Atualmente no fazer historiográfico situa-se uma nova proposta teórico-metodológica, a saber, as articulações do saber histórico com diversas linguagens. Dentre essas articulações denominadas “leituras cruzadas”, a literatura tem suscitado grande interesse no trabalho do historiador. Temos desenvolvido pesquisas em torno de obras de Jorge Amado, especificamente aos romances da década de 1930 e em torno da Cidade de Salvador a qual o mesmo dedicou grande parte da sua ficção. Todavia, a trajetória do escritor é riquíssima, sobretudo na sua primeira fase que vai do País do Carnaval (1931) até a trilogia Subterrâneos da Liberdade (1954), fase esta norteada por forte denúncia social.. Neste artigo temos por fonte o romance Seara Vermelha (1946), obra amadiana na qual é narrada a saga de uma família camponesa expulsa do latifúndio no início da década de 1930. Partimos do aporte teórico da História Cultural - Chartier (1990) e Pesavento (2006) - apresentando as representações literárias do espaço histórico e geograficamente conhecido como Sertão. O romance é perpassado por representações verossimilhantes de vivências de alguns nordestinos moradores da região semiárida que amiúde, recorrem ao êxodo rural em busca de melhores condições de sobrevivência no Sudeste. Esse artigo é um primeiro ensaio para estudos da região semiárida a partir de representações literárias.