A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS SOBRE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA FORMAÇÃO INICIAL EM PEDAGOGIA: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID Lívia Carla Silva Barbosa/ liviacarlasb21@gmail.com/UFAL Ilana Grazielle Silva Barbosa-UFAL João Carlos da Silva-UFAL Rayanne Beatriz Santos da Silva - UFAL Tereza Cristina Cavalcante Albuquerque/UFAL Eixo Temático: Formação inicial e continuada de professores Agência Financiadora: CAPES Resumo O presente artigo tem como objetivo descrever a importância da contação de histórias na formação desenvolvida dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), a partir da experiência vivenciada no Subprojeto Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas/Campus Arapiraca. Neste sentido, serão destacados dois momentos de formação em que o grupo composto por 25 estudantes pididianos e três professores supervisores participou e a repercussão destes momentos formativos entre os mesmos, a partir dos registros nos diários de campo. Parte-se do pressuposto de que a contação de histórias em sala de aulas influencia no estímulo da aprendizagem por conta da construção do imaginário, contribuindo e estimulando a formação do indivíduo crítico, responsável e atuante na sociedade. De acordo com Regina Machado (2004) a arte de contar histórias também "possibilita um contato com constelações de imagens que revela para quem escuta a infinita variedade de imagens internas que temos dentro de nós como configurações de experiência" (p.27). Isto quer dizer que uma história será sentida de diferentes formas por diferentes ouvintes, porque cada um tem uma "configuração de experiência" que é única. Assim, cabe ao professor contar a história e deixar fluir a imaginação e as sensações entre as crianças, sem objetivar um efeito ou uma compreensão pré-definida. A contação de histórias, portanto, deve possibilitar a criatividade das crianças e a sua valorização: ao ouvir histórias as crianças criam cenários, personagens e situações que contribuem, muitas vezes para a sua reelaboração pessoal de situações de sua vivência real (ABRAMOVICH,1991), pois como destaca Araújo (2009) "nos momentos de contação, um elo é estabelecido entre criança e história: há envolvimento emocional, algumas vezes, por meio da identificação com os personagens e, muitas vezes, da projeção da criança dentro da narrativa" (p.14). Mas para que este mundo de possibilidades esteja disponível às crianças, o professor deverá reconhecer as potencialidades da contação de histórias e a necessidade de formação para desenvolver as habilidades necessárias para a utilização deste importante procedimento em sala de aulas. Pois não basta retirar um livro da estante e ler. É preciso conhecer a história, contar sem ler, empregar diferentes vozes e diferentes entonações, movimentar-se, utilizar elementos de sonoplastia ou de adereços, investir nas pausas necessárias e tantos outros preparos que contribuirão para a contação e a sedução do público. Para Machado (2004) um bom contador de histórias precisa ter "presença" e esta presença será composta por intenção, ritmo e técnica. É imprescindível que "antes de querer saber como contar, é preciso compreender que as técnicas resultam de um processo de elaboração da presença, que começa com a pergunta: por que contar?" (p.69). Neste sentido, reconhecendo a importância desta formação, os integrantes do Subprojeto PIBID Pedagogia da UFAL/Campus Arapiraca participaram de dois momentos de contação de histórias, com os contadores Linete Martins (espetáculo Encantado das Águas) e Toni Edson (espetáculo Bichos, Cantos e Encantos) em programação do evento Aldeia SESC Arapiraca, na biblioteca do SESC Arapiraca. A artista Linete Martins narrou histórias que aconteceram às margens do Rio do São Francisco, e com um intuito de conscientizar a todos sobre a importância desse grandioso rio, ela cantou e encantou. O artista Toni Edson, por sua vez, narrou contos da tradição oral africana. O público foi formado por crianças de escolas públicas e seus professores, além dos integrantes do PIBID Pedagogia. A partir dos relatos dos pibidianos registrados em seus diários de bordo pode-se perceber os aspectos que mais chamaram a atenção: (1) "Foram tantas histórias lindas contadas de maneira tão dinâmica que até as crianças ficavam bastante concentradas. Mas além de narrar essas histórias ela [Linete] também trouxe uma mensagem de conscientização sobre o rio que está se acabando, se for comparar como ele era há dez anos já se pode notar uma enorme diferença. E ela terminou sua apresentação falando que do Rio São Francisco todos nós precisamos cuidar"; (2) "O contador de histórias [Toni] inicia a história sobre animais da floresta, ele utiliza um lenço para simbolizar o animal protagonista, as crianças prestavam bastante atenção"; (3) "As histórias contadas por Toni Edson tinham uma relação com o lúdico, cada história tinha um animal e esse animal era representado por um lenço de cores diferentes. Ao final da apresentação as crianças sabiam exatamente que animal cada lenço representava"; (4) "A forma expressiva de Linete, juntamente com o contexto no qual foi narrado a história, deixou no ar uma reflexão e tanto sobre a degradação do meio ambiente e por consequência, a extinção do rio São Francisco. Esse aprendizado será levado para o resto da vida... fez com que nos sentíssemos crianças novamente"; (5) "Os recursos utilizados, a vestimenta, o tom de voz tudo isso faz parte da atividade de contação de histórias, cada item se complementa e contribui para o lúdico, estimula a imaginação e a leitura"; (6) "Ao final da apresentação o contador contou uma história que envolviam todos os animais citados nas histórias anteriores e as crianças lembraram de cada animal representado." Observa-se que os relatos destacam no primeiro espetáculo a mensagem de preservação do rio São Francisco e no segundo espetáculo a utilização de lenços que representavam os animais das histórias contadas. Estes elementos demonstraram que a preparação do contador de histórias é primordial. Ao definir como tema a preservação do rio São Francisco a artista fez uma escolha consciente de cada história a ser contada, histórias que envolviam a sua infância e que poderia ser comum à outras pessoas da plateia. Ao mesmo tempo em que o artista que empregou pequenos lenços em sua apresentação planejou empregar adereços que chamassem a atenção do público e o investimento de sua imaginação ao reconhecer que o lenço amarelo representava a girafa e o lenço estampado representava o macaco. A autora Edvânia Rodrigues (2005) enfatiza a importância desta preparação prévia e afirma que durante a contação "tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor" (p.4). Esta reelaboração pessoal ao mesmo tempo em que amplia os conhecimentos das crianças (e dos adultos) resgata emoções. Por isto é importante que durante a sua formação inicial, os futuros pedagogos possam participar de formações que os instrumentalizem para a contação de histórias, de forma que todas as possibilidades deste rico momento de desenvolvimento afetivo e de aprendizagem possa ser explorado ao máximo. Palavras-chave: anos iniciais, formação de professores, literatura infantil, interação professor e aluno. Referências ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices.2.ed. São Paulo: Editora Scipione, 1991. ARAÚJO, Ana Nery Barbosa de. A narrativa oral literária na educação infantil: quem conta um conto aumenta um ponto. Tese de Doutorado Universidade Federal de Pernambuco. Centro de Educação, Recife, 2009. 201 f. MACHADO, Regina. Acordais: fundamentos teóricos-poéticos da arte de contar histórias. São Paulo: DCL, 2004. RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Cultura, arte e contação de histórias. Goiânia: Gwaya, 2005.