O futebol é uma modalidade esportiva complexa e dinâmica onde os jogadores necessitam tomar rápidas e constantes decisões em consonância com a variabilidade de situações e constrangimentos do jogo. Para desenvolver estas habilidades, o ambiente de prática deve favorecer a vivência e exploração de situações variadas que demandem soluções de problemas funcionais do jogo, isto é, a coadaptação de defensores e atacantes no contexto de ação. O bobinho é um pequeno jogo praticado no contexto de treinamento a fim de proporcionar aos jogadores situações de troca de passes em espaços limitados. Nestas situações, os jogadores atuam sob marcação imediata e reduzida janela temporal para a tomada de decisão. Embora este jogo seja comumente utilizado no ambiente de prática, pouco se sabe sobre as adaptações que emergem das interações interpessoais deste jogo. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar a velocidade de troca de passes que emergem das interações interpessoais. Para tanto, 20 alunos entre 13 e 20 anos de idade de uma escola de formação de futebol em Ilhéus/BA participaram do estudo. Os participantes foram divididos em quatro categorias de idade (sub-13 (n = 5), sub-15 (n = 5), sub-17 (n = 5) e sub-20 (n = 5)), onde foram orientados a jogarem o pequeno jogo do bobinho, composto por um marcador e quatro passadores. As interações interpessoais foram caracterizadas como: (1) distâncias interpessoais entre passador e marcador (DIm); (2) distâncias interpessoais entre passador e receptor (DIr); (3) distâncias interpessoais entre marcador e receptor (DImr); e (4) ângulo de passe (Apasse). Ambas as variáveis foram coletadas no momento de cada passe (momento que a bola perde contato com o pé do jogador passador) e organizadas em quartis. As velocidades médias do passe (Vmp) foram coletadas nos mesmos momentos e as médias foram comparadas em cada quartil das variáveis dependentes por meio de Anovas. Os resultados demonstraram que: (1) para a DIm foi encontrado diferença estatística apenas entre o 4º quartil e os demais, indicando que as maiores distâncias corresponderam a uma maior Vmp; (2) para a DIr foi encontrado diferença significativa entre todos os quartis, sendo que as menores distâncias corresponderam a menores velocidades, que aumentaram gradativamente conforme o aumento das distâncias com o receptor; (3) para DImr foi encontrado diferença entre o 4º quartil e os demais, sinalizando que em maiores distâncias entre o receptor e o marcador é utilizado uma maior Vmp; e (4) para Apasse foi encontrado diferença entre todos os quartis, sendo inversamente proporcionais. Isto é, quanto menor o Apasse, maior a Vmp. Conclui-se que a Vmp foi influenciada pela distância entre passador e receptor e pelo ângulo de passe, confirmando recentes resultados na literatura. Estes resultados auxiliam o professor/treinador a controlar a demanda das atividades bem como pensar em possíveis manipulações nas tarefas no ambiente de ensino-aprendizagem-treinamento do futebol.