O presente trabalho visa discutir a avaliação de aprendizagem como uma atividade de ensino. O conceito de atividade é entendido aqui com base na perspectiva leontieviena (LEONTIEV, A. N., 2010), (LEONTIEV, A. N.; VIGOSTSKY, L. S.; LURIA, A. R., 2006) e entendemos que a formação inicial de professores de matemática tem como objetivo uma perspectiva não alienante na qual os sujeitos em formação possam se apropriar do conhecimento historicamente construído e discutir e pensar acerca de seus futuros objetos de trabalho. O conceito de trabalho não é entendido aqui como uma preparação para o mercado, mas como uma atividade humana, adequada a um fim, a qual promove a geração de conhecimentos, considerando-se que é por meio do trabalho que conhecemos e construímos conhecimento. No caso da formação de professores, entendemos o trabalho do professor como uma atividade humana, que tem por objetivo a formação de sujeitos que possam se apropriar da cultura historicamente acumulada, ao mesmo tempo em que constroem conhecimentos sobre si mesmos. Ou seja, ao ensinar matemática, o professor tem a oportunidade de teorizar sobre os conteúdos que ministra e de gerar novos conhecimentos relacionados ao ensinar e ao aprender. Desde o ano de 2013, estamos trabalhando na formação inicial de professores de matemática, com a avaliação seguindo a dinâmica indivíduo-grupo-classe-narrativas. Ou seja, os alunos resolvem as avaliações individualmente, depois em pequenos grupos, em seguida com toda a classe e finalizaram com a postagem de uma narrativa individual no Google Grupos. Com a escrita da narrativa tentamos romper com práticas de formação de professores de matemática que priorizam a linguagem técnica e que destacam a oralidade como única forma de comunicação. As narrativas indicam os sentidos individuais que cada licenciando dá ao que está estudando. Indica-nos o que poderemos mudar durante o desenvolvimento das aulas. As narrativas são disponibilizadas do Google Grupo para todos os participantes, uma vez que pretendemos que os licenciandos explicitem os significados que dão aos conceitos e aos conteúdos ministrados. As narrativas e o ambiente virtual se configuraram como bons instrumentos para se construir o que estamos denominando de sentidos e de significados. Podemos inferir que as narrativas servem como uma orientação para a condução de nossa prática docente. Nas narrativas é possível perceber o destaque de situações, a supressão de episódios, as influências da trajetória de vida, a negação, a lembrança e esquecimento de etapas (CUNHA, 1997, p. 186), e esses fatos são usados por nós com fins pedagógicos. As narrativas nos indicavam se a mensagem que pretendemos dar aos licenciandos tem sido compreendida. Durante todo o processo de avaliação, permitimos que os licenciandos tragam todos os materiais que desejem. Dessa forma, as avaliações se configuraram como um processo de análise e síntese do processo de ensino e aprendizagem. Entendemos assim, que a avaliação é parte integrante tanto da atividade de ensino do professor quanto da atividade de aprendizagem do aluno. De acordo com Moura et al. (2010, p.23), é na busca da organização do ensino, na unidade entre a teoria e a prática que se constituem a atividade do professor, a atividade de ensino. "Essa atividade se constituirá como práxis pedagógica se permitir a transformação da realidade escolar por meio da transformação dos sujeitos, professores e alunos" (MOURA et al., 2010, p. 213). No caso da formação de professores, a Atividade de Ensino do professor formador de professores deve, além de levar os licenciandos a ter um motivo especial para estudar e aprender teoricamente sobre a realidade estudada, deve também criar motivos para estudar e compreender a sua inserção no trabalho docente. Assim a Atividade de Ensino do professor formador está diretamente ligada à atividade educativa do futuro professor. Ou seja, as avaliações realizadas se configuraram como uma Atividade de Ensino, uma vez que, ao elaborar tais atividades, levamos em conta a definição dos procedimentos de como desenvolver o conhecimento teórico e a proposição de discussões de como trabalhar com o conhecimento teórico na futura prática docente do licenciando. Referências CUNHA, M. I. Conta-me agora! as narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no pesquisa. Revista da Faculdade de Eduação, São Paulo, v. 23, n. 1-2, p. 185-195, jan./dez. 1997. LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo. São Paulo: Moraes, 2010. LEONTIEV, A. N.; VIGOSTSKY, L. S.; LURIA, A. R. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 10. ed. São Paulo: Ícone, 2006. MOURA, M. O. et al. Atividades Orientadoras de Ensino: unidade entre ensino e aprendizagem. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 10, n. 29, p. 205-229, 2010.