As categorias de base dos clubes esportivos são as maiores responsáveis por formar os atletas em todas as modalidades esportivas, ensinando valores e oferecendo embasamento teórico e prático em sua carreira esportiva. Segundo Ferreira e Paim (2011), a formação de atletas no Brasil foi por muito tempo espontânea e pouco trabalhada profissionalmente, porém, atualmente requer intervenção profissional e é um processo mais consciente e elaborado. Como parte deste processo, um profissional vem ganhando espaço e importância: o psicólogo do esporte. Dessa forma, este estudo tem por objetivo traçar um panorama das categorias de base do futebol brasileiro, identificando e discutindo seus problemas, virtudes, principais interesses, e identificar como é realizado o trabalho da psicologia esportiva, compreendendo sua importância no processo de formação do atleta. Metodologicamente, partimos de uma revisão bibliográfica e um estudo de campo envolvendo entrevistas estruturadas com três dirigentes e seis integrantes de comissões técnicas de três clubes profissionais de futebol, que também realizaram o preenchimento de um questionário formulado pelos autores contendo oito questões abertas e fechadas. Os procedimentos éticos foram garantidos com a apresentação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual expusemos nossos objetivos, necessidades metodológicas e garantimos o anonimato dos sujeitos participantes. O lucro com a venda de atletas e a qualificação da equipe profissional estão entre os principais interesses de dirigentes e integrantes das comissões técnicas. Grande parte dos participantes (78%) creditou ao investimento realizado a maior deficiência das categorias de base, considerando-o como ruim ou péssimo, ao passo que o talento dos jovens jogadores foi apontado como a principal virtude. Nesse sentido, cerca de 67 % afirmou que as categorias de base do futebol brasileiro estão niveladas em relação ao continente sul-americano e 89% as julgam atrasadas quando comparadas com o futebol europeu. Neste contexto, 55% dos entrevistados disseram que não estão contentes com o que é apresentado nas categorias de base do futebol brasileiro atualmente. Quando questionados sobre a importância da psicologia do esporte nas categorias de base do futebol, todos participantes lhe atribuíram significativa parcela de contribuição no processo de formação do atleta, na busca pelo alto rendimento, no equilíbrio emocional e no manejo da pressão por resultados, ainda que, por questões financeiras, dois dos clubes investigados não possuam este profissional atuando. Sua influência está diretamente relacionada ao desempenho, ao controle emocional e ao constructo motivacional. Dentre as estratégias utilizadas pelos clubes no trabalho com psicologia esportiva, sobretudo por aqueles que possuem psicólogos do esporte integrando sua comissão técnica, destacam-se os atendimentos individuais, coletivos e familiares, os testes e palestras e as dinâmicas de grupo.