Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

FILME DE ANIMAÇÃO COMO INSTRUMENTO PARA A REALIZAÇÃO DE ANALOGIAS NO ENSINO DE BIOLOGIA

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Propõe estrutura curricular que busca relacionar diretamente conteúdos básicos às disciplinas de cunho técnico, visando superar a fragmentação do conhecimento, concordando com Japiassu (2016, p. 3) ao afirmar que "o grande desafio lançado ao Pensamento e à Educação [...] é a contradição entre, de um lado, os problemas cada vez mais globais, interdependentes e planetários, do outro, a persistência de um modo de conhecimento ainda privilegiando os saberes fragmentados". De acordo com esses pressupostos, foi proposta uma sequência de ensino integrando os componentes curriculares Biologia e Biologia Celular, para o estudo dos elementos figurados do sangue. O estudo desse tema no nível médio de ensino priorizando-se aulas expositivas, sendo o professor o detentor do conhecimento, pode gerar ambiguidades na compreensão por parte dos aprendizes. Tal fato relaciona-se à necessidade do estudante em apreender conceitos relevantes, exigindo domínio de termos específicos para que os processos biológicos sejam compreendidos e isso gera dificuldades. Como estratégia metodológica na busca de minimizar tal situação, foram utilizadas as analogias, considerando-se seus limites e possibilidades, na busca pela contextualização dos saberes. De acordo com Hoffmann e Scheid (2007), metáforas e analogias são amplamente empregadas no ensino, de maneira geral e, mais especificamente, no ensino de Biologia. No entanto, é importante ressaltar que "o uso não planejado desses recursos didáticos pode causar confusões e favorecer o surgimento ou a manutenção de concepções alternativas inadequadas nos alunos" (HOFFMANN; SCHEID, 2007, p. 22). O presente trabalho tem como objetivo relatar uma atividade realizada a partir de uma sequência de ensino para o estudo dos elementos figurados do sangue. A atividade foi desenvolvida com 31 (trinta e um) alunos e alunas da 1ª série do curso supracitado. O ponto inicial da atividade foi a solicitação prévia aos alunos para que levassem à sala de aula resultados de hemogramas. Ao iniciar a aula, foram estimulados a interpretarem as informações contidas nos resultados dos hemogramas, tendo sido um momento de desconforto para os discentes, já que não conheciam os termos expostos, que foram escritos no quadro-negro a fim de que os estudantes pudessem se familiarizar com os mesmos. Foram exibidas cenas do filme "Osmose Jones" (2001), no qual o corpo humano é retratado como uma cidade onde trava-se uma luta entre células de defesa e um vírus. Após a exibição de cada cena, imagens impressas dos elementos figurados do sangue com legendas foram fixadas ao quadro, acompanhadas de esclarecimentos relativos a cada uma delas. A partir de então, os termos foram deixando de ser tão estranhos aos aprendizes, que demonstraram empolgação ao perceberem a relação entre o hemograma e o filme. Conforme Amorim (1997), vivemos em uma época em que os conhecimentos crescem de uma maneira exponencial, tornando-se praticamente impossível para uma pessoa apropriar-se de toda a informação disponível. Nesse contexto, a associação da animação aos termos técnicos presentes no hemograma possibilitou maior aproximação dos estudantes com o conhecimento científico. No entanto, faz-se necessário que haja esclarecimentos aos estudantes, considerando-se, conforme salienta Lopes (1997), que o uso indiscriminado de analogias e metáforas como meio de aproximação entre as concepções científicas e cotidianas pode mascarar as diferenças entre ciência e senso comum. Por outro lado, conforme Hoffmann e Scheid (2007), embora alguns autores defendam que a solução é não usar analogias, esse fato se mostra irreal, uma vez que professores e autores de livros didáticos, assim como todos os seres humanos, são predispostos a pensar analogicamente. Na aula seguinte, a turma foi orientada a formar cinco grupos, tendo cada um recebido uma situação problema cuja elaboração envolveu os personagens do filme e alguns resultados de hemogramas, organizados conforme a situação apresentada a cada grupo. Os estudantes foram então estimulados a promoverem debates entre os integrantes de cada grupo, a fim de chegarem a possíveis soluções para cada uma das diferentes situações propostas.Os estudantes puderam utilizar-se dos conhecimentos construídos ao longo da sequência de ensino para a resolução de problemas, considerando-se que, conforme Giordan e Vecchi (1996, p. 11), "conhecer não é apenas reter temporariamente uma multidão de noções anedóticas ou enciclopédicas [...]. Saber significa, primeiro, ser capaz de utilizar o que se aprendeu, mobilizá-lo para resolver um problema ou aclarar uma situação". Ao final do tempo pré-estabelecido, houve a socialização das conclusões de cada grupo, objetivando-se identificar possíveis problemas de saúde relacionados ao excesso ou deficiência de algum dos elementos do sangue. Cada estudante recebeu então uma ficha de avaliação das atividades desenvolvidas. Por meio da análise dos resultados obtidos, foi possível perceber a grande aceitação da sequência de ensino. Convém ainda salientar que todos os respondentes gostariam que fossem realizadas mais atividades como essa. Tais resultados indicam que, nesse caso em particular, a utilização da analogia para o ensino dos elementos figurados do sangue, mostrou-se bastante eficaz. As atividades desenvolvidas demandaram a mobilização de diversas habilidades dos estudantes, explorando-se recursos audiovisuais, além de envolverem a utilização de analogias ao comparar corpo a uma cidade, culminando com a contextualização por meio da análise dos hemogramas. Isso vai ao encontro das atuais tendências no ensino de ciências, sinalizando possibilidades de maior envolvimento do aprendiz com a construção de seus próprios saberes e o estímulo à resolução de situações problema. Como perspectivas futuras, espera-se essas atividades possam contribuir para a atuação do futuro profissional em Biotecnologia em suas práticas laboratoriais de identificação dos elementos figurados do sangue, bem como na prática pedagógica de professores de biologia, tendo como propósito a execução de uma metodologia diferenciada que o leve a refletir sobre sua prática e que conduz benefícios no processo de aprendizagem dos estudantes. Palavras-chave: Analogia, contextualização, ensino integrado, ensino de biologia Referências AMORIM, A. C. R. O ensino de Biologia e as relações entre Ciência/Tecnologia/Sociedade: O que dizem os professores e o Currículo do ensino médio? In: VI Encontro Perspectiva do Ensino de Biologia. São Paulo: Faculdade de Educação da USP, 1997. p. 74-77. GIORDAN, A.; VECCHI, G. de. As origens do saber: das concepções dos aprendentes aos conceitos científicos. 2 Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. HOFFMANN, M. B; SCHEID, N. M. J. Analogias como ferramenta didática no ensino de biologia. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, v.09, n.01, p.21-37, 2007. JAPIASSU, H. O sonho transdisciplinar. Revista Desafios. v.3, n.1, p. 3-9, 2016. LOPES, A. R. C. Conhecimento escolar em química - processo de mediação didática da ciência. Química Nova, v. 20, n 5, p. 563-568, 1997. PPC. Projeto Pedagógico do Curso Técnico em Biotecnologia Integrado ao Ensino Médio. Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí. Urutaí, GO, 2014. 61 p."
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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

Relata-se aqui uma experiência docente vivenciada numa turma do Curso Técnico em Biotecnologia Integrado ao Ensino Médio de uma Instituição Federal. O curso tem como uma das justificativas de implantação a grande expansão da área biotecnológica no país. Conforme seu Projeto Pedagógico (PPC, 2014, p. 8), "a implantação do curso constitui estratégia de estímulo à incorporação de profissionais em Biotecnologia pelo setor produtivo, buscando subsidiar e ampliar vínculos com o mercado de trabalho emergente e carente de profissional qualificado". Propõe estrutura curricular que busca relacionar diretamente conteúdos básicos às disciplinas de cunho técnico, visando superar a fragmentação do conhecimento, concordando com Japiassu (2016, p. 3) ao afirmar que "o grande desafio lançado ao Pensamento e à Educação [...] é a contradição entre, de um lado, os problemas cada vez mais globais, interdependentes e planetários, do outro, a persistência de um modo de conhecimento ainda privilegiando os saberes fragmentados". De acordo com esses pressupostos, foi proposta uma sequência de ensino integrando os componentes curriculares Biologia e Biologia Celular, para o estudo dos elementos figurados do sangue. O estudo desse tema no nível médio de ensino priorizando-se aulas expositivas, sendo o professor o detentor do conhecimento, pode gerar ambiguidades na compreensão por parte dos aprendizes. Tal fato relaciona-se à necessidade do estudante em apreender conceitos relevantes, exigindo domínio de termos específicos para que os processos biológicos sejam compreendidos e isso gera dificuldades. Como estratégia metodológica na busca de minimizar tal situação, foram utilizadas as analogias, considerando-se seus limites e possibilidades, na busca pela contextualização dos saberes. De acordo com Hoffmann e Scheid (2007), metáforas e analogias são amplamente empregadas no ensino, de maneira geral e, mais especificamente, no ensino de Biologia. No entanto, é importante ressaltar que "o uso não planejado desses recursos didáticos pode causar confusões e favorecer o surgimento ou a manutenção de concepções alternativas inadequadas nos alunos" (HOFFMANN; SCHEID, 2007, p. 22). O presente trabalho tem como objetivo relatar uma atividade realizada a partir de uma sequência de ensino para o estudo dos elementos figurados do sangue. A atividade foi desenvolvida com 31 (trinta e um) alunos e alunas da 1ª série do curso supracitado. O ponto inicial da atividade foi a solicitação prévia aos alunos para que levassem à sala de aula resultados de hemogramas. Ao iniciar a aula, foram estimulados a interpretarem as informações contidas nos resultados dos hemogramas, tendo sido um momento de desconforto para os discentes, já que não conheciam os termos expostos, que foram escritos no quadro-negro a fim de que os estudantes pudessem se familiarizar com os mesmos. Foram exibidas cenas do filme "Osmose Jones" (2001), no qual o corpo humano é retratado como uma cidade onde trava-se uma luta entre células de defesa e um vírus. Após a exibição de cada cena, imagens impressas dos elementos figurados do sangue com legendas foram fixadas ao quadro, acompanhadas de esclarecimentos relativos a cada uma delas. A partir de então, os termos foram deixando de ser tão estranhos aos aprendizes, que demonstraram empolgação ao perceberem a relação entre o hemograma e o filme. Conforme Amorim (1997), vivemos em uma época em que os conhecimentos crescem de uma maneira exponencial, tornando-se praticamente impossível para uma pessoa apropriar-se de toda a informação disponível. Nesse contexto, a associação da animação aos termos técnicos presentes no hemograma possibilitou maior aproximação dos estudantes com o conhecimento científico. No entanto, faz-se necessário que haja esclarecimentos aos estudantes, considerando-se, conforme salienta Lopes (1997), que o uso indiscriminado de analogias e metáforas como meio de aproximação entre as concepções científicas e cotidianas pode mascarar as diferenças entre ciência e senso comum. Por outro lado, conforme Hoffmann e Scheid (2007), embora alguns autores defendam que a solução é não usar analogias, esse fato se mostra irreal, uma vez que professores e autores de livros didáticos, assim como todos os seres humanos, são predispostos a pensar analogicamente. Na aula seguinte, a turma foi orientada a formar cinco grupos, tendo cada um recebido uma situação problema cuja elaboração envolveu os personagens do filme e alguns resultados de hemogramas, organizados conforme a situação apresentada a cada grupo. 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