OLIVEIRA, Luana Farias De. Após agosto, quem se importa com as lésbicas?. Anais V ENLAÇANDO... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/30455>. Acesso em: 22/11/2024 16:36
A organização de mulheres lésbicas no Brasil data seu início em 1979, durante a Ditadura Militar, em São Paulo. Dezessete anos depois, em 29 de agosto de 1996, acontecia o primeiro Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE). Em 2003, durante a quinta edição do evento, a data foi lançada para demarcar o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, denunciando uma sociedade que, na tentativa de negar nossa existência, nos invisibiliza. Desde então, o mês de agosto vira palco de relativa discussão acerca da lesbianidade. Porém, ainda que passados trinta e oito anos desde o início da organização política das mulheres lésbicas, a pauta da visibilidade permanece uma necessidade urgente. Neste artigo, busco discutir este tema histórico do movimento para além da pontualidade e superficialidade com que costuma ser abordado, sendo necessário, assim, recorrer à consubstancialidade dos sistemas capitalista, racista e patriarcal que organiza estruturalmente as relações sociais, para entender os efeitos produzidos sobre nós, mulheres lésbicas. A invisibilidade, pois, atravessa e determina todas as esferas de nossas vidas, desde a inexistência de preservativos para a relação sexual entre mulheres até a escassez de produções teóricas acerca da lesbianidade.