Este artigo foi elaborado a partir do resultado de uma intervenção artística realizada em três lugares na cidade de Boa Vista-RR, sendo dois em locais públicos (Universidade Federal de Roraima e Praça Fabio Marques Paracat), e outro em espaço privado (Pátio Roraima Shopping). A obra denominada de “Unidade da Diversidade”, realizada no âmbito da disciplina de Seminários Temáticos em Artes Visuais I, da Universidade Federal de Roraima e que fez parte da II Mostra de Arte Contemporânea, teve como objetivo trazer à reflexão sobre o preconceito que alguns grupos sociais sofrem. Para tratar esse tema, durante a intervenção, houve a incorporação de novos elementos/objetos utilizados entre as diversas culturas, principalmente a indígena, visto que, em Boa Vista, parte da população faz parte deste contexto social e, devido ao uso de objetos de não índios, como um celular, por exemplo, surgem questionamentos quanto a pertencer ou não a esta cultura. A obra final consistiu em quatro pessoas feitas em esculturas de papel em tamanho real. Cada uma delas representava alguma cultura (nordestina, gaúcha, indígena e afro) e utilizavam acessórios umas das outras. Como exemplo, um afro tinha um chimarrão ou um nordestino estava com adereços indígenas. Todos tinham um objeto em comum, um celular, e em torno disso, trazemos a discussão sobre a diversidade cultural, refletindo que por mais que utilizemos acessórios que fazem parte de outras culturas, não significa que deixemos de pertencer à nossa. Para tanto, utilizamos uma abordagem metodológica qualitativa, onde foram empregadas pesquisas bibliográficas em teses, dissertações, livros, artigos e recortes de jornais de notícias locais, sendo utilizado enquanto referencial teórico Stuart Hall (2006) que aborda sobre identidade cultural na sociedade moderna, Fleuri (2003) com os estudos interculturais voltados para a educação, Braz (2003) trazendo a sua vivência intercultural enquanto índio Macuxi e; Silva (2016), que traz uma explanação quanto a uma pesquisa realizada no estado de Roraima. Para o referencial artístico, trazemos William Kurtz que faz do jornal reciclado seu aliado no momento da criação, transformando pessoas comuns em obras de arte com pedaços de papeis, jornais, arames, madeiras e fitas, o que nos auxiliou para criar a obra em questão. Além da exposição nos três lugares citados anteriormente, enquanto resultado, pudemos observar a interação do público tanto com as esculturas quanto com os objetos. As pessoas se identificavam e interagiam de forma a usar os objetos que estavam expostos. Também se notou o debate acerca do tema. Devido a isso, acreditamos na relevância deste trabalho, no que diz respeito ao cotidiano do estado de Roraima, por ter pessoas que moram neste lugar e que vieram de várias regiões. Além disso, também percebemos a importância de fomentar as artes na região, pois o estado ainda é carente de produção artística cultural contemporânea, visto que é um estado relativamente novo, comparado aos demais do país.