Actinobactérias são colonizadoras dominantes no solo e produtoras de compostos bioativos como enzimas e antibióticos . Essa produção exige o uso de substâncias orgânicas para obtenção de energia, e o solo é rico em macromoléculas, dentre as quais celulose e amido, que não são imediatamente acessíveis a essas bactérias. A celulose é polissacarídeo constituinte da matéria orgânica do solo, compreendendo de 20% a 50% da biomassa das plantas, sendo degradada pela enzima celulase, produzida por micro-organismos como as actinobactérias. Entretanto, a celulose possui difícil degradação e a presença de enzimas microbianas extracelulares capazes de degradar biopolímeros de estrutura complexa torna-se relevante para repor nutrientes fundamentais no ecossistema. A diversidade microbiana e sua abundânica constituem um elemento essencial para a compreensão dos impactos das perturbações ambientais e antropogênicas no funcionamento do solo. Dentre essas perturbações destacam-se as queimadas, pois submetem o solo e a comunidade edáfica a um regime crítico de Estresse. A ação do fogo pode ocasionar uma série de modificações na natureza física, química e biológica dos solos. O fogo provoca mudanças pontuais ou definitivas na temperatura superficial do solo, no teor de umidade e na disponibilidade de água e nutrientes para as plantas. Entretanto, estudos indicam a predominância de actinobactérias após incêndios em áreas florestais. Sendo assim, a existência de comunidades microbianas com capacidade de sintetizar enzimas hidrolíticas, como a celulase, pode auxiliar em processos de recuperação natural de solos no semiáridos após queimadas. Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar in vitro o efeito do fogo sobre a atividade celulolítica de cepas de actinobactérias provenientes de solos do semiárido. As amostras de solo de onde foram isoladas as cepas de actinobactérias foram cedidas pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo). A área de estudo pertence a Fazenda Normal, localizada no município de Quixeramobim, Ceará. A coleta foi realizada em 1 ha de área, isolada por um faixa de 3 metros sem vegetação em dois períodos, antes do fogo e depois do fogo, numa profundidade de 0-20 cm. A atividade celulolítica foi avaliada a partir do cálculo do índice enzimático (IE). Foi possível dividir as 30 cepas de actinobactérias em 04 grupos distintos considerando seu potencial em degradar celulose. Do total de 30 cepas, 07 cepas (46,6%) não apresentaram potencial para atividade celulolítica. Por outro lado, mesmo com o nível de Estresse, duas cepas (QB48 e QB 060) apresentaram índice enzimático >2, isso pode está relacionado à capacidade de adaptação desses organismos quando expostas ao Estresse oriundo do aumento da temperatura. As cepas apresentaram índice enzimático na faixa de 1,27 a 2,56. Entretanto, pode-se constatar que mesmo quando submetidas à ação do fogo, as actinobactérias presentes no solo ainda apresentaram cepas fortemente produtoras de celulase, como as QB48 e QB60. Foi observado também que nas amostras pré-fogo apenas uma cepa (QB64) apresentou índice enzimático igual a 2,56. Sendo assim, Conclui-se que a ação do fogo eliminou as cepas mais sensíveis de actinobactérias e selecionou as cepas mais resistentes.