Introdução: O processo de envelhecimento é caracterizado por uma redução da capacidade física e funcional. Conforme o ser humano envelhece, sua massa muscular diminui, gerando instabilidade, perda da capacidade funcional e, sobretudo, aumento do risco de quedas, uma das principais causas de restrição em atividades da vida diária na terceira idade. Quanto às consequências das quedas em idosos, estas não são somente físicas, mas também psicológicas, sociais e financeiras, como hospitalização, institucionalização ou reabilitação com aumento dos custos para a saúde pública. Entre as complicações mais citadas das quedas estão: as fraturas, o abandono de atividades, a modificação de hábitos, a imobilização e principalmente o medo de cair. Em relação às sequelas supracitadas, o medo de cair pode ser considerado uma das mais incapacitantes, ocasionando diminuição da mobilidade e aumento do desuso. Neste sentido, a análise da velocidade da marcha vem sendo discutida como possível identificador de idosos com medo de cair, já que é um método de triagem de baixo custo, fácil reprodutibilidade, não necessita ser realizado em laboratório e possui valores, que podem ser analisados e comparados de maneira eficiente. Objetivo: Este estudo teve como propósito analisar a capacidade da velocidade da marcha em identificar idosos com medo de cair. Metodologia: Trata-se de estudo transversal analítico, realizado com amostra de 60 idosos da comunidade. Os dados foram obtidos por meio de questionário estruturado, análise da velocidade da marcha para percorrer a distância de 4,6 m e do medo de cair, avaliado pela escala de Autoeficácia de Quedas. A capacidade da velocidade da marcha em identificar idosos com medo de cair foi determinada por meio de regressão linear múltipla, com nível de significância p<0,05 e IC 95%. Resultados: Em relação à velocidade da marcha, a média foi de 0,71 (±0,21) m/s, enquanto que para a escala de Autoeficácia de Quedas a média do escore foi de 24,85 (±6,68). Na análise de regressão linear múltipla, o escore total da escala de Autoeficácia de Quedas permaneceu significativamente associado (R2= 0,35) com a depressão autorrelatada, a limitação funcional para atividades básicas da vida diária e a velocidade da marcha. Conclusão: A velocidade da marcha, além da depressão autorrelatada e limitação funcional para atividades básicas da vida diária, têm capacidade de identificar idosos com medo de cair. Desta forma, a investigação das condições de saúde nessa população pode ser útil para detectar o medo de cair e identificar que cuidados e intervenções seriam prioritários para melhorar a funcionalidade e qualidade de vida desses idosos.