primeiro e do segundo ano da escola. Dessas turmas do ensino médio, foram escolhidos dez estudantes, de forma aleatória, para aplicação de um formulário com o total de dez perguntas, com o objetivo de verificar as principais metodologias que mais facilitam o processo de ensino e aprendizagem conforme avaliação dos alunos, destacando também as dificuldades encontradas por eles. Outro ponto levantado durante a investigação, diz respeito à importância do estudo de Geografia, assim realizaram-se questionamentos sobre a relevância desse ensino para os alunos. A partir da aplicação do formulário e do levantamento das respostas, verificou-se que a Geografia não é a disciplina favorita da maioria dos alunos, sendo considerada apenas mais uma matéria de carga horária que são obrigados a cumprir. Todavia, notou-se uma euforia por parte dos alunos quando perguntados sobre as principais metodologias utilizadas em sala de aula, que destacaram a aprendizagem cooperativa, como instrumento facilitador. A técnica trata-se de uma espécie de grupo de estudos na qual os estudantes se ajudam no processo de ensino e aprendizagem, atuando como parceiros entre si, com a finalidade de possibilitar a troca de conhecimentos. Através dessa pratica, aplicada durante as aulas de Geografia, foi possível perceber uma aproximação entre os estudantes, melhorando questões de relacionamento, o que resultou em um melhor desenvolvimento em todas as outras disciplinas. Além disso, durante o ano letivo é realizado alguns trabalhos de campo, onde são colocados em prática os conteúdos teóricos estudados durante as aulas expositivas. Contudo, em relação às dificuldades encontradas, foi citada, sobretudo, a de estarem sobrecarregados com todas as exigências da EP e a rotina cansativa, ocasionando a falta de interesse pelas disciplinas regulares e neste caso na Geografia. A partir da conversa com os alunos e com a direção da escola, identificou-se que, apesar das metodologias facilitadoras de aprendizagem, existe ainda uma falta de interesse dos estudantes em relação à disciplina de Geografia, ocasionada pelo stress e a falta de tempo para as disciplinas regulares em decorrência da modalidade ofertada na escola, indicando a pouca relevância da ciência geográfica no âmbito escolar. Por se tratar de uma EP, as matérias são contextualizadas conforme o mercado de trabalho escolhido pelos estudantes, ocasionando um aprendizado direcionado, o que reduz o caráter de ciência da Geografia, promovendo a perda de criticidade, tendo em vista que o direcionamento visado pela escola não influencia a formação científica dos alunos. No entanto, a inserção dos graduandos de Geografia do PIBID na escola demonstra a tentativa de uma aproximação entre a escola e a Universidade propiciando também a discussão sobre o ingresso no Ensino Superior. Diante disso, este trabalho mostrou que muitos são os desafios que envolvem a Geografia Escolar, e, por conseguinte, a prática de ensino e aprendizagem, de tal forma, o professor de Geografia deve estar atento aos diferentes contextos e à adoção de metodologias de ensino que facilitem o processo de ensino e aprendizagem, a fim de estimular um debate mais profundo e amplo acerca da importância da ciência geográfica na vida dos estudantes. Palavras-chave: Disciplina de Geografia; Educação Profissional; Metodologias de Ensino. Referências Brasil (2014a). Lei nº 13.005, de 25 de junho. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 25 de junho de 2014. Recuperado em 26 outubro, 2018, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm CAVALCANTI, Lana de Souza. O ensino de geografia na escola. Campinas, SP: Papirus, 2012. P. 45-47. KUENZE, A. Z. (org.) (2007). Ensino médio: construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez. Ministério da Educação / Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (MEC/ SASE), 2014. SEDUC/COAVE/Avaliação Diagnóstica 2017-2018. VIEIRA, Alboni Marisa Dudeque Pianovski; JUNIOR, Antonio de Souza. A educação profissional no Brasil. Interacções. V. 12, n.40, p. 152 - 169, 2017. Disponível em: . Acesso em: 26 de out. 2018.