As atividades coletivas onde se partilham a escuta, a experiência e fortalecem vínculos precisam ser incentivadas em todos os contextos de saúde, e principalmente, em ambientes que se apresentam alternativos e/ou complementares aos tratamentos proporcionados pela biomedicina ou medicina convencional. Esse texto relata a experiência dos profissionais de saúde em utilizar um Brechó como recurso alternativo para potencializar as ações nas práticas coletivas realizadas no âmbito do Centro de Práticas Integrativas e Complementares Equilíbrio do Ser, em João Pessoa-PB. O brechó, que é realizado desde 2012, apresenta-se como uma das estratégias que possibilita trabalhar demandas que estão para além das mazelas do corpo, possibilitando ao sujeito se inserir de forma ativa nesse momento singular do planeta, onde cada ação do bem em ajuda ao próximo é bem-vinda. Nesse sentido, foi adaptado um espaço para armazenamento das peças doadas e constituída uma equipe para ficar responsável pela organização e apresentação sistemática do brechó. Outro ponto acordado pelos idealizadores diz respeito à necessidade de esclarecimento acerca da a intencionalidade da proposta para os demais profissionais do serviço e para os usuários que desejassem informações acerca de sua finalidade, no sentido de deixar claro que o brechó seria montado com o intuito ajudar no fortalecimento das atividades coletivas já instituídas no serviço. A comunidade tem sido parceira nesse processo de construção do brechó, tendo em vista que em muitas situações pode-se contar com sua participação, entusiasmo e colaboração, apoiando totalmente a iniciativa da equipe de saúde, que aproveita os momentos de entretenimento para criar possibilidades coletivas de educação para a saúde dos usuários, a partir de dispositivos acolhedores e humanizados, fortalecendo, dessa forma, a responsabilização e o vínculo entre o serviço e a comunidade, tornando o serviço um ambiente que vivencia o cuidado numa perspectiva integralizada. As reflexões apresentadas apontaram aspectos relevantes e confluentes das Práticas Integrativas e Complementares com a Teoria da Dádiva, com relação à obrigação e a liberdade de dar, receber e retribuir os benefícios materiais e simbólicos, que fundamentam a constituição de vínculos sociais. Essa vivência tem sido significativa pelo potencial de integração e articulação que representa, assim como por favorecer o processo de constituição de sujeitos (profissionais e usuários) comprometidos com a realidade sanitária de sua comunidade. A aplicação dessa convergência à rotina do serviço poderá superar a hegemonia da racionalidade biomédica na organização e coordenação do cuidado, facilitando a ampliação das formas de cuidar, através de experiências mais integradoras.