O envelhecimento é marcado por fatores biopsicossociais configurando-se como uma adaptação aos inúmeros elementos da órbita biológica, psicológica e sociocultural dispostos pelas transformações experimentadas em suas perspectivas de vida imprimida pela sociedade moderna apegada a valores materiais e arrimada pela valorização do ser produtivo, estético e com proventos. Neste contexto o idoso é arredado as arestas da margem social, ser indiferente ao olhar que traduz preconceito, negligência, apatia e frieza tornando um objeto de descaso e desprezo pelo simples fato de envelhecer e tornar inapto as exigências de mercado e de interesses incompatíveis com os novos valores. É natural que as transformações adquiridas com a idade avançada, tais como o risco aumentado de doenças, perdas sensoriais e congnitivas, alteração da aparência física e a mudança no status social contribuem para que este fenômeno se mostre cada vez mais excludente que priva o idoso de está envolvido na realidade dinâmica e inovadora da existência ativa gozando das inúmeras vantagens trazidas pela ciência, tecnologia e avanço sociocultural. De certo que o envelhecimento é constituído de experiências heterogêneas que se caracterizam por ser complexas e de grande variabilidade resultante da balança de ganhos e perdas que ressaltam um potencial muitas vezes revelado em comportamentos de superação rodeado de triunfos. O envelhecimento bem sucedido deve ser uma percepção ensaiada pelo próprio idoso, o que não priva a sociedade, organizações e o Estado de se comprometer com a promoção deste status de bem estar. Maximizar as potencialidades do idoso na realização e gozo de desejos que poderão ser experimentados na idade avançada deve locupletar-se de acessibilidade para materialização destes eventos. Ser ativo na velhice representa a continuidade de um processo que envolve participação não apenas física, mas social, cultural, espiritual e cívica. Nesta perspectiva este relato acompanhou o dia de um universitário com 77 anos estudante de uma faculdade particular do curso de Direito na cidade de João Pessoa. Desde os 18 anos P. tinha o sonho de ingressar no curso referido, mas teve que trabalhar para sustentar-se .Inspirado na vida bem sucedida do irmão, em 2009 iniciou a jornada de estudo que contra a vontade de toda a família, foi morar em uma instituição de longa permanência. Na faculdade formou uma nova família composta de amigos e professores que facilitaram ao máximo a apreensão nas aulas, já que o aluno em destaque é portador de deficiência auditiva. É considerado um exemplo de educando por ser o primeiro a chegar e último a sair da sala, não falta as aulas e tem um desempenho ótimo nas provas. Desloca-se diariamente para a faculdade andando, apesar das amarras da deformidade nas pernas e uso de órteses. É considerado como um exemplo de vida e de força de vontade diante dos alunos que se julgam incapazes de dar seguimento aos estudos. Para o grupo sua performance diante de tantos desafios serve de modelo no contexto integral do envelhecimento ativo e da postura proativa no processo de inclusão.