QUANDO E COMO O PROFESSOR ENSINA E O ALUNO APRENDE: o que dizem os concludentes do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Acre Francisco Sidomar Oliveira da Silva, sydomar_czs@hotmail.com, Universidade Federal do Acre Elder Gomes da Silva, elder_trp@hotmail.com, Universidade Federal do Acre Itamar Miranda da Silva, itamar.byanka2330@gmail.com, Universidade Federal do Acre Pelegrino Verçosa, peleacre@yahoo.com.br, Universidade Federal do Acre Aline Andréia Nicolli, aanicolli@gmail.com, Universidade Federal do Acre Formação inicial e continuada de professores Resumo Este texto é resultado de uma pesquisa que buscou identificar as visões de estudantes concludentes do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas sobre quando e como o professor ensina e o aluno aprende. A relevância do estudo se deve ao fato de possibilitar a reflexão acerca da forma como futuros docentes percebem os processos de ensino e de aprendizagem que desenvolverão ao longo de sua trajetória profissional. Sendo assim, cabe esclarecer que a análise da história e do desenvolvimento da educação nos permite perceber que ambos os conceitos evoluíram ao longo dos tempos de forma a incorporar a si reflexões repletas de complexidade. Em decorrência disso, atualmente, secundarizamos, por exemplo, na educação, os processos de ensino e aprendizagem isentos de carga social/cultural, em prol daqueles que nos levam ao desenvolvimento de práticas mais comprometidas com a formação do sujeito numa perspectiva libertária, libertadora e emancipatória. Nessa perspectiva temos na educação emancipatória e libertadora de Paulo Freire (1997) uma possibilidade contrária às ideologias que priorizam a formação de sujeitos produtivos para o mercado de trabalho. Assim, Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos. Por que não aproveitar a experiência que os alunos têm de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde... Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? (FREIRE, 1997, p.33). Em termos metodológicos a presente pesquisa teve abordagem qualitativa, pois se propôs a conhecer as visões dos futuros professores de ciências/biologia. Destaca-se, então, que as pesquisas qualitativas respondem a questões muito particulares. Ela trabalha com o universo de significados, motivos crenças e aspirações, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à paralizações de variáveis. (MINAYO, 1996, p. 21-22). Os dados foram coletados junto a 47 estudantes concluintes do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Acre que responderam um instrumento impresso que apresentava as seguintes questões: 1. Imagine estar abordando o conteúdo de sistema respiratório numa turma de alunos do segundo ano do ensino médio. Quando e como, na sua opinião, o professor ensina? 2. Imagine, agora, que você está abordando o conteúdo de sistema respiratório na mesma turma de alunos do segundo ano do ensino médio. Quando e como, na sua opinião, o aluno aprende? Como resultado, da análise dos dados coletados, para a questão 1, percebemos ênfase na ideia de que o ensino está diretamente relacionado às atividades práticas que o professor desenvolve. De alguma forma, para esses sujeitos, o professor ensina os conteúdos quando utiliza aulas práticas, o que nos remete à questão do ensino de ciências/biologia com ênfase nas atividades práticas de laboratório. A ênfase as atividades práticas, experimentais e ao uso do laboratório exige que lembremos que, O experimento, por si só não garante a aprendizagem, pois não é suficiente para modificar a forma de pensar dos alunos, o que exige acompanhamento constante do professor, que devem pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados e propor se necessário, uma nova situação de desafio (BIZZO, 2002, p. 75). A abordagem de um determinado conteúdo de forma prática, no laboratório, facilita os processos de ensino e de aprendizagem desde que seja contextualizada e atenda objetivos claros. Do contrário, apenas ratificará a reprodução/repetição. Assim, A realização de experimentos representa uma excelente ferramenta para que o aluno concretize o conteúdo e possa estabelecer relação entre a teoria e a prática. Nesse sentido, a atividade experimental que se pretende precisa ser desenvolvida sob a orientação do professor, a partir de questões investigativas que tenham consonância com aspectos da vida dos alunos e que se constituam em problemas reais e desafiadores, realizando-se a verdadeira práxis, com o objetivo de ir além da observação direta das evidências e da manipulação dos materiais de laboratório. A atividade experimental deve oferecer condições para que os alunos possam levantar e testar suas ideias e suposições sobre os fenômenos científicos que ocorrem no seu entorno (SOUZA, 2013, p.13). As análises das respostas atribuídas à questão 2, sobre quando e como o aluno aprende, permite inferir que os sujeitos de pesquisa deslocaram o foco da questão de "como e quando o aluno aprende" para "o que o aluno aprende", evidenciando-se assim, na maioria das respostas, a expressão "o conteúdo". Ou seja, o aluno aprende "um conteúdo". Fora possível, também, perceber uma contradição nas respostas se considerarmos que na questão 1, quando e como o professor ensina, os sujeitos indicam que o professor ensina quando faz uso de aulas práticas/experimentais, em laboratório, e, depois, na segunda questão, dizem que o aluno aprende o conteúdo, em sala de aula. Ante o exposto, a contradição identificada, nas respostas atribuídas às questões 1 e 2, merece ser objeto de reflexão, pois pode influenciar o planejamento das aulas desses sujeitos, delineando processos de ensino e