Este artigo buscou discutir sobre o processo sobre o processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita numa perspectiva sociointeracionista. Partimos do pressuposto que a língua existe em função de quem escreve/fala e de quem lê/escuta, através do discurso (gêneros discursivos), em diferentes situações de sociocomunicativas (BAKTHIN, 2000), e esperamos contribuir com o debate que já vem sendo tecido sobre a escrita como prática social, em que ensinar-aprender a ler e a escrever é mais do que a internalização de um código. Nesse sentido, buscamos investigar os conhecimentos revelados por crianças do terceiro ano do Ensino Fundamental I sobre os usos e funções da língua escrita e relacioná-los com a prática docente. Para isso, realizamos o estudo de caso de uma turma do 3º ano e adotamos os seguintes instrumentos para coleta dos dados: sondagem do nível de escrita das crianças de acordo com Ferreiro e Teberosky (1984), mediante a aplicação de um ditado de palavras; entrevista semiestruturada adaptada do estudo de Moreira (1988) com os estudantes, a fim de identificar os conhecimentos sobre alguns materiais discursivos; e observação sistemática de dez aulas, com a finalidade de identificar as atividades realizadas pela professora para o ensino da leitura e da escrita. De maneira geral, os resultados apresentaram que as atividades de Língua Portuguesa realizadas pela docente favoreceram pouco os conhecimentos que as crianças já possuíam sobre os usos e funções sociocomunicativa da língua escrita, mas contrariando a prática pedagógica da professora, as crianças conseguiram identificar os usos e funções dos materiais discursivos apresentados, além de utilizarem de seus conhecimentos prévios para tal identificação, como a compreensão sobre as correspondências grafema-fonema, as características específicas de um gênero discursivo anteriormente já visto em seus círculo social (família, escola e comunidade) e o uso de inferências sobre os recursos gráficos dos materiais escritos apresentados.