O estudo da percepção ambiental tem se tornado uma das principais ferramentas para diagnoses ambientais ligadas a sensibilização populacional, conservação e manejo de espécies. É evidente a atual, crescente e autêntica preocupação com as questões de degradação ambiental, principalmente em ambientes altamente ameaçados, como a floresta Atlântica, onde restam cerca de 12,4% de sua cobertura original. Assim, torna-se importante o estudo da percepção com os indivíduos de todas as faixa-etárias, em especial com jovens, por serem considerados possíveis agentes na tomada de decisão em relação ao futuro dos recursos naturais. Alguns estudos apontam diferenças nas percepções de determinados grupos, ligadas a características intrínsecas da nossa espécie, como o gênero, uma vez que ocorre a divisão do papel social na maioria das sociedades. Desta forma, esse trabalho teve como objetivo verificar se o gênero influencia na percepção ambiental dos estudantes do ensino fundamental II de uma escola pública na Zona da Mata Norte de Pernambuco acerca das matas da região. Participaram deste estudo um total de 140 alunos, sendo 74 do sexo feminino e 66 do sexo masculino, distribuídos nas turmas do 6º ao 9º ano. Para a coleta dos dados, foram aplicados dois estímulos para que os estudantes pudessem pensar sobre as matas da região e escrever uma redação, e posteriormente fazer um desenho que representassem as matas e seus componentes. As análises foram feitas por meio da categorização e quantificação dos dados, e através do teste estatístico não paramétrico de Kruskall-Wallis. Foram adotadas as seguintes categorias: (a) abiótico, (b) adjetivo, (c) antrópico, (d) biótico, (e) degradação, (f) outros, (g) utilitária. A partir das análises, foram observados, por meio das redações, conhecimentos equivalentes para ambos os gêneros; já nos desenhos, os meninos demonstraram conhecer em média mais elementos que as meninas, porém, de acordo com as categorias, apenas os elementos antrópicos apresentaram diferenças significativas. Esse resultado pode estar ligado ao fato de que nessa fase de transição da infância para a adolescência, ainda não ocorre intensamente a divisão dos papeis sociais, como é ocorrida na vida adulta. Desta forma, a singularidade da grade curricular das escolas, que é dada de forma equivalente para ambos os gêneros, pode ter contribuído para que exista uma homogeneidade de saberes entre os estudantes pesquisados, contudo, foi possível perceber uma fragilidade no conhecimento a respeito do ambiente em que estão inseridos, tornando-se necessário a realização de projetos e execução de conteúdos que incluam esses estudantes como parte do meio natural, e que os situem e os estimulem a conhecer mais sobre o bioma Mata Atlântica.