A língua portuguesa apresenta a palavra gênero com vários sentidos, a diferença se mostra presente em acordo com campo do conhecimento na qual a palavra vai está inserida. De acordo com o dicionário, gênero é o "conjunto de seres ou objetos que possuem a mesma origem ou que se acham ligados pela similitude de uma ou mais particularidades". Na gramática, gênero refer-se a classe de palavras, establecendo diferença entre masculino e feminino. Na biologia gênero apresenta-se como a "categoria taxonômica que corresponde ao conjunto de espécies com características morfológicas e funcionais muito semelhantes e antecessores comuns". De forma antagônica, ramifica, desarmônica ou binária como base na diferença sexual, a construção do significado da palavra gênero e o seu uso apresenta-se no sentido das relações de poder e dominação sexista, o que afeta sujeitos, suas identidades, corpos e hábitos, implica em valores de ordem social, política e cultural (CHARBEL, 1996). Discutir sobre gênero em sala da aula é de certa forma uma atividade muito desafiadora, a manter a ordem e os ânimos das palavras. O presente projeto foi desenvolvido na E.E.M. Amália Xavier, com as turmas do 2° ano do turno da manhã, a partir das contribuições ativas e efetivas dos bolsistas do PIBID de Biologia da Universidade Regional do Cariri - URCA, no momento desenvolvendo um ciclo de palestras e oficinas sobre temas diversos que vão em acordo com os pedidos do aluno anteriormente consultados. Os temas foram sugeridos e sorteadas pelos pibidianos e eles mesmos direcionaram todo o desenrolar do projeto. Começando com a busca do tema e dos textos para se iniciar as rodas de leituras seguidas de debate. Objetivou-se com esse trabalho provocar nos adolescentes a expressarem o imaginário do grupo em relação às especificidades da mulher e do homem, reflexionar de forma crítica sobre traços da identidade de gênero que propicie a fragilidade de meninos e meninas no âmbito social e biológico, refletir sobre as funções paternas e maternas ao questionar as relações de poder que promulga a violência e abuso de poder entre a mulher e o homem. Dividido em duas etapas, o presente projeto se preocupou em ouvir os alunos antes e depois dos diálogos e direcionar as discussões sobre gênero sempre abordando o ponto de vista biológico e cultural. Como primeira etapa após o sorteio do tema foi a escolha e leitura dos textos, a segunda etapa foi o debate entre os alunos. Os debates foram muito bem direcionados por antecederem da leitura de textos que tratavam sobre o assunto, essa leitura de forma intercalada promovendo a participação da maioria da sala. Os alunos apresentaram resistência na hora dos debates, mas os pibidianos iniciaram aos poucos com a leitura, possibilitando um clima harmônico na sala de aula que ao apresentarem os temas de uma forma envolvente através de uma leitura simples e esclarecedora em acordo com muitas palavras utilizadas no cotidiano dos jovens, conseguiram aos poucos que os discentes soltassem suas vozes embora aos poucos ainda com resistência e timidez a expressar suas ideias. Foram apresentados pelos alunos várias diferenças entre os homens e as mulheres, atribuídas exclusivamente a diversidade de padrões; diferenças fisiológicas, os fatores socioculturais e as impressões que os mesmos deixam, os padrões e tabus criados pela sociedade e pela religião que moldam ou aprisionam os jovens. Conhecer e analisar o ponto de vista dos jovens sobre a temática gênero ao diferenciar ou unificar o ponto de vista biológico e cultural, foi muito encantador, desafiador e surpreendente. A partir desse projeto foi possível perceber que nas salas onde ocorreram os debates e análise do tema gênero em uma abordagem biológica e cultural, apresentaram durante o decorrer das aulas, maior tolerância entre os alunos diante da diversidade de gênero presente entre os alunos que fazem parte da turma e com relação aos demais alunos da escola, a permissibilidade em ouvir as ideias, concepções e ponto de vista dos outros, mesmo não concordando com as mesmas e a participação mais frequente durante as aulas, ao questionar e opinar sobre os conteúdos apresentados nas aulas não somente de biologia, mas segundo o professor de sociologia e filosofia, deixando de lado a timidez e assumindo uma posição de partícipe e construtores do próprio conhecimento.