De acordo com o pensamento de Jean-Paul Sartre, somos apenas conduzidos pela ontologia até as fronteiras da psicanálise existencial, sendo que onde uma encerra o seu trabalho, a outra inicia o seu. A ontologia nos abandona depois de conceder-nos a determinação dos fins últimos da realidade humana, assim como suas possibilidades e o valor que a infestam. O objetivo desta pesquisa é esclarecer sobre a problemática do espírito de seriedade como possibilidade da má-fé e suas implicações para a ontologia e para a psicanálise, a partir da verificação de como tal conduta se manifesta como oposição à liberdade e à autenticidade. O presente trabalho foi realizado mediante um estudo descritivo-analítico, desenvolvido por intermédio de pesquisa bibliográfica e análise de entrevistas gravadas em documentários sobre Jean-Paul Sartre, procurando concentrar-se na análise fenomenológica da relação entre a má-fé e o espírito de seriedade nos exemplos de tais comportamentos apontados no conjunto de sua obra, com o intento de ampliar e enriquecer o conhecimento a respeito das relações concretas com o outro e mostrar a incapacidade de apreensão da liberdade do outro pela liberdade, assinalando as formas que recorrem à aceitação da má-fé como ameaça da consciência e sua realização em situação na forma de espírito de seriedade. Sartre, ao partir do princípio de que a realidade humana é uma totalidade compreensível, almeja alcançar a compreensão dessa totalidade mediante uma investigação empírica do projeto de ser de cada realidade humana, usando o método regressivo-progressivo ao qual também pode ser chamado de psicanálise existencial.