A utilização de modelos experimentais de ativação imune são ferramentas indispensáveis para confirmar a hipótese de associação entre a exposição à infecção viral, o aumento do risco de alterações neurodesenvolvimentais e o teste de novos fármacos úteis para o tratamento dos transtornos neuroinflamatórios. Este estudo foi delineado com o intuito de ampliar a compreensão e buscar determinar os possíveis efeitos neuroprotetores dos PUFA-N3 e da clozapina em cultura primária de células neuronais hipocampais submetidas a um estímulo neuroinflamatório induzido pela exposição ao vírus mimético poly I:C. O objetivo deste trabalho foi estudar os possíveis efeitos neuroprotetores do PUFA-N3 e clozapina na neuroinflamação induzida por Poly I:C em cultura primária de células neuronais hipocampais. Os neurônios do hipocampo foram incubados com PUFAs - N3 ou clozapina na presença ou ausência de poly I: C (100 μg / ml, 148,9 μM) durante 72 horas. Para avaliar a melhor concentração dos fármacos de teste, as células foram cultivadas com PUFAs – N3 em várias diluições no meio de cultura: 1: 200 (EPA 3,5 μM, DHA 2,15 μM), 1: 100 (EPA 7,1 μM, DHA 4,3 μM) e 1:50 (EPA 14,2 μM, DHA 8,6 μM) ou com clozapina (1,5 μM e 3 ΜM) na presença ou ausência de poly I: C e submetidos ao teste de viabilidade celular. A viabilidade celular foi avaliada pela medição da redução de MTT, onde o meio foi removido e substituído por 300 μL do reagente MTT (1 mg / mL) durante 3 horas a 37 ° C. Os seguintes parâmetros foram avaliados de acordo com as técnicas em parênteses: NFkBp50 e iNOS (imunofluorescência), NFkBp65 (imunoblot) e fator neurotrófico derivado do cérebro – BDNF (técnica de ELISA). O PUFA-N3 protegeu as células hipocampais primárias de lesões inflamatórias induzidas por poly I: C. Os resultados evidenciara o envolvimento do NFkB na ação neuroinflamatória do poly I: C e sua inibição por PUFAs- N3 ou clozapina. Vale ressaltar a aparente superioridade do PUFAs- N3 comparada à ação protetora da clozapina, uma vez que somente PUFAs-N3 impediu a depleção dos níveis de BDNF induzida por poly I: C. Os resultados encontrados apontaram para o bom perfil de segurança do uso dos PUFAs-N3, até mesmo em períodos embrionários e neonatais, os efeitos da clozapina agregaram inúmeras evidências para a utilização destes fármacos como estratégias para o tratamento das conseqüências neuropatológicas de eventos neuroimunes precoces, tais como infecções virais, prevenindo assim o surgimento de possíveis alterações neuroinflamatórias.