A assistência pré-natal é um componente importante da atenção à saúde da mulher no período gravídico-puerperal, que envolve um conjunto de cuidados, condutas e procedimentos que visa manter a saúde materna e do concepto. Um dos indicadores da qualidade dessa assistência é uma boa cobertura da população alvo. Vale ressaltar que a qualidade dessa assistência também está relacionada ao acesso de qualidade, no que diz respeito ao início do pré-natal, número de consultas realizadas e à realização de procedimentos básicos preconizados pelo Ministério da Saúde. Outro indicador é a identificação, rastreio e tratamento precoce da sífilis na gestação. A sífilis é doença infecciosa causada por uma bactéria, o Treponema pallidum, que é transmitido predominantemente por via sexual. A sífilis congênita é decorrente da disseminação hematogênica, desse agente, da gestante não tratada ou inadequadamente tratada para o seu concepto, por via transplacentária. A transmissão ocorre em qualquer fase da gestação e em qualquer estágio da doença. Diante do exposto, este estudo objetivou avaliar a taxa de notificação de sífilis materna e congênita em Fortaleza, Ceará, no período de 2010 a 2013 de acordo com a base de dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação - SINAN; verificar o número de consultas de pré-natal realizadas e o número de testes de sífilis por gestantes. Trata-se de um estudo transversal com abordagem descritiva. A coleta de dados foi realizada no mês de agosto de 2017 a partir do banco de dados do Tabnet, em que os dados foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN e dos indicadores de saúde. A população do estudo foi composta por todos os casos de sífilis em gestantes e sífilis congênita notificados no SINAN, no período de 2010 a 2013, da cidade de Fortaleza. Após a coleta realizada através do Tabnet, considerando as variáveis investigadas neste estudo, foi possível perceber que houve uma subidentificação dos casos de sífilis em gestantes em relação aos números de casos de sífilis congênita, pois os dados encontrados mostraram que no período de 2010 a 2012, essa relação foi de três vezes mais casos de sífilis congênita em comparação com os casos de sífilis em gestantes, e essa relação ficou ainda mais desproporcional no ano de 2013 quando essa relação obteve uma diferença cinco vezes maior dos casos de sífilis congênita. Além disso, o número de testes de sífilis por gestante não chega a ser um para um, evidenciando que nem todas as gestantes realizam o teste. No período de 2010 a 2013 é evidenciado também que o número de sífilis congênita associado as gestantes que realizaram o pré-natal foi maior quando comparado ao número de gestantes que não realizou. Os dados encontrados revelam que a assistência de enfermagem no pré-natal é de suma importância e que, para além do número mínimo preconizado dessas consultas, deve haver qualidade no acompanhamento dessa gestante. Se os casos de sífilis congênita superam os casos de sífilis materna isso evidencia a não detecção, tratamento inadequado ou subnotificação dessa condição.