Para investigar a interação indivíduo-ambiente e a função háptica, Mauerberg-deCastro
desenvolveu uma ferramenta denominada “sistema âncora” que é composta por dois cabos flexíveis
anexos a um par de cargas com magnitude de massas variadas (e.g., de 125 g até 1000 g). Os cabos
são mantidos estendidos durante a tarefa postural e as cargas distais, repousando numa posição
sobre uma superfície, não podem ser movimentadas. O sistema âncora mostra de maneira geral que
a informação háptica ajuda na estabilização da postura. Porém, não sabemos se a simultânea tarefa
de ancoragem com movimentação intencional de um dos cabos da âncora (i.e., ancoragem
dinâmica) integra seus efeitos na tarefa de equilíbrio. O objetivo deste estudo foi investigar a
influência de uma ancoragem dinâmica no controle da postura e se difere da ancoragem fixa. A
amostra do estudo foi composta por seis indivíduos jovens saudáveis entre 18 e 30 anos que
realizaram tarefas de controle postural. Os participantes, vendados, mantiveram-se em pé sobre uma
plataforma de força com os pés em posição tandem (i.e., um pé na frente do outro) durante 30
segundos. As tarefas de ancoragem (carga distal de 500 g de cada âncora) variaram entre ancoragem
fixa (AFIX) e ancoragem dinâmica com a mão dominante (ADDO), e não dominante (ADND) além
de duas condições sem âncora [uma no início da sequencia de tarefas (BPRE); e outra no final
(BPOS)]. A condição AFIX consistiu em segurar, com ambas as mãos, as hastes flexíveis do
sistema âncora sem deslocar a carga distal da superfície. As condições ADDO e ADND consistiram
em segurar com uma ou outra mão a haste flexível do sistema âncora e realizar, no ritmo de um
metrônomo (60 bpm), movimentações laterais do braço com o sistema âncora levantando e
deslocando a massa (aprox. 10 cm) e reposicionando no chão em movimentos de vai-e-vem. A mão
oposta manteve a âncora fixa. O deslocamento total do COP (centro de pressão), dtCOP, não
mostrou diferenças entre as duas tentativas, assim utilizamos a sua média. A ANOVA one-way com
medidas repetidas mostrou efeito para as condições de tarefa (F4,20=7,56; p=0,001; ηp2 =0,6;
Power=0,98). A análise post-hoc de Bonferroni não mostrou diferenças entre a maioria das
condições de tarefa. Entretanto, a comparação entre BPOS (dtCOP 151 cm, +29) e AFIX (dtCOP
125 cm, +28) mostrou diferença estatística (p=0,02) e entre as condições AFIX (dtCOP 125 cm,+
28) e ADND (dtCOP 137 cm,+ 26), (p=0,008). Embora o número de participantes ainda seja baixo,
os resultados preliminares mostram que o sistema de ancoragem fixa é mais eficiente para controlar
a postura do que a ancoragem dinâmica. A ancoragem dinâmica parece igualmente
desestabilizadora ao sistema de controle postural tal como a condição sem âncora.