Apresentamos a experiência do uso da Caixa de Afecções como metodologia para diálogo entre sistemas terapêuticos nas aulas do componente curricular Saúde e Cultura do Bacharelado em Gestão em Sistemas e Serviços de Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No desenvolvimento do conteúdo referente aos sistemas terapêuticos adotamos a noção de sistemas terapêuticos de Kleinman (1981) e lançamos mão da estratégia metodológica Caixa de Afecções proposta pelo Curso EPS EM MOVIMENTO (Brasil, 2014) com adaptações de seu uso. Substituímos a caixa proposta na iniciativa original por três caixas, uma para cada sistema terapêutico - popular, folk e oficial. Foi solicitado que cada pessoa trouxesse objetos pertencentes a cada um dos sistemas, que foram interpelados com questões direcionadas a resgatar a experiência individual e do grupo de estudantes nos seus itinerários dentro de cada sistema: “O que vejo?”, “O que penso do que vejo?” e “O que faço com o que penso que vejo?”. Dessa maneira, tivemos a possibilidade de criar o cenário para uma rica discussão pautada com objetos através dos quais o grupo teve a possibilidade de articular experiências, trânsitos particulares, diversidade de práticas de saúde, sistemas de conhecimento e subjetividades. O encontro geral, ao final, com a apresentação e discussão das sínteses dos três grupos demonstrou a riqueza da atividade e expressou os diálogos entre os diversos sistemas – o oficial, o folk e o popular – presentes nas experiências relatadas. Consideramos que o desenvolvimento da dinâmica e a participação das pessoas atingiram os objetivos pedagógicos esperados na avaliação, demonstrando que os conceitos de comunicação e complementaridade entre os diversos sistemas terapêuticos fazem sentido na vida das pessoas, mesmo que haja um Sistema predominante reconhecido como oficial e com estatuto científico.