A crítica ao modelo de escola tradicional tem sido fruto de debates nos últimos anos. Contudo, as práticas de modelos pedagógicos como alternativa àquela, ainda estão distantes da realidade do alunado, sobretudo na Escola Pública. A educação formal não deve ser reduzida a reprodução de um conhecimento abstrato fora da realidade em que o estudante e a comunidade se inserem. A teoria e prática pedagógica se confrontam como opostos, e a ciência geográfica também perpassa por essa dualidade na Geografia: humana versus física. Partindo desse pressuposto, os instrumentos didáticos auxiliam na busca pela apreensão do objeto geográfico em sua totalidade, tendo como horizonte a disputa da subjetividade e a materialidade desta em sua práxis social. O livro didático representa uma lacuna ao abordar as questões relativas ao do espaço geográfico em suas diferentes escalas de análise. E, de uma forma desconexa, passa da escala local à 'transcendência' da escala mundial; desconsiderando as diferentes relações que se conformam no espaço. Diante desse desafio, o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) busca tem como funcionalidade estreitar os laços entre dos graduandos em licenciatura à escola-comunidade, superando os limites e estimulando a vivência no ambiente escolar. Assim, o desenvolvimento no ensino da geografia na Escola Estadual Ana Cristina Prazeres Mata Pires tem como enfoque o desenvolvimento de mecanismo didático associado às relações sociais que envolvem a comunidade escolar e externa. Nesse sentido, o presente estudo e sua aplicabilidade se concretizam por meio da criação de Estação Climatológica, a implantação da Rádio Geografia e a Mapoteca. A Rádio Geografia tem como finalidade propiciar um ambiente lúdico e dinâmico no que tange ao desenvolvimento da potencialidade do aluno em sua criticidade, no despertar de sua consciência de classe, englobando o estudo da geografia e multidisciplinaridade temáticas que abarcam o cotidiano. Os temas são propostos pelos alunos para discussão na rádio, contribuindo como estímulo à sua a autonomia através da construção de projetos e as atividades desenvolvidas pelos grupos de pesquisa de Geografia na escola (alunos, bolsistas pibidianos e supervisor). Essa rádio funcionará, a priori, sob a orientação do supervisor e pibidianos, contando com a participação estudantil na realização das atividades que a envolvem. Mas o objetivo é que, após o término do prazo de dezoito meses do PIBID, os alunos da escola tenham a autonomia necessária para gerenciamento da rádio. A programação da rádio será pensada para vinte minutos que é o tempo do intervalo, às quintas-feiras. Será composta por anúncios, músicas e informativos relacionados aos temas que contemplem o ambiente sociocultural dos alunos e comunidade. Após a etapa de inclusão do bolsista na escola e durante as primeiras visitas que foram feitas a mesma, foi possível diagnosticar um desuso acentuado no acervo de mapas que a escola possui. Dessa maneira, juntamente com o supervisor do grupo, pensamos na construção de uma mapoteca. Na realidade a ideia parte de dois escopos primordiais, sendo eles; primeiramente a construção da mapoteca enquanto um espaço físico que estaria localizado na biblioteca e ficaria aberto para os alunos e professores fazerem observações dos mapas em questão. Em seguida, haveria a catalogação de mapas por temas específicos de conteúdo e, uma vez esses mapas organizados, serviriam como ferramenta didática, tanto para a disciplina de geografia, tanto para outras disciplinas, com temas diversos e que possibilitem o uso dos mapas. Para a realização desse projeto, foram escolhidos alguns voluntários (alunos do 9°, 2° e 3° ano) que estarão auxiliando durante a construção da mapoteca. Foi feito um cronograma de atividades semanais a serem seguidas durante a vigência do projeto, com destaque para algumas dessas atividades, por exemplo: restauração dos mapas em estado de degradação; análise do espaço de exposição; organização e limpeza do espaço de exposição; e exposição dos mapas na biblioteca. Por último, a estação meteorológica fixa vem como instrumento complementar a fim de instituir uma análise rítmica e compreender a atuação do clima em diferentes escalas, sobretudo com foco na escala local. A apreensão do clima nessa escala aproxima à realidade do alunado objetiva a interpretação dos dados quantitativos e qualitativa numa relação dialética atravessada com a produção desigual do espaço na cidade de Salvador. Na perspectiva do gerenciamento da estação meteorológica, a criação do grupo de pesquisa sobre clima tem como horizonte a autonomia do alunado nesta leitura de forma crítica, rompendo com a Climatologia Tradicional de base newtoniana, apreendida no Ensino Médio. O projeto da estação meteorológica se materializa na união dos estudantes, junto aos pibidianos e supervisor, de forma a aproximar o contato do alunado com os instrumentos que nos auxiliarão na sistematização dos dados. Apesar da não exatidão matemática, servirá como instrumento didático e de apoio comunitário - a qual sofre alagamentos e focos de dengue, em períodos de intensas chuvas -, na medida em que este conhecimento será reproduzido na Rádio Geografia, como forma de transparência à escola e à comunidade em seu entorno. Portanto, o conhecimento produzido busca superar a abstração, pela articulação entre a realidade da escola que também é a dos estudantes e da comunidade, atuando como "solução" que poderá germinar a semente da práxis social, na medida em que estimula a consciência de classe. Palavras-chave: Material didático; Ensino da Geografia; Práxis Social.