DESAFIOS À PRÁTICA DOCENTE EM QUÍMICA: O QUE DIZEM PROFESSORES DE UMA ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO? Hannah vitória de Souza Santos /hannahvitoriac@hotmail.com/ Instituto Federal de Pernambuco Campus Ipojuca Simone de Melo Oliveira/ Instituto Federal de Pernambuco Campus Ipojuca Anália dos Santos Silva/ Instituto Federal de Pernambuco Campus Ipojuca Eixo Temático: Formação inicial e continuada de professores - com ênfase na análise de experiência, programas e políticas. Resumo Neste trabalho apresentamos dados obtidos a partir de uma pesquisa realizada no âmbito do componente curricular Estágio Supervisionado II, do Curso de Licenciatura em Química, do Instituto Federal de Pernambuco - Campus Ipojuca. O objetivo central desse estudo foi identificar desafios relacionados a prática docente em Química, a partir do olhar dos professores (as) regentes desse componente curricular, numa Escola de Referência em Ensino Médio, da rede Estadual de Pernambuco. Buscamos em vários autores, reflexões sobre os prováveis motivos associados aos desafios à prática docente em Química. Estudos desenvolvidos por Nascimento et.al.(2015) e Seixas et.al.(2015) nos apontam a existência de desafios relacionados à prática docente em Química. Para Flôr et.al.(2014), os desafios dos professores estão ligados as condições de trabalho oferecida; também podem estar ligados as necessidades formativas (CARVALHO e GIL-PEREZ, 2011). Em observância ás contribuições dos autores referenciados e com a compreensão de que cada escola encontra-se dentro de um determinado contexto social e, portanto, apresentando desafios inerentes ao seu contexto, buscamos investigar se os professores que ministram aulas de Química na escola campo de estágio relatam desafios relacionados ao ensino de Química. Em atenção à natureza qualitativa deste estudo (MINAYO, 2001) e ao nosso problema de pesquisa, para a coleta de dados realizamos observação participante (MARCONI e LAKATOS, 2003) e aplicação de questionário misto (GIL, 2008), aos professores participantes, doravante denominados P1, P2, P3 e P4. O questionário misto foi composto por duas partes, a primeira buscou coletar dados sobre a identificação do (a) participante, conhecemos o ano de formação de cada participante, a faixa etária de idade, o tempo total de docência, o tempo que atua como professor na escola campo de estágio e se possui algum vínculo empregatício em outra rede de ensino além da rede estadual; e a segunda parte foram dispostas quatro perguntas acerca do objeto de estudo da pesquisa. Ao considerar os dados obtidos, todos os participantes ministram aulas de Química, mas apenas o P1 possui a formação em Química, e também apresenta a maior faixa etária de idade e possui maior tempo de formação inicial em relação aos demais participantes. Igualmente, P1 possui maior tempo de docência e maior tempo na atual escola em relação aos demais participantes. Neste contexto, também podemos mensurar que, pelo dado sobre o tempo total de docência, é provável que P1 esteja próximo de se aposentar, e que quando isto acontecer a escola campo de estágio contará com docentes com formação em outros componentes curriculares e não em Química. A segunda parte do questionário foi composta por perguntas sobre os desafios enfrentados pelos professores, o grau de interferência destes à prática docente em Química, o que fazem para minimizar os desafios e quais os objetivos ao ministrar aulas de Química. Ao analisarmos as respostas dos participantes às questões propostas identificamos que um dos desafios enfrentados pelos professores (as), refere-se à formação, dado este que podemos relacionar às informações obtidas na primeira parte do questionário aplicado, onde identificamos que dos quatro participantes, três não possuem formação inicial em Química. Para os P2 e P3 a formação em Ciências Biológicas é um desafio a ser enfrentado no ensino de Química. Juntamente com a formação, as condições de trabalho e a participação da família no processo educativo foram apresentados como desafios por três dos quatro participantes. Além dos desafios já citados, também são apresentados pelo P1 a relação com os estudantes, para P3 o tempo para o planejamento de aulas, e para P4 a falta ou precariedade de materiais didáticos. Com as respostas dadas à questão que tratou sobre o grau de interferência dos desafios à prática docente destes professores, os dados nos revelam que para todos participantes o grau de interferência dos desafios relacionados é por eles considerado de médio a alto. Nas respostas à terceira questão os participantes apontam que, para minimizar os desafios ligados à prática docente em Química, recorrem a diferentes estratégias: P2 relata o estudo constante dos conteúdos a serem ministrados, visto a sua formação ser em Biologia; P3 recorre à ajuda de outros professores da área sendo estes da escola ou não, em horários além do horário oficial de trabalho; P2 realiza conversas com a família e/ou responsáveis, mediante solicitações para comparecimento à escola, com o objetivo de conscientizá-la de seu papel junto à educação do filho; e P1 recorre ao exercício da "Paciência!" para tratar das adversidades da sala de aula. Com as respostas dadas à quarta questão os participantes apresentaram alguns dos seu objetivos ao ministrar aulas de Química, apesar dos desafios relatados: P1 se dedica o máximo, utilizando todos os recursos e estratégias possíveis para minimizar o fracasso escolar; P2 objetiva fazer com que o estudante entenda o conteúdo e consiga relacioná-lo com situações do seu dia-a-dia e com diferentes problemas propostos em atividades; P3 possui objetivos individuais e coletivos, que buscam fazer a diferença educacional na vida dos estudantes. Entretanto acredita que estes estão comprometidos, com a presença dos desafios apresentados à primeira questão; P4 pretende interferir de forma efetiva, mostrando o contexto da Química na vida de cada educando, assim como sua importância. Mostrar a importância para o crescimento pessoal e a necessidade de ter habilidades e competências necessárias para o ENEM e outros vestibulares. A partir dos dados obtidos e de sua análise à luz dos autores estudados, refletimos que os desafios à prática docente em Química demandam a continuidade de estudos sobre esta problemática. Igualmente, ressaltamos a necessidade de divulgação e discussão sobre dados como estes aqui apresentados, tanto para os professores que já ministram aulas de Química, como para nós, professores(as) em formação, para que, juntos, possamos buscar alternativas que ajudem a melhorar o ensino de Química nas escolas públicas. Palavras-chave: Ensino de Química, Professores, Desafios, Escola pública.