O presente estudo, ainda em andamento, faz parte de uma pesquisa mais ampla, vinculada ao Grupo de Trabalho Medicalização na Educação (GTMED), que integra o Laboratório de Estudos em Educação do Corpo (LABEC), da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FE/UFRJ), que vem desenvolvendo estudos, com fundamento na obra de Michel Foucault, a respeito do processo de medicalização nos diversos níveis e modalidades de ensino, no município do Rio de Janeiro. A criança indócil, aluno problema, indisciplinado ou incorrigível, ou seja, todos aqueles que não se submetem ao controle educacional foi e ainda é tema de debates calorosos na área da educação e em outras áreas. O que está em jogo afinal? Quais saberes e poderes circularam e ainda circulam nessas relações? Fazendo uso de uma abordagem qualitativa, o trabalho vem sendo desenvolvido por meio do levantamento do Estado da Arte do tema pesquisado. Partindo do entendimento teórico comparando-o com as respostas obtidas nos questionários e entrevistas, pretende-se verificar uma possível aproximação das explanações foucaultianas com a realidade atual da definição de criança-problema nas escolas do município do Rio de Janeiro. Essa formidável medicalização do anormal é, para Foucault, algo que abarca a todos e a tudo: não se refere à saúde, embora possa englobar seu campo, e é, ao mesmo tempo, fisiológica, psicológica, sociológica e até juridicamente desviante.