Introdução: O Espaço Ekobé é fruto da interação entre atores dos movimentos populares que constituem a ANEPS no Ceará, das Cirandas da Vida (estratégia de educação popular da SMS Fortaleza) e de estudantes e professores da universidade Estadual do Ceará, que vêm articulando práticas populares de cuidado, arte e educação na saúde para gerar saberes que incorporam a experiência popular. O Ekobé é gerido coletivamente por esses atores que vêm realizando uma espécie de extensão comunitária acolhendo usuários do SUS encaminhados pelas unidades de saúde, estudantes e comunidade em geral. Objetivos: Este trabalho objetiva construir reflexões sobre a experiência desenvolvida no Espaço Ekobé envolvendo as práticas coletivas de cuidado e seus diálogos com a promoção da saúde. Metodologia: Para construção dessas reflexões, lançamos mão do relato de experiência de educadores envolvidos nos processos coletivos de cuidado no Espaço Ekobé produzido com base na proposta de sistematização desenvolvida por Holliday (2006). Resultados: Entre as práticas coletivas desenvolvidas no Ekobé, algumas são de caráter pontual como o corredor do cuidado, vivencias de automassagem, vivencias cenopoéticas, banho de e ocorrem em momentos como acolhidas de estudantes, aulas de disciplinas da universidade e de processos formativos ofertados pelo Ekobé pautadas na educação popular e PICs. Outras práticas acontecem de forma sistemática algumas delas com organização de grupos tais como Yoga, Biodança, Sociodrama e Constelação Familiar algumas das quais foram recentemente incluídas na PNPIC. Essas práticas são ofertadas de forma protagonica e solidária por cuidadores do espaço e os grupos funcionam de forma cooperativa. O envolvimento de estudantes, usuários do CAPS e dos serviços de APS, além pessoas das comunidades tem propiciado a ampliação do olhar sobre o cuidar que inclui autonomia, diálogo, amorosidade, confiança e cooperação, incorporando os jeitos de cuidar que cada um traz além de dimensões como a criatividade, o lúdico e a espiritualidade, Desvela ainda outros desenhos do cuidar nos quais a arte e a cultura se incluem no processo de cuidar incorporando o saber de experiencia feito dos partícipes como um saber construído na dimensão do vivido. Parece-nos que os processos vividos no Ekobé possibilitaram cuidadores e pessoas cuidadas a aprender a aprender, pois, como disse Freire (2003a, p. 88), “ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos na prática social de que tomamos parte”., construção compartilhada de conhecimento e sustentabilidade. Desvela ainda as possibilidades de um modo de produzir cuidado mobilizando energias, experiências, vontades de reinventar e seguir aprendendo e experenciando possibilidades de transformação dos sujeitos em sua relação com o mundo. Apesar dos desafios consideramos que o Ekobé, como espaço de ação articuladora da ANEPS no Ceará, tem contribuído para a visibilidade das práticas populares de saúde, promovendo o seu intercâmbio e tentando constituir espaço de interlocução com as instituições atuantes na formação e no cuidado em saúde, possibilitando a produção de novos conhecimentos sobre o cuidar considerando o protagonismo dos sujeitos envolvidos.