Esse artigo tem como objetivo mostrar a relação entre trabalho e propriedade em John Locke na sua obra Segundo Tratado Sobre o Governo e assim, dar uma compreensão do pensamento liberal nascente. Locke é um autor do período histórico denominado de Modernidade. Dentre os vários temas trabalhados pelo filosofo, está a questão da liberdade do individuo na comunidade. Segundo ele, antes da formação da sociedade civil, as pessoas vivam em um estado de liberdade e igualdade, sem estarem subordinadas a ninguém e governadas pela lei da razão. Por não ter uma lei conhecida por todos, esse estado de natureza coloca em risco a propriedade, pois nada garante que todas as pessoas seguirão a lei da razão, podendo ser instaurado assim, um estado, a qual o autor denomina como estado de guerra. Para proteção da propriedade, as pessoas organizam-se em sociedade, onde abrem mão da sua liberdade natural para serem governadas por leis conhecidas por todos. Locke ainda fala que o mundo é comum a todos os homens. Isso é confirmado por Deus e pela lei da razão. No princípio, Deus havia ordenado ao homem, que trabalhasse a terra e fizesse com que ela produzisse frutos. Com isso, o homem que somou ao seu trabalho a terra que estava improdutiva, apropriou-se dela e a tornou sua posse. Dessa maneira, podemos entender que segundo a visão liberal nascente naquele período, a propriedade é fruto do trabalho daquele que se esforçou para cumprir o mandamento de Deus confirmado pela lei da razão; a sociedade civil, então, assume o papel de protetora dessa propriedade, direito natural de todas as pessoas.