Atualmente, um assunto tem sido debatido com grande frequência na área da educação é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Trata-se de um documento que apresenta objetivo de aprendizagem que vão nortear a reelaboração dos currículos de todas as disciplinas escolares no Brasil. Para a disciplina de Educação Física a BNCC propõe o tratamento dos conteúdos por meio de sete dimensões do conhecimento. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi analisar a dimensão “protagonismo comunitário” e propor possibilidades de desenvolvê-la na Educação Física escolar. Para tal, realizou-se uma análise documental na BNCC – segunda versão, assim como, leituras e reflexões sobre o tema em questão. De acordo com o documento, protagonismo comunitário refere-se às atitudes, ações e conhecimentos necessários para os estudantes participarem, de forma confiante e autoral, de decisões e ações orientadas a democratizar o acesso das pessoas às práticas corporais, tomando como referência valores favoráveis à convivência social. Contempla a reflexão sobre as possibilidades que eles e a comunidade têm (ou não) de acessar uma determinada prática no lugar onde moram, os recursos disponíveis (públicos e privados) para tal, os agentes envolvidos nessa configuração, entre outros, bem como as iniciativas que se dirigem para ambientes além da sala de aula, orientadas a interferir no contexto em busca da materialização dos direitos sociais vinculados a esse universo. Assim, parece claro que essa dimensão geralmente se materializa mais próximo do final de um processo de ensino e aprendizagem, corroborando com os princípios da dimensão atitudinal proposta pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, onde se espera que os alunos sejam protagonistas e interfiram ativamente em seu contexto escolar. Materializando para o cotidiano de um professor, por exemplo, depois de aprenderem, conhecerem e vivenciarem os esportes de rede/parede durante as aulas, os alunos podem fazer um trabalho dividido em duas etapas. Primeiro em grupos, elaborar e apresentar durante as aulas possibilidades de recriar os esportes de rede/parede. No segundo momento, eles podem organizar um vídeo mostrando essa adaptação no local onde moram. Em outra situação de aprendizagem, no conteúdo dança, por exemplo, os alunos poderão ter a possibilidade de participar de proposições e na produção de alternativas que extrapolem as danças aprendidas do âmbito escolar. Assim, é interessante que o professor estimule os alunos a observarem a localidade da escola, e no segundo momento, a levantarem questionamentos do porque as danças estão ou não presentes naquela região. Com esse trabalho espera-se que os alunos reflitam e sejam capazes de oportunizarem tais práticas nos momentos de lazer e de reivindicarem acesso para a população. Conclui-se que com a dimensão “protagonismo comunitário”, para além de atividades pontuais, é importante que os alunos, durante todo o percurso de ensino-aprendizagem, estejam no centro deste processo. Esta é uma forma de formar alunos mais autônomos, que busquem e construam o conhecimento.