HIPERMODERNIDADE NO COTIDIANO DE PESSOAS IDOSAS: A INSTAURAÇÃO DO FUTURO MUTANTE NO IMAGINÁRIO DE ÓRFÃOS DO PASSADOO presente projeto se propõe a investigar como as pessoas com mais de setenta anos convivem com a modernidade e qual a influência desse fenômeno em suas personalidades/identidades, no tocante à exacerbação e à vertigem com que as coisas acontecem e mudam na atualidade. Esta pesquisa tem como lócus duas cidades distintas: Montes Claros, localizada no norte de Minas Gerais, cidade de 400 mil habitantes e que apresenta características de uma capital e Diamantina, cidade com referências bastante tradicionais, com 50 mil habitantes. Os sujeitos da investigação são pessoas nascidas entre 1925 e 1940. Para que essas questões sejam respondidas, necessário se faz o recurso do uso de suas memórias, pois, para que analisem os tempos atuais, terão que recorrer às lembranças de outros tempos. Assim, a História Oral será utilizada como técnica metodológica, sendo a entrevista narrativa o instrumento de obtenção das fontes adotado por essa pesquisadora. Autores como Lipovetsky e Bauman (estudiosos da modernidade), Bosi (especialista em lembranças de velhos), Thompson e outros ligados à área da História Oral, representam o espectro central da referência bibliográfica e do corpo teórico que essa pesquisa se apropriou. As oito entrevistas realizadas confirmam, em parte, algumas das hipóteses pensadas para o projeto. Em relação ao uso da tecnologia, exclusivamente do computador, apenas três dos oito entrevistados disseram fazer uso e, mesmo assim, com a finalidade exclusiva de trabalho. O telefone celular foi outra das tecnologias que os entrevistados disseram usar de forma bastante restrita e dois deles disseram não possuir. Todos disseram ter um bom relacionamento com os filhos e netos, porém, condenam muitas das atitudes que os jovens apresentam hoje. Segundo os entrevistados, não há mais compromisso entre as pessoas. Além de críticas a muitos aspectos da modernidade, os entrevistados apontaram também vantagens, dentre elas, facilidades que a tecnologia trouxe para a vida das pessoas, como os eletrodomésticos que tornaram a vida da dona de casa muito mais fácil; o avanço da medicina que tem proporcionado, além de maior longevidade às pessoas, uma melhor qualidade de vida. Os entrevistados dessa pesquisa vêem o consumismo como algo negativo que interfere de forma prejudicial nas relações pessoais e sociais, não se restringindo aos objetos e estendendo-se às pessoas. Nenhum dos entrevistados se confessa saudosista, porém, na fala de todos se percebe certa nostalgia em relação aos tempos passados.