A Educação Ambiental (EA) é um importante meio que atua na formação de cidadãos mais conscientes perante o meio ambiente. Diante da grande necessidade de mudanças de atitudes, a EA deve ser trabalhada nas escolas quando o aluno inicia seu aprendizado, pois o mesmo só será capaz de passar adiante este conhecimento se for previamente instruído. A EA é capaz de mudar atitudes e assim mudar o mundo, fazendo com que o aluno construa uma nova concepção da realidade em que vive, ocasionando também uma consciência ambiental, cidadã, de parceria e solidariedade com a sociedade. Ou seja, ela possibilita criar no docente um caráter mais justo, sustentável, sensato e ético (GUEDES, 2006). Na problemática da Dengue, além do conhecimento populacional, pode-se utilizar a Educação Ambiental para que haja a eliminação severa dos vetores e dos criadouros no âmbito domiciliar (ANDRADE e BRASSOLATTI, 1998). A dengue é uma doença que assola todo o território mundial. O seu vetor usa criadouros, como pneus, latas para sua reprodução, dejetos que a própria população produz e descarta de forma inadequada, formando criadouros naturais. Dessa forma, é necessária a urgência de medidas de conscientização ambiental. O presente trabalho tem como objetivo a aplicação da educação ambiental na comunidade escolar no município de Marataízes, no Espírito Santo, como instrumento de sensibilização e prevenção da dengue. O projeto foi desenvolvido em uma escola da rede estadual que oferta três modalidades, sendo estes: Ensino Fundamental II, Ensino Médio e EJA - Ensino Médio, totalizando 1374 alunos nas três formas de ensino. O projeto foi desenvolvido no 6º (sexto) ano no turno matutino e englobando o estudo epidemiológico com o restante dos alunos da escola. Inicialmente foi realizado um estudo dos casos de dengue no Brasil, no estado do Espírito Santo e no município de Marataízes para a elaboração do trabalho, obtendo resultados palpáveis para conhecimento dos alunos e discussões sobre o assunto. No segundo momento, foi aplicado um questionário no 6º ano contendo perguntas relacionadas à dengue juntamente com a educação ambiental, para realizar um levantamento acerca do nível de entendimento sobre o tema apresentado no questionário. Posteriormente, sendo realizado outro questionário, abrangendo todas as turmas do turno matutino, para realização do estudo epidemiológico e no processo de formulação dos gráficos. Com base nas respostas e também das dúvidas levantadas no primeiro dia de encontro com a turma do 6º ano, sucedeu-se uma palestra com o objetivo de sanar as principais dúvidas e levantar a questão de como a educação ambiental pode minimizar esta doença. Foi passado o filme "O mundo macro e micro do mosquito Aedes aegypti" (FIOCRUZ, 2006), no qual exibe o ciclo de vida do mosquito transmissor da dengue. Finalizando esse encontro, houve uma apresentação visual do mosquito da Dengue, o que gerou uma grande curiosidade entre os alunos presentes. No quarto encontro, houve a execução de uma oficina utilizando armadilhas chamada "mosquitoeira". A "mosquitoeira" é uma armadilha simples feita com uma garrafa pet de 2 L, fita isolante, uma lixa, água, tecido, alguns grãos de alpiste. Coloca-se na parte de baixo da garrafa alguns grãos de alpiste, de 3 a 5 grãos, assim o mosquito será atraído pelo cheiro e ficará preso no seu interior. Explicado todo o passo a passo, os alunos foram divididos em trios e realizaram a armadilha, feito isso, as armadilhas foram distribuídas em pontos estratégicos da escola. No último encontro, foi desenvolvido um pedágio educativo, com o intuito de sensibilizar o município acerca da dengue e alertar os perigos causados pela falta de educação ambiental e conscientização efetiva de todos, esse processo se deu através de panfletagem cedidas pela Secretaria de Saúde de Marataízes, com a participação dos alunos do 6º ano. Dessa forma, através do questionário aplicado em toda a escola, pode-se calcular o número de casos de dengue que acometeu os alunos, evidenciando os anos de ocorrência. O questionário foi realizado com 242 alunos do turno matutino. A fim de calcular a incidência de dengue na escola, pode-se perceber que 77% (187 alunos) responderam que nunca foram acometidos pela doença, já 20% (48 alunos) responderam que já contraíram a doença e 3% (7 alunos) disseram que não sabia se havia obtido a doença. Também foi possível observar que a maior parte dos alunos produzem ações de proteção ao meio ambiente. Neste sentido, o ensino deve ser organizado de forma a proporcionar oportunidades para que os alunos possam utilizar o conhecimento sobre o meio ambiente para compreender sua realidade e atuar nela, por meio do exercício da participação em diferentes instâncias: nas atividades dentro da própria escola e nos movimentos da comunidade. É essencial resgatar os vínculos individuais e coletivos com o espaço em que os alunos vivem para que se construam essas iniciativas, essa mobilização e envolvimento para solucionar problemas (PCN, 2001). Ao serem questionados se a escola havia alguma ação no combate à dengue, a maioria respondeu que não havia nenhuma campanha de conscientização que ensinasse a importância da prevenção. É fundamental que se aborde essa temática nas escolas, visto que, grande parte da população está em idade escolar, e este ambiente é o mais propício para abordar questões ambientais, pois os alunos absorvem melhor os conteúdos destinados a eles. Através do questionário, foi possível observar que os alunos, geralmente, possuem um conhecimento parcial sobre o tema dengue, uma vez que os programas de controle vetorial, desenvolvidos pelos órgãos públicos, na maioria, chegam à população de forma simplificada, colaborando para a construção desse conhecimento fragmentado. Porém através da EA é possível transformar os alunos em veículos transmissores de conhecimento, aprendizado este, adquirido durante todo o processo de sensibilização na escola. Logo, é possível abranger grande parte da população, conscientizando-os para que sejam cidadãos compromissados com as questões ambientais, tornando-os ativos na luta contra o Ae. Aegytpi. A força da população unida com ações concretas dos serviços públicos, levará a eficiência, garantindo uma real prevenção e erradicação da dengue. No tocante, é preciso pensar que a educação ambiental seja trabalhada a favor desta causa. Referências ANDRADE C.F.S. BRASSOLATTI R.C. & Santos L.U. 1998. Educação para o manejo integrado dos vetores da dengue. Manual UNICAMP. Campinas, 36pp GUEDES, José Carlos de Souza. Educação ambiental nas escolas de ensino fundamental: estudo de caso. Garanhuns: Ed. do autor, 2006. PCN. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Secretaria de Educação Fundamental: Brasília MEC/SEF, p. 188, 2001.