Introdução: A utilização da mortalidade por causas, a fim de traçar o perfil de saúde dos idosos numa população, pode ser comprometida pela proporção de óbitos com causas mal definidas. Na análise do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), 67,2% das mortes em idosos no Brasil foram registradas desta forma em 2005, possivelmente pela dificuldade do médico estabelecer com exatidão a causa básica no preenchimento da Declaração de Óbito (DO). Nos idosos mais velhos a dificuldade é ainda maior, pois, normalmente, se encontram acometidos por ampla variedade de agravos e doenças acumuladas. Objetivo: Analisar a tendência da Mortalidade por causas mal definidas no período de 2001-2010 no Rio Grande do Norte nas duas faixas etárias limítrofes, ou seja, nos mais jovens (60 a 69 anos) e nos longevos (80 anos ou mais). Metodologia: Estudo de Séries Temporais utilizando dados coletados no site do DATASUS (Ministério da Saúde), para o período de 2001-2010, onde foi calculado o Coeficiente de Mortalidade por Causa Mal definidas (Capítulo XVIII - CID 10) e sua tendência foi analisada utilizando o programa joinpoint, que através da regressão log-linear segmentada, permite descrever uma tendência e identificar se houve mudanças recentes, modelando segmentos lineares unidos por pontos de inflexão. Resultados: Foram registrados 1.935 óbitos relacionados às causas mal definidas na faixa etária de 60 a 69 anos e 8.488 para os idosos de 80 anos e mais, o que representa 10,01% e 18,90% entre todas as causas de morte para os respectivos grupos de idade. Nos idosos mais jovens (60 a 69 anos), para a série histórica, se revela uma diminuição estatisticamente significativa na mortalidade por causas mal definidas, com um Percentual Anual de Cambio (PAC) de -28,02 %, sem pontos de inflexão significativos. O Coeficiente variou de 310,48 óbitos por 100.000 habitantes em 2001 para 28,93 em 2010. Nos longevos se revela pontos de inflexão significativos nos anos de 2004 e 2007, onde foi observado de 2001 a 2004 um PAC de -12,26% na mortalidade por causas mal definidas e, após esse período, até 2007 foi observado um decréscimo de 47,45%. A partir daí houve uma diminuição do ritmo com um PAC de -4,04 % anual. O Coeficiente de Mortalidade foi de 4261,60 óbitos em 2001 para 330,84 óbitos/100.000 habitantes em 2010. Conclusão: Em conjunto com a melhoria da cobertura do SIM, a qualidade da informação sobre causa básica nos idosos apresenta uma tendência de melhora no RN. Com os resultados apresentados pode-se afirmar que a qualidade da informação na causa básica do óbito nas faixas etárias limítrofes vem melhorando. Todavia, os longevos ainda apresentam altos coeficientes. O desafio é qualificar o preenchimento da DO nos mais idosos, pois com o aumento dessa população e melhoria na sobrevida, haverá a polarização da mortalidade nas faixas etárias mais longevas.