Atualmente, a escassez de água e a proliferação da Cochonilha do Carmim (Dactylopius opuntiae) têm dizimado inúmeras áreas de plantio com palma forrageira no semiárido brasileiro. Diante desta realidade, tem-se utilizado águas residuárias para o plantio de espécies de palmas forrageiras resistentes à Dactylopius opuntiae. Neste sentido, o presente estudo objetivou analisar, no município de Santana do Seridó-RN (semiárido potiguar), os benefícios socioeconômicos e ambientais advindos do uso de águas residuais para a irrigação de cultivos de palmas resistentes. Para tanto, de posse de conhecimentos teórico-metodológicos adquiridos com pesquisas documental e bibliográfica, foi realizada uma pesquisa exploratória e qualiquantitativa baseada: na realização de estudos in loco; no registro icnográfico das práticas relacionadas à irrigação da palma; além do levantamento de dados como: quantidade de efluentes, área plantada, produção/produtividade, e os benefícios sociais, econômicos e ambientais. Após os estudos, observou-se que: 1) há, localmente, um grande volume de águas residuárias (258 m³/dia), o que torna possível a irrigação dos cultivos, mesmo nos longos períodos de estiagem; 2) as águas residuárias potencializam a produção de palma forrageira, especialmente pelo fornecimento de elementos (nitrogênio, fósforo e potássio – NPK) essenciais ao desenvolvimento das cultivares; 3) as palmas cultivadas mostraram-se realmente resistência a proliferação da Cochonilha do Carmim, o que contribui para a maior produção de massa verde; 4) houve uma produção média de 400 toneladas/hectare/ano; e 5) possibilitou inúmeros benefícios socioeconômicos e ambientais: gestão hídrica com o uso de águas residuais; maior produção de massa verde e, consequentemente, maior renda com a criação de animais; sequestro de carbono e melhora das condições ambientais (temperatura, qualidade do ar, etc.). Em suma, pôde-se perceber que o uso de águas residuárias para o plantio de palma resistente é uma forma eficiente de conviver com a escassez hídrica e de produzir forragem, mesmo sob as condições climáticas adversas do semiárido brasileiro.