As classes hospitalares são espaços em que crianças e professores experienciam aprendizagens pedagógicas emancipatórias de garantia do direito universal à educação. O presente trabalho tem o objetivo de apresentar resultados de pesquisa sobre experiências com crianças em tratamento de saúde, e contribuições dessas experiências para a formação docente in loco. A pesquisa integra um projeto mais amplo, financiado pelo CNPq “Narrativas da infância: o que contam as crianças sobre a escola e os professores sobre a infância” (MICT-CNPq|EditalUniversal-14/2014, processo nº 462119/2014-9) desenvolvido pelo Grupo Interdisciplinar de Pesquisa, Formação, Autobiografia, Representações e Subjetividade (GRIFARS-PPGED-UFRN-CNPq). Nosso referencial teórico situa-se na encruzilhada do movimento internacional da pesquisa (auto)biográfica em educação; do movimento socioeducativo das histórias de vida em formação; dos estudos da infância e da psicologia narrativa. Como proposta metodológica, inspiramo-nos em Passeggi (2011) e realizamos o grupo reflexivo com quatro professoras de três classes hospitalares da cidade de Natal/RN. Consideramos como material empírico, narrativas autobiográficas (orais e escritas) elaboradas individualmente e em grupo, acerca de suas experiências com crianças em contexto hospitalar. A partir da perspectiva da análise interpretativista e com base nos estudos de Nóvoa (2002), os resultados indicam que as experiências com crianças em tratamento de saúde fazem parte do trabalho pedagógico das professoras e relacionam-se com três elementos dessa prática docente: a comunidade (crianças, famílias, profissionais de saúde, professores, hospital, escola); a autonomia (escolhas, responsabilidades, ética) e o conhecimento (pessoal, profissional, individual/coletivo), os quais fundamentam a formação e atuação docente “no chão do hospital”.