BATISTA, Maria Da Conceição Araujo. A mídia e o modelo do bom envelhecimento. Anais III CIEH... Campina Grande: Realize Editora, 2013. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/2970>. Acesso em: 20/12/2024 05:54
A temática do envelhecimento vem ganhando maior destaque na sociedade em virtude do aumento significativo da população idosa e das repercussões que este fato acarretará aos diferentes campos da vida social nos próximos anos. O processo de transição demográfica em curso, a universalização das aposentadorias e pensões que transformaram as pessoas idosas em consumidores; a mobilização e pressão dessas pessoas e o movimento dos aposentados trouxe à cena pública o envelhecimento da população, promovendo uma revisão dos estereótipos negativos que marcaram esta etapa da vida, comumente associada a perdas dos papéis sociais, isolamento e incapacidade. O modo de ser velho passa a ser configurado por um novo ethos associados à arte do bem viver, em que as pessoas idosas são apresentadas como saudáveis, joviais, engajadas, produtivas e autoconfiantes. Cuidados com a alimentação, participação em atividades físicas e grupos de convivência são algumas das receitas do envelhecimento saudável. Tendo em vista estas questões, o presente trabalho teve como objetivo identificar de que forma o discurso do envelhecimento saudável empreendido pelos experts em interlocução com a mídia, produz nas novas formas de viver a velhice. A pesquisa foi realizada através da análise do conjunto das reportagens exibidas pelo programa de televisão Globo Repórter no período de 2005 a 2010. Foram selecionadas para análise as matérias que tinham como foco modificações no comportamento para aumentar a longevidade ou que abordavam modificações corporais na intenção de melhorar a aparência do indivíduo. Os resultados do estudo apontaram que os avanços da ciência trouxeram uma melhor qualidade de vida, mas por outro lado, indicam que está sendo imposto às pessoas um padrão de conduta onde é imperativo não adoecer e não envelhecer. As conclusões sinalizam que há uma preocupação excessiva em manter o corpo jovem através da alimentação especifica, ginástica e regimes. Infere-se que cultuar um corpo jovem e perfeito é sinônimo de felicidade e plenitude. Para tanto, a qualidade de vida na velhice é o bem maior e só é possível de ser alcançada se forem adotadas certos tipos de práticas, de sentir, pensar, falar e agir que configuram o bom e o mau envelhecer.