O processo de construção da identidade não é exclusivamente intrínseco, já que a sua idealização está conectada com os conteúdos de identificação que transitam pela sociedade, inclusive com os estereótipos. Nota-se, então, que por meio da autoestima, ou seja, pela conexão das autopercepções com a atribuição de valor para estas avaliações, que os estudantes sentem-se aptos, competentes e motivados para as tarefas escolares. Portanto, o presente estudo tem por objetivo examinar as possíveis conexões entre a identidade e a autoestima e, também, os impactos destes vínculos para o cotidiano de estudantes afrodescendentes. Deste modo, participaram desta investigação 706 estudantes de escolas da rede estadual de ensino de Curitiba. Entre estes sujeitos, 52,8% se identificam com o sexo feminino e 47,2% com o sexo masculino. Os participantes apresentaram, também, idades entre nove e vinte e um anos (M = 13,39; D. P. = 1,94). Já no que se refere à identidade étnico – racial, 39% destes sujeitos caracterizam-se como afrodescendentes. A participação destes estudantes sucedeu-se por meio do preenchimento de um questionário constituído de perguntas acerca de características sociodemográficas e, também, acerca da autopercepção cognitiva destes sujeitos. Os resultados demonstraram, então, que a idade e identificar-se como preto ou pardo são características que podem estar negativamente conectadas com as autopercepções cognitivas dos alunos e das alunas, o que, do mesmo modo, pode intervir negativamente no desempenho intelectual destes sujeitos que, comumente, são alvos de inúmeros estereótipos quanto às suas performances, inclusive em contextos de ensino e de aprendizagem.