A doença de Parkinson (DP) tem início unilateral e afeta o processamento e a integração das informações proprioceptivas, comprometendo o controle motor do membro superior, como a destreza manual. Uma estratégia de intervenção que pode ser efetiva neste caso é a terapia do espelho (TE), já que se propõe melhorar déficits sensórios-motores de pacientes com acometimento neurológico unilateral. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da TE no controle motor do membro superior afetado de pacientes com DP. Participaram do estudo 10 pacientes (69,44±6,30 anos). O controle motor do membro superior foi avaliado na tarefa de destreza manual de acordo com o Box and Blocks Test, que consiste em transferir blocos o mais rápido possível de um compartimento com blocos a outro compartimento vazio. A tarefa foi dividida nos momentos: fase de ação (FA), quando o bloco é transportado para o compartimento vazio e, fase de retorno (FR), quando a mão retorna para compartimento com blocos. A tarefa foi registrada por um sistema optoeletrônico, sendo realizadas 3 tentativas com o membro superior mais afetado, nos momentos pré e pós-intervenção. Para avaliar o controle do membro superior afetado foram acessadas as variáveis jerk (hesitação do movimento – relacionada ao planejamento), velocidade (relacionada à execução) e o número de blocos transferidos (relacionado ao desempenho). O protocolo de intervenção da TE consistiu de treino unilateral do lado menos afetado, com duração de 30 minutos diários, 5 dias por semana, durante 6 semanas consecutivas, em domicílio Na análise estatística foram realizados testes t de Student, com nível de significância atribuído de p≤0,05. Os testes t de Student revelaram que a TE aumentou a automaticidade e o desempenho na tarefa de destreza manual, ou seja, os pacientes transferiram uma maior quantidade de blocos pós-intervenção, devido à diminuição dos números de hesitações cometidas durante as FA e FR (número de blocos transferidos: t(1,9)=-2,80; p=0,02; jerk: FA: t(1,9)=2,65; p=0,02, FR t(1,9)=2,18; p=0,05), demonstrando melhor planejamento do movimento. O feedback visual do membro superior menos afetado proporcionado pelo espelho foi capaz de suprimir as informações proprioceptivas deficitárias provenientes do membro afetado, o que provavelmente contribuiu para a mudança positiva na ativação do SNC. Ainda, o uso da informação sensorial adicional (feedback do espelho) e a prática intensiva podem ter favorecido o processo de automatização do movimento. Diante dos resultados apresentados, conclui-se que a TE pode ser indicada como uma estratégia de intervenção para melhorar o controle motor do membro superior afetado de pacientes com DP.