O Leopardus tigrinus (também conhecido como gato-do-mato), apesar de não se encontrar em risco de extinção, estudos elucidam o fato de que nas próximas décadas ocorrerá um declínio de aproximadamente 10% dessa população. Em detrimento a essa problemática, os cativeiros entram como recurso na manutenção das espécies de felídeos, nos quais apesar de serem condicionantes prejudiciais à taxa reprodutiva, por exemplo, esses centros abarcam um papel essencial na recuperação e proteção de animais selvagens debilitados . À vista disso, o atendimento de animais selvagens em clínicas de triagem tem se tornado necessário para se avaliar o estado de saúde, mediante exames laboratoriais como o hemograma.O hemograma, portanto, é um exame laboratorial capaz de fornecer dados sobre a saúde do animal quantitativa-qualitativamente, por meio de técnicas que geram informações relativamente rápidas, pouco invasivas e econômicas. Dessa forma, o trabalho tem como objetivo a determinação do perfil hematológico de Leopardus tigrinus, sob o regime de cativeiro. O estudo foi realizado em dois Leopardus tigrinus, sendo uma fêmea e um macho, ambos adultos. Inicialmente, as duas espécimes de Leopadus tigrinus foram sedadas e em seguida coletou-se 1 ml de sangue de cada uma das espécimes, por venopunção da jugular, com o auxílio de seringa de 3 mL e agulhas 25 x 0,70 (22 G 1 Descarpack) e transferidos para tubos contendo ácido etilenodiami-notetracético (EDTA) a 10 %, destinados à realização do hemograma. Os hemogramas foram realizados por determinação automatizada no laboratório de hematologia do NECMOL, localizado no CEMAFAUNA-Caatinga. Através desse equipamento analisou-se os seguintes parâmetros: contagem total de hemácias (RBC), hematócrito (Ht), hemoglobina (Hb), índices hematimétricos (VCM, HCM e CHCM), contagem relativa e absoluta de leucócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos) e contagem de plaquetas (PLT). Posteriormente confeccionou-se duas lâminas de distensão sanguínea para cada animal (total de quatro lâminas) a fim de analisar a morfologia das células do sangue. O procedimento foi realizado por meio da metodologia descrita por BAIN. Este é o primeiro estudo a disponibilizar valores hematológicos de gatos-do-mato em cativeiro na Caatinga, onde os dados provenientes do hemograma estão apresentados nas tabela 01 e 02. Os índices hematimétricos indicam normocitose e normocromia para ambos indivíduos. No entanto, ao analisar a série branca, a fêmea apresentou leucopenia. No caso do macho, o valor obtido pelo leucograma indica uma normalidade em relação à contagem de leucócitos gerais. Em relação à quantidade de plaquetas circulantes no sangue, ambos apresentaram contagens normais. Referente à morfologia celular, observado por meio do estiraço sanguíneo, não foi observado nenhum tipo de anisocitose, poiquilocitose ou anisocromia, podendo assim, inferir que, apesar do hemograma indicar alterações na série branca para fêmea, os animais podem ser considerados saudáveis, uma vez que, o cativeiro é um ambiente que fornece condições bastante adversas àquelas encontradas nos habitats naturais desses felinos podendo alterar, sem significância clínica, alguns parâmetros hematológicos. A realização deste trabalho possibilitou o conhecimento dos valores hematológicos do gato-do-mato sob o regime de cativeiro, contribuindo para estudos de conservação ex situ desta espécie.