O cenário de mudanças dos últimos anos impactou diretamente a escola e o ensino da Educação Física. A compreensão da escola como instituição comprometida com a promoção do acesso à vida pública para todos os seus frequentadores implica no desenvolvimento de uma trajetória curricular que integre e crie espaços para o conhecimento da história de opressão e que potencialize as vozes das culturas sufocadas ou silenciadas, bem como concretize estratégias que combatam eficazmente os preconceitos de todas as ordens. Na tentativa de encontrar alternativas que possam responder ao atual contexto democrático, multicultural, globalizado e profundamente desigual, surge uma proposta curricular baseada nas teorias pós-críticas. A denominada perspectiva cultural do componente concebe as práticas corporais como artefatos da cultura, questiona os marcadores sociais nelas presentes, busca reconhecer os seus sujeitos e promove o diálogo com as diferenças. Para tanto, posiciona professores e estudantes como autores do currículo, por meio da leitura, ressignificação e produção de brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas. O presente estudo compilou e analisou a produção científica sobre o assunto disponível no portal eletrônico de um grupo de pesquisas dedicado ao assunto. Foi possível identificar os campos de fundamentação (estudos culturais, multiculturalismo crítico, pós-estruturalismo e pós-colonialismo); os princípios curriculares que subsidiam a seleção dos temas a serem abordados (reconhecimento da cultura corporal, justiça curricular, ancoragem social, evitar o daltonismo cultural e descolonização do currículo); os procedimentos didáticos que caracterizam as atividades de ensino (mapeamento, vivência/ressignificação, aprofundamento, ampliação, registro/avaliação); e a concepção de conhecimento privilegiada nas aulas (toda a produção discursiva e não discursiva sobre as práticas corporais e os seus representantes).