Artigo E-book SENACORPUS / Edição 2018

E-books

ISBN: 978-85-61702-53-3

RELA??O DE G?NERO: IMPACTOS NA REPRESENTA??O SOCIAL DA MULHER

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      Resumo: Pretende-se com a pesquisa investigar se h? possibilidades da mulher na rela??o desigual de g?nero, superar os conflitos e buscar mudan?a atrav?s dos movimentos sociais e empoderamento. Tendo em vista um cen?rio em que prevalece a autoridade masculina no ?mbito da sociedade e as mulheres nesse contexto s?o inferiorizadas em rela??o ao homem, e est?o propensas as vulnerabilidades sociais e viol?ncias, que podem gerar agravos ? sua sa?de. E entre submiss?o, resist?ncia e desafios, a mulher tem unido for?as na supera??o dos conflitos provenientes dessa rela??o, buscando mudan?a social atrav?s dos movimentos sociais pelos seus direitos de cidadania e de representa??es nos espa?os sociais.\r\n
      Palavras-chave: G?nero, Mulher, Viol?ncia, Racismo, Empoderamento.\r\n
      Introdu??o\r\n
      No Brasil a constru??o das desigualdades sociais que se perpetua at? aos dias atuais em rela??o ? popula??o negra ? heran?a de um sistema colonizador onde os negros escravizados sofreram as diversas formas de viol?ncias. ? nesse contexto doloroso que as mulheres negras foram vitimas de um processo abusivo e machista, que al?m de usar a for?a bra?al para os servi?os dom?stico e na lavoura, tamb?m teve que se submeter aos castigos e abusos sexuais impostas pelo homem branco. Alvarenga (2007) afirma que historicamente os homens est?o dotados, desde o nascimento, de uma situa??o de privil?gios em rela??o ?s mulheres, tanto com referencia as mulheres de sua classe social, como as mulheres de outras classes.\r\n
      Trazendo marcas de um processo patriarcal, sexista e racista que a exclui dos direitos humanos. Carneiro (2011) enfatiza que esses processos hist?ricos acentuaram essa propens?o: mulheres negras escravizadas ? merc? de colonizadores. Ao olhar a estrutura organizacional da sociedade brasileira sobre os pilares da diferen?a entre homens e mulheres muito contribui para o aumento da viol?ncia entre os g?neros, tal estrutura, mant?m padr?es e ditames que\r\n
      caracteriza o lugar e posi??o do homem e da mulher hierarquicamente no mundo social. G?nero est? ligado a constru??o social e cultural, como nos comportamos e nos caracterizamos que diferencia homens e mulheres. Conforme Eliana (2006) as diferen?as biol?gicas entre homens e mulheres, assim como os pap?is adequados a eles e a elas, s?o percebidos e interpretados segundo as constru??es de g?nero de cada sociedade. Falar sobre g?nero suscita discuss?o e debates, pois, inclui sujei??o feminina e superioridade masculina na vida social e nessa rela??o de pap?is a mulher ? vista de forma submissa, subalternizada e discriminada pela sociedade, gerando impactos na sa?de e representatividade da mulher. Para Alvarenga (2007) essa representa??o do que ? feminino e masculino s?o socialmente constru?das e buscam justificar artificialmente a opress?o. Essa opress?o ? vista com naturalidade para manter o padr?o de pap?is definidos entre homens e mulheres.\r\n
      Eliana (2006) salienta que g?nero como sistema de desigualdade social, nutre ? se de outros sistemas discriminat?rios como classe, ra?a e etnia. E considerando a etnia, ra?a, classe social e condi??es de vida, as mulheres negras s?o as mais prejudicadas socialmente, reconhecendo que quando se trata de atendimento ? sa?de da mulher negra, h? descaso e diversas mulheres permanecem sem ter acesso ao Sistema ?nico de sa?de (SUS). Sendo que o Estatuto da Igualdade Racial (2010) no Art. 8? visa a promo??o da sa?de integral da popula??o negra, a redu??o das desigualdades no acesso aos servi?os do SUS e o combate ? discrimina??o. A mulher negra ? representada por estere?tipos, conceitos como escrava, dom?stica, lavadeira entre outras, que legitimam o conceito de inferioridade.\r\n
      Isto nos traz uma dupla consci?ncia, uma sensa??o de estar sempre a se olhar com os olhos de outros e com os seus, de medir sua pr?pria alma pela medida de um mundo que continua a mir?-lo com divertido desprezo e piedade. E sempre sentir essa multiplicidade, essa diversidade, essa interseccionalidade de in?meros r?tulos (...) brasileira, nordestina, negra, mulher, de candombl?... V?rios pap?is que competem em um mesmo corpo, m?ltiplos pap?is socialmente subalternizados por sucessivas discrimina??es e nega??o de direitos. (BATISTA; WERNECH; LOPES, 2012, p. 137).\r\n
      A mulher ? vitima de viol?ncias e vive situa??es tensas e complexas, vistas como meros objetos de procria??o e deleite sexual fruto de sentimentos de domina??o e posse, tem visto seus direitos b?sicos negados, no que se refere ? sa?de, a liberdade, a dignidade, ao respeito e a vida. Diversas mulheres sofrem danos f?sicos, moral e psicol?gico constantemente que para\r\n
      Carneiro (2011) produz uma asfixia social com desdobramentos negativos sobre todas as dimens?es da vida da mulher, que se manifestam em seq?elas com danos ? sa?de mental e rebaixamento da autoestima e acarreta a mulher pouca expectativa de vida. Para Werneck (2012) a viol?ncia ? percebida como um ato em excesso no exerc?cio de poder presente nas rela??es sociais, e esse excesso tem a ideia de for?a ou de coer??o e pode produzir dano em outro indiv?duo ou grupo social.\r\n
      A Lei Maria da Penha 11.340/2006 disp?e de mecanismos em defesa da mulher contra todas as formas de discrimina??o, erradicando a viol?ncia contra a mulher, que em seu Art. 2? vai referir-se que toda mulher, independente de classe, ra?a, etnia, cultura, idade e religi?o, s?o asseguradas viver sem viol?ncia e ter a sua sa?de f?sica e mental preservada, por?m, o que temos visto no quadro atual ? a morte exagerada de mulheres, contradit?rio a Lei n? 13.104 /2015 conhecido como feminic?dio que vem como mecanismo positivo em defesa das mulheres que diz respeito ao crime envolvendo homic?dios, viol?ncia dom?stica e familiar, motivado pelo g?nero.\r\n
      O enfrentamento a viol?ncia de g?nero tem trazido cotidianamente para muitas mulheres experi?ncias amargas e cru?is e vivem em situa??es de desesperos sob amea?as e persegui??es. A mulher tem sido v?tima de viol?ncias no contexto de uma sociedade machista, e ?s vezes n?o tem atitude ou informa??es precisas para denunciar o agressor, sendo que, muitas mulheres mesmo ciente de seus direitos a prote??o, temem denunciar e vivem constantemente expostas as viol?ncias: dom?stica, sexual, patrimonial, moral, entre outras gerando ac?mulos de riscos ? sa?de da mulher.\r\n
      Nessa perspectiva a viol?ncia se torna mais agravante quando na rela??o de g?nero envolve ra?a e etnia, que agregada ao racismo permite que as mulheres negras tenham em seus corpos al?m das marcas f?sicas da viol?ncia, ainda, t?m que conviver com os freq?entes ass?dios que para a cultura masculina as mulheres negras s?o as favor?veis ao sexo, sofrem constantemente viol?ncia simb?lica denegrindo seu corpo e sua identidade. Como fala Chau? (1986), essa rela??o hier?rquica de desigualdade tem fins de domina??o, de explora??o e de opress?o que trata a mulher como objeto de uso. Esse olhar preconceituoso e repugnante sobre a mulher ? uma forma de agress?o permeada de tens?es e conflitos sociais.\r\n
      Nesse Contexto, o preconceito e a discrimina??o racial s?o manifestados atrav?s de comportamentos individuais e coletivos de repugna??o, n?o aceita??o e desfavorecimento dos indiv?duos negros, que fazem com que estes experimentem progressivamente um processo de exclus?o social,\r\n
      cultural, moral e identidade. (BATISTA; WERNECH; LOPES, 2012, p. 307).\r\n
      Para uma sociedade na qual sua estrutura se identifica com a cultura do branco, extremamente racista, o racismo ? uma das formas de viol?ncia que mais tem gerado opress?o a popula??o negra, submetidos ? pobreza e mis?ria, condi??es desumanas de vida insubsistente para muitos, tais condi??es traz uma s?rie de mol?stia que ao necessitar do sistema de sa?de o acesso ainda, pode ser dificultado e negado para essa popula??o.\r\n
      Conforme Gomes (2017) esse car?ter violento ? somado ? viol?ncia racista que muitas vezes se esconde atr?s do mito da democracia racial, ou seja, a mistura de ra?as branca e negra que designou a mesti?agem, que sutilmente seria a solu??o da problem?tica racial que para Abdias do Nascimento (1977) resultaria no genoc?dio da popula??o negra, a qual os afrodescentes passariam por um processo de miscigena??o, assimila??o e acultura??o, nesse contexto de desvaloriza??o e discrimina??o o mito da democracia racial seria o come?o da liquida??o da ra?a negra e o branqueamento da popula??o brasileira.\r\n
      Para Batista, Werneck, Lopes (2012), o racismo ? uma ideologia que possui varias facetas, podendo ser apresentado de forma camuflada, expl?cita e sutil, mas sempre com forte estrat?gia causadora de sofrimentos e de destitui??o de direitos e cidadania para os que s?o vitimas dele. Mediante esses retrocessos ? que as mulheres em geral t?m lutado pela visibilidade e representatividade no que diz respeito ? cidadania, ao direito de igualdade na rela??o de g?nero, nos atendimentos a sa?de, maternidade, educa??o, moradia, emprego e a melhores condi??es de vida. Sendo assim, leva-se em quest?o mudan?as com a participa??o ativa dos movimentos sociais em busca de pol?ticas p?blicas pelos direitos das mulheres e de outras categorias na batalha por equidade, igualdade de oportunidade, liberdade e valoriza??o.\r\n
      ? nesse sentido que Alvarenga (2007) considera que o movimento de resist?ncia das mulheres se faz importante, concebendo que a sua luta organizada e aut?noma seja fator primordial para a supera??o das rela??es desiguais de g?nero, tanto no campo individual como no coletivo. Vale ressaltar que no movimento feminista as particularidades da mulher negra n?o eram vis?veis e as quest?es raciais n?o eram colocadas em pauta. As mulheres negras assistiram, em diferentes momentos de sua milit?ncia, ? tem?tica especifica da mulher negra ser secundarizada na suposta universalidade de g?nero. Essa tem?tica da mulher negra invariavelmente era tratada como subitem da quest?o geral da mulher, mesmo em um pais em que as afrodescendentes comp?em aproximadamente metade da popula??o feminina. (...) ? a consci?ncia desse grau de exclus?o que determina o\r\n
      surgimento de organiza??es de mulheres negras de combate ao racismo e ao sexismo (CARNEIRO, 2011, p.121). ? com uma consci?ncia democr?tica que Batista, Werneck e Lopes (2012) citam que os movimentos sociais, particularmente os movimentos negros que sempre denunciaram as iniq?idades raciais e sempre estiveram presentes em todas as confer?ncias municipais, estaduais e nacionais. Esses movimentos de acordo com Gomes (2017) atuam como protagonistas pol?ticos da emancipa??o social e como verdadeiros far?is que brilham em tempos tenebrosos, mostrando o caminho para aqueles que lutam pela emancipa??o social e pela democracia. Segundo Nilma Lino Gomes, s?o as negras e os negros em movimento: artistas, intelectuais, oper?rias e oper?rias, educadoras e educadores, dentre outros, que possuem uma consci?ncia racial afirmativa e lutam contra o racismo e pela democracia. A autora declara a luta, os avan?os e conquistas dos grupos n?o hegem?nicos, ditos subalternizados, contra os grupos hegem?nicos e vem se expressando de forma positiva a atua??o do movimento negro nas suas mais diversas formas de express?o e de organiza??o, com todas as tens?es, desafios e limites, destaca o papel fundamental do movimento negro na constru??o e implementa??o das pol?ticas de promo??o da igualdade racial, que para Batista, Werneck e Lopes (2012) nesse processo de luta por direitos humanos tornam sujeitos empoderados num pa?s multicultural. O movimento de mulheres tem ganhado for?a derrubando fortalezas perpetuadas pela sociedade patriarcal, tem dado seu grito de resist?ncia contra todas as formas de opress?o e se empoderando para ser de fato independente.\r\n
      Nesse caso n?o cabe uma mulher negra que j? atingiu um status social ser representante de todas as mulheres negras de forma que a m?dia constantemente vem refor?ando essa ideologia, pois onde est?o as vozes e hist?rias das mulheres que foram pioneiras que lutaram e lutam at? hoje contra todas as formas de viol?ncias, mulheres que tem conquistado seu espa?o na moda, arte, educa??o, pol?tica e sa?de. Para Angela Davis o empoderamento envolve as lutas de mulheres que historicamente viveram a margem da invisibilidade na luta pelos direitos e liberdade de express?o, conforme Davis (2017), O lema ?Erguemos enquanto subimos? ? um princ?pio adotado a garantia por igualdade a todas as mulheres pobres e trabalhadoras de todas as ra?as e classes que hoje aspiram por condi??es dignas de vida. Erguer e subir convida as mulheres a unir for?as com\r\n
      o intuito de alcan?ar uma sociedade mais justa e ser sujeitos ativos de mudan?as frente ?s desigualdades sociais e nas rela??es de poder imposta pelo racismo, sexismo e machismo. Considera??es finais Considerando o quadro de viol?ncia decorrente da desigualdade entre os g?neros, a viol?ncia dom?stica somada ao racismo ? uma das formas de viol?ncias que mais tem gerado opress?o e agravantes ? sa?de da mulher levando ao feminic?dio. Segundo o Atlas de Viol?ncia de 2017, lan?ado pelo Instituto de Pesquisa Econ?mica Aplicada (IPEA) as mulheres negras s?o as mais violentadas enquanto que a taxa de homic?dios de mulheres n?o negras diminuiu 7,4%, entre 2005 e 2015, o indicador equivalente para as mulheres negras aumentou 22,0%. Gomes ( 2017) destaca que as mulheres negras no Brasil assumiu como tema de den?ncia a viol?ncia que atinge as comunidades quilombolas, a intoler?ncia religiosa, o exterm?nio da juventude negra, o feminic?dio de mulheres negras, al?m da ditadura da beleza eurocentrada. E nesse processo de viol?ncia social em que as mulheres vivenciam, ainda h? muito para se realizar em rela??o ? manuten??o e naturaliza??o das crueldades em que constantemente s?o v?timas, partimos do pressuposto que ? fundamental um olhar sens?vel e humanizado no atendimento a essas mulheres quando forem ? delegacia fazer a denuncia ao agressor, que seja sem constrangimento e sem persuas?o, induzindo-a a permanecer junto ao agressor. ? importante a promo??o de uma vida digna e saud?vel ? mulher e para isso ? valido ? conscientiza??o de educar a sociedade para desconstru??o de ideologias em que a mulher ? vista como propriedade do homem. Atualmente milhares de mulheres, numa tomada de consci?ncia tem conquistado com muito labor seu espa?o, se engajam com afinco mostrando para a sociedade que o lugar da mulher ? onde ela quer estar.\r\n
      Refer?ncias\r\n
      ALVARENGA, Elda. Rela??es de g?nero nos cotidianos escolares: a escolariza??o na manuten??o transforma??o da opress?o sexista. Contagem: Santa Clara, 2007.\r\n
      BATISTA, Eduardo; WERNECK, Jurema; LOPES, Fernanda. Sa?de da popula??o negra. Rio de Janeiro: 2012.\r\n
      CARNEIRO, Sueli. Racismo, Sexismo e desigualdade no Brasil. S?o Paulo: Selo Negro, 2011. BRASIL, Estatuto da igualdade Racial: Lei n? 12.288, de 20 de Julho de 2010. ______, Lei de 11. 340 de 07 de Agosto, 2006.\r\n
      ______, Lei n? 13.104 de 09 de Mar?o, 2015. _______, Instituto de Pesquisa Econ?mica Aplicada. Dispon?vel em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/170602_atlas_da_violencia_2017 acesso em: 20/02/2018.\r\n
      DAVIS, Angela. Mulheres, cultura e pol?tica. Tradu??o Heci Regina Candiani. Paulo: Boitempo, 2017.\r\n
      GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro educador: saberes constru?dos nas lutas por emancipa??o. Rio de Janeiro: Vozes, 2017.\r\n
      NASCIMENTO, Abdias do. O Genoc?dio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.\r\n
      OLIVEIRA, Eliana de. Mulher negra professora e universit?ria: trajet?ria, conflitos e identidade. Bras?lia: Liber livro Editora, 2006.\r\n
      RIBEIRO, Djamila. O que ? empoderamento feminino? Disponivel em: https://www.cartacapital.com.br/revista/971/o-que-e-o-empoderamento-feminino acesso em: 22/02/2018.
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      Palavras-chave: G?nero, Mulher, Viol?ncia, Racismo, Empoderamento.\r\n
      Introdu??o\r\n
      No Brasil a constru??o das desigualdades sociais que se perpetua at? aos dias atuais em rela??o ? popula??o negra ? heran?a de um sistema colonizador onde os negros escravizados sofreram as diversas formas de viol?ncias. ? nesse contexto doloroso que as mulheres negras foram vitimas de um processo abusivo e machista, que al?m de usar a for?a bra?al para os servi?os dom?stico e na lavoura, tamb?m teve que se submeter aos castigos e abusos sexuais impostas pelo homem branco. Alvarenga (2007) afirma que historicamente os homens est?o dotados, desde o nascimento, de uma situa??o de privil?gios em rela??o ?s mulheres, tanto com referencia as mulheres de sua classe social, como as mulheres de outras classes.\r\n
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      caracteriza o lugar e posi??o do homem e da mulher hierarquicamente no mundo social. G?nero est? ligado a constru??o social e cultural, como nos comportamos e nos caracterizamos que diferencia homens e mulheres. Conforme Eliana (2006) as diferen?as biol?gicas entre homens e mulheres, assim como os pap?is adequados a eles e a elas, s?o percebidos e interpretados segundo as constru??es de g?nero de cada sociedade. Falar sobre g?nero suscita discuss?o e debates, pois, inclui sujei??o feminina e superioridade masculina na vida social e nessa rela??o de pap?is a mulher ? vista de forma submissa, subalternizada e discriminada pela sociedade, gerando impactos na sa?de e representatividade da mulher. Para Alvarenga (2007) essa representa??o do que ? feminino e masculino s?o socialmente constru?das e buscam justificar artificialmente a opress?o. Essa opress?o ? vista com naturalidade para manter o padr?o de pap?is definidos entre homens e mulheres.\r\n
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      Para uma sociedade na qual sua estrutura se identifica com a cultura do branco, extremamente racista, o racismo ? uma das formas de viol?ncia que mais tem gerado opress?o a popula??o negra, submetidos ? pobreza e mis?ria, condi??es desumanas de vida insubsistente para muitos, tais condi??es traz uma s?rie de mol?stia que ao necessitar do sistema de sa?de o acesso ainda, pode ser dificultado e negado para essa popula??o.\r\n
      Conforme Gomes (2017) esse car?ter violento ? somado ? viol?ncia racista que muitas vezes se esconde atr?s do mito da democracia racial, ou seja, a mistura de ra?as branca e negra que designou a mesti?agem, que sutilmente seria a solu??o da problem?tica racial que para Abdias do Nascimento (1977) resultaria no genoc?dio da popula??o negra, a qual os afrodescentes passariam por um processo de miscigena??o, assimila??o e acultura??o, nesse contexto de desvaloriza??o e discrimina??o o mito da democracia racial seria o come?o da liquida??o da ra?a negra e o branqueamento da popula??o brasileira.\r\n
      Para Batista, Werneck, Lopes (2012), o racismo ? uma ideologia que possui varias facetas, podendo ser apresentado de forma camuflada, expl?cita e sutil, mas sempre com forte estrat?gia causadora de sofrimentos e de destitui??o de direitos e cidadania para os que s?o vitimas dele. Mediante esses retrocessos ? que as mulheres em geral t?m lutado pela visibilidade e representatividade no que diz respeito ? cidadania, ao direito de igualdade na rela??o de g?nero, nos atendimentos a sa?de, maternidade, educa??o, moradia, emprego e a melhores condi??es de vida. Sendo assim, leva-se em quest?o mudan?as com a participa??o ativa dos movimentos sociais em busca de pol?ticas p?blicas pelos direitos das mulheres e de outras categorias na batalha por equidade, igualdade de oportunidade, liberdade e valoriza??o.\r\n
      ? nesse sentido que Alvarenga (2007) considera que o movimento de resist?ncia das mulheres se faz importante, concebendo que a sua luta organizada e aut?noma seja fator primordial para a supera??o das rela??es desiguais de g?nero, tanto no campo individual como no coletivo. Vale ressaltar que no movimento feminista as particularidades da mulher negra n?o eram vis?veis e as quest?es raciais n?o eram colocadas em pauta. As mulheres negras assistiram, em diferentes momentos de sua milit?ncia, ? tem?tica especifica da mulher negra ser secundarizada na suposta universalidade de g?nero. Essa tem?tica da mulher negra invariavelmente era tratada como subitem da quest?o geral da mulher, mesmo em um pais em que as afrodescendentes comp?em aproximadamente metade da popula??o feminina. (...) ? a consci?ncia desse grau de exclus?o que determina o\r\n
      surgimento de organiza??es de mulheres negras de combate ao racismo e ao sexismo (CARNEIRO, 2011, p.121). ? com uma consci?ncia democr?tica que Batista, Werneck e Lopes (2012) citam que os movimentos sociais, particularmente os movimentos negros que sempre denunciaram as iniq?idades raciais e sempre estiveram presentes em todas as confer?ncias municipais, estaduais e nacionais. Esses movimentos de acordo com Gomes (2017) atuam como protagonistas pol?ticos da emancipa??o social e como verdadeiros far?is que brilham em tempos tenebrosos, mostrando o caminho para aqueles que lutam pela emancipa??o social e pela democracia. Segundo Nilma Lino Gomes, s?o as negras e os negros em movimento: artistas, intelectuais, oper?rias e oper?rias, educadoras e educadores, dentre outros, que possuem uma consci?ncia racial afirmativa e lutam contra o racismo e pela democracia. A autora declara a luta, os avan?os e conquistas dos grupos n?o hegem?nicos, ditos subalternizados, contra os grupos hegem?nicos e vem se expressando de forma positiva a atua??o do movimento negro nas suas mais diversas formas de express?o e de organiza??o, com todas as tens?es, desafios e limites, destaca o papel fundamental do movimento negro na constru??o e implementa??o das pol?ticas de promo??o da igualdade racial, que para Batista, Werneck e Lopes (2012) nesse processo de luta por direitos humanos tornam sujeitos empoderados num pa?s multicultural. O movimento de mulheres tem ganhado for?a derrubando fortalezas perpetuadas pela sociedade patriarcal, tem dado seu grito de resist?ncia contra todas as formas de opress?o e se empoderando para ser de fato independente.\r\n
      Nesse caso n?o cabe uma mulher negra que j? atingiu um status social ser representante de todas as mulheres negras de forma que a m?dia constantemente vem refor?ando essa ideologia, pois onde est?o as vozes e hist?rias das mulheres que foram pioneiras que lutaram e lutam at? hoje contra todas as formas de viol?ncias, mulheres que tem conquistado seu espa?o na moda, arte, educa??o, pol?tica e sa?de. Para Angela Davis o empoderamento envolve as lutas de mulheres que historicamente viveram a margem da invisibilidade na luta pelos direitos e liberdade de express?o, conforme Davis (2017), O lema ?Erguemos enquanto subimos? ? um princ?pio adotado a garantia por igualdade a todas as mulheres pobres e trabalhadoras de todas as ra?as e classes que hoje aspiram por condi??es dignas de vida. Erguer e subir convida as mulheres a unir for?as com\r\n
      o intuito de alcan?ar uma sociedade mais justa e ser sujeitos ativos de mudan?as frente ?s desigualdades sociais e nas rela??es de poder imposta pelo racismo, sexismo e machismo. Considera??es finais Considerando o quadro de viol?ncia decorrente da desigualdade entre os g?neros, a viol?ncia dom?stica somada ao racismo ? uma das formas de viol?ncias que mais tem gerado opress?o e agravantes ? sa?de da mulher levando ao feminic?dio. Segundo o Atlas de Viol?ncia de 2017, lan?ado pelo Instituto de Pesquisa Econ?mica Aplicada (IPEA) as mulheres negras s?o as mais violentadas enquanto que a taxa de homic?dios de mulheres n?o negras diminuiu 7,4%, entre 2005 e 2015, o indicador equivalente para as mulheres negras aumentou 22,0%. Gomes ( 2017) destaca que as mulheres negras no Brasil assumiu como tema de den?ncia a viol?ncia que atinge as comunidades quilombolas, a intoler?ncia religiosa, o exterm?nio da juventude negra, o feminic?dio de mulheres negras, al?m da ditadura da beleza eurocentrada. E nesse processo de viol?ncia social em que as mulheres vivenciam, ainda h? muito para se realizar em rela??o ? manuten??o e naturaliza??o das crueldades em que constantemente s?o v?timas, partimos do pressuposto que ? fundamental um olhar sens?vel e humanizado no atendimento a essas mulheres quando forem ? delegacia fazer a denuncia ao agressor, que seja sem constrangimento e sem persuas?o, induzindo-a a permanecer junto ao agressor. ? importante a promo??o de uma vida digna e saud?vel ? mulher e para isso ? valido ? conscientiza??o de educar a sociedade para desconstru??o de ideologias em que a mulher ? vista como propriedade do homem. Atualmente milhares de mulheres, numa tomada de consci?ncia tem conquistado com muito labor seu espa?o, se engajam com afinco mostrando para a sociedade que o lugar da mulher ? onde ela quer estar.\r\n
      Refer?ncias\r\n
      ALVARENGA, Elda. Rela??es de g?nero nos cotidianos escolares: a escolariza??o na manuten??o transforma??o da opress?o sexista. Contagem: Santa Clara, 2007.\r\n
      BATISTA, Eduardo; WERNECK, Jurema; LOPES, Fernanda. Sa?de da popula??o negra. Rio de Janeiro: 2012.\r\n
      CARNEIRO, Sueli. Racismo, Sexismo e desigualdade no Brasil. S?o Paulo: Selo Negro, 2011. BRASIL, Estatuto da igualdade Racial: Lei n? 12.288, de 20 de Julho de 2010. ______, Lei de 11. 340 de 07 de Agosto, 2006.\r\n
      ______, Lei n? 13.104 de 09 de Mar?o, 2015. _______, Instituto de Pesquisa Econ?mica Aplicada. Dispon?vel em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/170602_atlas_da_violencia_2017 acesso em: 20/02/2018.\r\n
      DAVIS, Angela. Mulheres, cultura e pol?tica. Tradu??o Heci Regina Candiani. Paulo: Boitempo, 2017.\r\n
      GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro educador: saberes constru?dos nas lutas por emancipa??o. Rio de Janeiro: Vozes, 2017.\r\n
      NASCIMENTO, Abdias do. O Genoc?dio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.\r\n
      OLIVEIRA, Eliana de. Mulher negra professora e universit?ria: trajet?ria, conflitos e identidade. Bras?lia: Liber livro Editora, 2006.\r\n
      RIBEIRO, Djamila. O que ? empoderamento feminino? Disponivel em: https://www.cartacapital.com.br/revista/971/o-que-e-o-empoderamento-feminino acesso em: 22/02/2018.
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                  <strong>N&oacute;s do Sul: Laborat&oacute;rio de Estudos e Pesquisas Sobre Identidades, Curr&iacute;culos e Culturas - FURG</strong><br />\r\n
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                  Alexsandro Rodrigues - (Profissional) Amanda Motta Castro - (Doutor)<br />\r\n
                  Ana Karina Cangu&ccedil;u Campinho - (Profissional)<br />\r\n
                  Anat&aacute;lia Dejane Silva De Oliveira - (Profissional)<br />\r\n
                  Andrea Nunes Da Rosa - (Especialista)<br />\r\n
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                  Simone Barreto Anadon - (Doutor)<br />\r\n
                  Simone Freitas Gama - (Profissional)<br />\r\n
                  Social Soledad Bech Gaivizzo - (Profissional)<br />\r\n
                  Susana Silva - (Profissional)<br />\r\n
                  T&acirc;nia Aparecida Kuhnen - (Doutor)<br />\r\n
                  Terezinha Oliveira Santos - (Doutor)<br />\r\n
                  Thiago Alves Fran&ccedil;a - (Mestre)&nbsp;<br />\r\n
                  Valter Henrique De Castro Fritsch - (Profissional)<br />\r\n
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                  <strong>N&oacute;s do Sul: Laborat&oacute;rio de Estudos e Pesquisas Sobre Identidades, Curr&iacute;culos e Culturas - FURG</strong><br />\r\n
                  Prof&ordf;. Dr&ordf;. Amanda Motta<br />\r\n
                  Prof&ordf;. Dr&ordf;. Dinah Quesada Beck<br />\r\n
                  Prof&ordf;. Dr&ordf;. Joice Ara&uacute;jo Esperan&ccedil;a - Lattes<br />\r\n
                  Prof. Dr. Marcio Caetano<br />\r\n
                  Prof&ordf;. Dr&ordf;. Simone Barreto Anadon - Lattes<br />\r\n
                  <br />\r\n
                  <strong>Grupo de Pesquisa Corpus Poss&iacute;veis - Educa&ccedil;&atilde;o, Cultura e Diferen&ccedil;as</strong><br />\r\n
                  Prof. Dr. Carlos Andr&eacute; Nogueira Oliveira&nbsp;<br />\r\n
                  Prof. Dr. Carlos Henrique Lucas Lima<br />\r\n
                  Prof. Ms. F&aacute;bio de Sousa Fernandes<br />\r\n
                  Prof. Mestre Murillo da Silva Neto<br />\r\n
                  Prof&ordf;. Dr&ordf;. Shirley Pimentel de Souza<br />\r\n
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                  Alexsandro Rodrigues - (Profissional) Amanda Motta Castro - (Doutor)<br />\r\n
                  Ana Karina Cangu&ccedil;u Campinho - (Profissional)<br />\r\n
                  Anat&aacute;lia Dejane Silva De Oliveira - (Profissional)<br />\r\n
                  Andrea Nunes Da Rosa - (Especialista)<br />\r\n
                  Anselmo P&eacute;res Al&oacute;s - (Doutor)<br />\r\n
                  Carla Cristina Braga Dos Santos - (Profissional)<br />\r\n
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                  Carlos Henrique Lucas Lima - (Doutor)<br />\r\n
                  Cassiane Paix&atilde;o - (Profissional)<br />\r\n
                  Clebemilton Gomes Do Nascimento - (Mestre)<br />\r\n
                  Denise Bastos - (Profissional)<br />\r\n
                  Dinah Quesada Beck - (Doutor)<br />\r\n
                  D&oacute;ris Regina Acosta Nogueira - (Profissional)<br />\r\n
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                  Fabio De Sousa Fernandes - (Doutor)<br />\r\n
                  Jo&atilde;o Manuel De Oliveira&nbsp; - (Profissional)<br />\r\n
                  Joice Ara&uacute;jo Esperan&ccedil;a - (Doutor)<br />\r\n
                  Julio Cesar Bresolin Marinho - (Profissional)<br />\r\n
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                  Marcio Rodrigo Vale Caetano - (Doutor)<br />\r\n
                  Maria Odete Da Rosa Pereira - (Doutor)<br />\r\n
                  Maria Odete De Rosa Pereira - (Profissional)<br />\r\n
                  Maria Virg&iacute;nia Pinto Bomfim - (Doutor)<br />\r\n
                  Megg Rayara Gomes De Oliveira - (Profissional)<br />\r\n
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                  Murillo Arruda - (Mestre)<br />\r\n
                  Murillo Da Silva Neto - (Mestre)<br />\r\n
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                  Raquel Pereira Quadrado - (P&oacute;s-Doutor)<br />\r\n
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                  Simone Barreto Anadon - (Doutor)<br />\r\n
                  Simone Freitas Gama - (Profissional)<br />\r\n
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Publicado em 21 de março de 2018

Resumo

Resumo: Pretende-se com a pesquisa investigar se h? possibilidades da mulher na rela??o desigual de g?nero, superar os conflitos e buscar mudan?a atrav?s dos movimentos sociais e empoderamento. Tendo em vista um cen?rio em que prevalece a autoridade masculina no ?mbito da sociedade e as mulheres nesse contexto s?o inferiorizadas em rela??o ao homem, e est?o propensas as vulnerabilidades sociais e viol?ncias, que podem gerar agravos ? sua sa?de. E entre submiss?o, resist?ncia e desafios, a mulher tem unido for?as na supera??o dos conflitos provenientes dessa rela??o, buscando mudan?a social atrav?s dos movimentos sociais pelos seus direitos de cidadania e de representa??es nos espa?os sociais. Palavras-chave: G?nero, Mulher, Viol?ncia, Racismo, Empoderamento. Introdu??o No Brasil a constru??o das desigualdades sociais que se perpetua at? aos dias atuais em rela??o ? popula??o negra ? heran?a de um sistema colonizador onde os negros escravizados sofreram as diversas formas de viol?ncias. ? nesse contexto doloroso que as mulheres negras foram vitimas de um processo abusivo e machista, que al?m de usar a for?a bra?al para os servi?os dom?stico e na lavoura, tamb?m teve que se submeter aos castigos e abusos sexuais impostas pelo homem branco. Alvarenga (2007) afirma que historicamente os homens est?o dotados, desde o nascimento, de uma situa??o de privil?gios em rela??o ?s mulheres, tanto com referencia as mulheres de sua classe social, como as mulheres de outras classes. Trazendo marcas de um processo patriarcal, sexista e racista que a exclui dos direitos humanos. Carneiro (2011) enfatiza que esses processos hist?ricos acentuaram essa propens?o: mulheres negras escravizadas ? merc? de colonizadores. Ao olhar a estrutura organizacional da sociedade brasileira sobre os pilares da diferen?a entre homens e mulheres muito contribui para o aumento da viol?ncia entre os g?neros, tal estrutura, mant?m padr?es e ditames que caracteriza o lugar e posi??o do homem e da mulher hierarquicamente no mundo social. G?nero est? ligado a constru??o social e cultural, como nos comportamos e nos caracterizamos que diferencia homens e mulheres. Conforme Eliana (2006) as diferen?as biol?gicas entre homens e mulheres, assim como os pap?is adequados a eles e a elas, s?o percebidos e interpretados segundo as constru??es de g?nero de cada sociedade. Falar sobre g?nero suscita discuss?o e debates, pois, inclui sujei??o feminina e superioridade masculina na vida social e nessa rela??o de pap?is a mulher ? vista de forma submissa, subalternizada e discriminada pela sociedade, gerando impactos na sa?de e representatividade da mulher. Para Alvarenga (2007) essa representa??o do que ? feminino e masculino s?o socialmente constru?das e buscam justificar artificialmente a opress?o. Essa opress?o ? vista com naturalidade para manter o padr?o de pap?is definidos entre homens e mulheres. Eliana (2006) salienta que g?nero como sistema de desigualdade social, nutre ? se de outros sistemas discriminat?rios como classe, ra?a e etnia. E considerando a etnia, ra?a, classe social e condi??es de vida, as mulheres negras s?o as mais prejudicadas socialmente, reconhecendo que quando se trata de atendimento ? sa?de da mulher negra, h? descaso e diversas mulheres permanecem sem ter acesso ao Sistema ?nico de sa?de (SUS). Sendo que o Estatuto da Igualdade Racial (2010) no Art. 8? visa a promo??o da sa?de integral da popula??o negra, a redu??o das desigualdades no acesso aos servi?os do SUS e o combate ? discrimina??o. A mulher negra ? representada por estere?tipos, conceitos como escrava, dom?stica, lavadeira entre outras, que legitimam o conceito de inferioridade. Isto nos traz uma dupla consci?ncia, uma sensa??o de estar sempre a se olhar com os olhos de outros e com os seus, de medir sua pr?pria alma pela medida de um mundo que continua a mir?-lo com divertido desprezo e piedade. E sempre sentir essa multiplicidade, essa diversidade, essa interseccionalidade de in?meros r?tulos (...) brasileira, nordestina, negra, mulher, de candombl?... V?rios pap?is que competem em um mesmo corpo, m?ltiplos pap?is socialmente subalternizados por sucessivas discrimina??es e nega??o de direitos. (BATISTA; WERNECH; LOPES, 2012, p. 137). A mulher ? vitima de viol?ncias e vive situa??es tensas e complexas, vistas como meros objetos de procria??o e deleite sexual fruto de sentimentos de domina??o e posse, tem visto seus direitos b?sicos negados, no que se refere ? sa?de, a liberdade, a dignidade, ao respeito e a vida. Diversas mulheres sofrem danos f?sicos, moral e psicol?gico constantemente que para Carneiro (2011) produz uma asfixia social com desdobramentos negativos sobre todas as dimens?es da vida da mulher, que se manifestam em seq?elas com danos ? sa?de mental e rebaixamento da autoestima e acarreta a mulher pouca expectativa de vida. Para Werneck (2012) a viol?ncia ? percebida como um ato em excesso no exerc?cio de poder presente nas rela??es sociais, e esse excesso tem a ideia de for?a ou de coer??o e pode produzir dano em outro indiv?duo ou grupo social. A Lei Maria da Penha 11.340/2006 disp?e de mecanismos em defesa da mulher contra todas as formas de discrimina??o, erradicando a viol?ncia contra a mulher, que em seu Art. 2? vai referir-se que toda mulher, independente de classe, ra?a, etnia, cultura, idade e religi?o, s?o asseguradas viver sem viol?ncia e ter a sua sa?de f?sica e mental preservada, por?m, o que temos visto no quadro atual ? a morte exagerada de mulheres, contradit?rio a Lei n? 13.104 /2015 conhecido como feminic?dio que vem como mecanismo positivo em defesa das mulheres que diz respeito ao crime envolvendo homic?dios, viol?ncia dom?stica e familiar, motivado pelo g?nero. O enfrentamento a viol?ncia de g?nero tem trazido cotidianamente para muitas mulheres experi?ncias amargas e cru?is e vivem em situa??es de desesperos sob amea?as e persegui??es. A mulher tem sido v?tima de viol?ncias no contexto de uma sociedade machista, e ?s vezes n?o tem atitude ou informa??es precisas para denunciar o agressor, sendo que, muitas mulheres mesmo ciente de seus direitos a prote??o, temem denunciar e vivem constantemente expostas as viol?ncias: dom?stica, sexual, patrimonial, moral, entre outras gerando ac?mulos de riscos ? sa?de da mulher. Nessa perspectiva a viol?ncia se torna mais agravante quando na rela??o de g?nero envolve ra?a e etnia, que agregada ao racismo permite que as mulheres negras tenham em seus corpos al?m das marcas f?sicas da viol?ncia, ainda, t?m que conviver com os freq?entes ass?dios que para a cultura masculina as mulheres negras s?o as favor?veis ao sexo, sofrem constantemente viol?ncia simb?lica denegrindo seu corpo e sua identidade. Como fala Chau? (1986), essa rela??o hier?rquica de desigualdade tem fins de domina??o, de explora??o e de opress?o que trata a mulher como objeto de uso. Esse olhar preconceituoso e repugnante sobre a mulher ? uma forma de agress?o permeada de tens?es e conflitos sociais. Nesse Contexto, o preconceito e a discrimina??o racial s?o manifestados atrav?s de comportamentos individuais e coletivos de repugna??o, n?o aceita??o e desfavorecimento dos indiv?duos negros, que fazem com que estes experimentem progressivamente um processo de exclus?o social, cultural, moral e identidade. (BATISTA; WERNECH; LOPES, 2012, p. 307). Para uma sociedade na qual sua estrutura se identifica com a cultura do branco, extremamente racista, o racismo ? uma das formas de viol?ncia que mais tem gerado opress?o a popula??o negra, submetidos ? pobreza e mis?ria, condi??es desumanas de vida insubsistente para muitos, tais condi??es traz uma s?rie de mol?stia que ao necessitar do sistema de sa?de o acesso ainda, pode ser dificultado e negado para essa popula??o. Conforme Gomes (2017) esse car?ter violento ? somado ? viol?ncia racista que muitas vezes se esconde atr?s do mito da democracia racial, ou seja, a mistura de ra?as branca e negra que designou a mesti?agem, que sutilmente seria a solu??o da problem?tica racial que para Abdias do Nascimento (1977) resultaria no genoc?dio da popula??o negra, a qual os afrodescentes passariam por um processo de miscigena??o, assimila??o e acultura??o, nesse contexto de desvaloriza??o e discrimina??o o mito da democracia racial seria o come?o da liquida??o da ra?a negra e o branqueamento da popula??o brasileira. Para Batista, Werneck, Lopes (2012), o racismo ? uma ideologia que possui varias facetas, podendo ser apresentado de forma camuflada, expl?cita e sutil, mas sempre com forte estrat?gia causadora de sofrimentos e de destitui??o de direitos e cidadania para os que s?o vitimas dele. Mediante esses retrocessos ? que as mulheres em geral t?m lutado pela visibilidade e representatividade no que diz respeito ? cidadania, ao direito de igualdade na rela??o de g?nero, nos atendimentos a sa?de, maternidade, educa??o, moradia, emprego e a melhores condi??es de vida. Sendo assim, leva-se em quest?o mudan?as com a participa??o ativa dos movimentos sociais em busca de pol?ticas p?blicas pelos direitos das mulheres e de outras categorias na batalha por equidade, igualdade de oportunidade, liberdade e valoriza??o. ? nesse sentido que Alvarenga (2007) considera que o movimento de resist?ncia das mulheres se faz importante, concebendo que a sua luta organizada e aut?noma seja fator primordial para a supera??o das rela??es desiguais de g?nero, tanto no campo individual como no coletivo. Vale ressaltar que no movimento feminista as particularidades da mulher negra n?o eram vis?veis e as quest?es raciais n?o eram colocadas em pauta. As mulheres negras assistiram, em diferentes momentos de sua milit?ncia, ? tem?tica especifica da mulher negra ser secundarizada na suposta universalidade de g?nero. Essa tem?tica da mulher negra invariavelmente era tratada como subitem da quest?o geral da mulher, mesmo em um pais em que as afrodescendentes comp?em aproximadamente metade da popula??o feminina. (...) ? a consci?ncia desse grau de exclus?o que determina o surgimento de organiza??es de mulheres negras de combate ao racismo e ao sexismo (CARNEIRO, 2011, p.121). ? com uma consci?ncia democr?tica que Batista, Werneck e Lopes (2012) citam que os movimentos sociais, particularmente os movimentos negros que sempre denunciaram as iniq?idades raciais e sempre estiveram presentes em todas as confer?ncias municipais, estaduais e nacionais. Esses movimentos de acordo com Gomes (2017) atuam como protagonistas pol?ticos da emancipa??o social e como verdadeiros far?is que brilham em tempos tenebrosos, mostrando o caminho para aqueles que lutam pela emancipa??o social e pela democracia. Segundo Nilma Lino Gomes, s?o as negras e os negros em movimento: artistas, intelectuais, oper?rias e oper?rias, educadoras e educadores, dentre outros, que possuem uma consci?ncia racial afirmativa e lutam contra o racismo e pela democracia. A autora declara a luta, os avan?os e conquistas dos grupos n?o hegem?nicos, ditos subalternizados, contra os grupos hegem?nicos e vem se expressando de forma positiva a atua??o do movimento negro nas suas mais diversas formas de express?o e de organiza??o, com todas as tens?es, desafios e limites, destaca o papel fundamental do movimento negro na constru??o e implementa??o das pol?ticas de promo??o da igualdade racial, que para Batista, Werneck e Lopes (2012) nesse processo de luta por direitos humanos tornam sujeitos empoderados num pa?s multicultural. O movimento de mulheres tem ganhado for?a derrubando fortalezas perpetuadas pela sociedade patriarcal, tem dado seu grito de resist?ncia contra todas as formas de opress?o e se empoderando para ser de fato independente. Nesse caso n?o cabe uma mulher negra que j? atingiu um status social ser representante de todas as mulheres negras de forma que a m?dia constantemente vem refor?ando essa ideologia, pois onde est?o as vozes e hist?rias das mulheres que foram pioneiras que lutaram e lutam at? hoje contra todas as formas de viol?ncias, mulheres que tem conquistado seu espa?o na moda, arte, educa??o, pol?tica e sa?de. Para Angela Davis o empoderamento envolve as lutas de mulheres que historicamente viveram a margem da invisibilidade na luta pelos direitos e liberdade de express?o, conforme Davis (2017), O lema ?Erguemos enquanto subimos? ? um princ?pio adotado a garantia por igualdade a todas as mulheres pobres e trabalhadoras de todas as ra?as e classes que hoje aspiram por condi??es dignas de vida. Erguer e subir convida as mulheres a unir for?as com o intuito de alcan?ar uma sociedade mais justa e ser sujeitos ativos de mudan?as frente ?s desigualdades sociais e nas rela??es de poder imposta pelo racismo, sexismo e machismo. Considera??es finais Considerando o quadro de viol?ncia decorrente da desigualdade entre os g?neros, a viol?ncia dom?stica somada ao racismo ? uma das formas de viol?ncias que mais tem gerado opress?o e agravantes ? sa?de da mulher levando ao feminic?dio. Segundo o Atlas de Viol?ncia de 2017, lan?ado pelo Instituto de Pesquisa Econ?mica Aplicada (IPEA) as mulheres negras s?o as mais violentadas enquanto que a taxa de homic?dios de mulheres n?o negras diminuiu 7,4%, entre 2005 e 2015, o indicador equivalente para as mulheres negras aumentou 22,0%. Gomes ( 2017) destaca que as mulheres negras no Brasil assumiu como tema de den?ncia a viol?ncia que atinge as comunidades quilombolas, a intoler?ncia religiosa, o exterm?nio da juventude negra, o feminic?dio de mulheres negras, al?m da ditadura da beleza eurocentrada. E nesse processo de viol?ncia social em que as mulheres vivenciam, ainda h? muito para se realizar em rela??o ? manuten??o e naturaliza??o das crueldades em que constantemente s?o v?timas, partimos do pressuposto que ? fundamental um olhar sens?vel e humanizado no atendimento a essas mulheres quando forem ? delegacia fazer a denuncia ao agressor, que seja sem constrangimento e sem persuas?o, induzindo-a a permanecer junto ao agressor. ? importante a promo??o de uma vida digna e saud?vel ? mulher e para isso ? valido ? conscientiza??o de educar a sociedade para desconstru??o de ideologias em que a mulher ? vista como propriedade do homem. Atualmente milhares de mulheres, numa tomada de consci?ncia tem conquistado com muito labor seu espa?o, se engajam com afinco mostrando para a sociedade que o lugar da mulher ? onde ela quer estar. Refer?ncias ALVARENGA, Elda. Rela??es de g?nero nos cotidianos escolares: a escolariza??o na manuten??o transforma??o da opress?o sexista. Contagem: Santa Clara, 2007. BATISTA, Eduardo; WERNECK, Jurema; LOPES, Fernanda. Sa?de da popula??o negra. Rio de Janeiro: 2012. CARNEIRO, Sueli. Racismo, Sexismo e desigualdade no Brasil. S?o Paulo: Selo Negro, 2011. BRASIL, Estatuto da igualdade Racial: Lei n? 12.288, de 20 de Julho de 2010. ______, Lei de 11. 340 de 07 de Agosto, 2006. ______, Lei n? 13.104 de 09 de Mar?o, 2015. _______, Instituto de Pesquisa Econ?mica Aplicada. Dispon?vel em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/170602_atlas_da_violencia_2017 acesso em: 20/02/2018. DAVIS, Angela. Mulheres, cultura e pol?tica. Tradu??o Heci Regina Candiani. Paulo: Boitempo, 2017. GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro educador: saberes constru?dos nas lutas por emancipa??o. Rio de Janeiro: Vozes, 2017. NASCIMENTO, Abdias do. O Genoc?dio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. OLIVEIRA, Eliana de. Mulher negra professora e universit?ria: trajet?ria, conflitos e identidade. Bras?lia: Liber livro Editora, 2006. RIBEIRO, Djamila. O que ? empoderamento feminino? Disponivel em: https://www.cartacapital.com.br/revista/971/o-que-e-o-empoderamento-feminino acesso em: 22/02/2018.

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