O projeto “Mãos que colhem e criam: a horta e a arte no CAPS como ferramentas para a inclusão social” teve o intuito de promover a inclusão dos usuários do CAPS através do trabalho com a horta e na produção de artesanato, além de contribuir com a aproximação dos estudantes de graduação com a realidade social de pessoas em sofrimento psíquico e auxiliando na sua aprendizagem com os desafios da intervenção em saúde comunitária. Com isso, este trabalho tem como objetivo relatar as experiências e as percepções de alunas do curso de graduação Nutrição após a participação neste projeto. Foi desenvolvido por 12 acadêmicos dos cursos de Nutrição, Enfermagem, Farmácia e Ciências Biológicas, sob a coordenação de docentes do curso de Nutrição e de Enfermagem do Centro de Educação e Saúde da Universidade Federal de Campina Grande campus Cuité-PB. Os estudantes e professoras reuniam-se semanalmente para fazer o planejamento das atividades, as quais eram realizadas com a mesma frequência, junto com os usuários do CAPS. A equipe articulava-se para execução das tarefas, onde aqueles referentes à horta eram pautados na construção de um minhocário inicialmente, para posteriormente estruturar a horta. Quanto à produção artística, os usuários eram estimulados a confecção de objetos artesanais. Cada oficina de arte tinha um tema central, onde a equipe dispunha o material e orientava os usuários durante todo o processo, para que cada um pudesse interagir e confeccionar o seu próprio objeto. Além das atividades envolvendo a horta e a arte, foram realizadas algumas oficinas culinárias. Nestas oficinas, inicialmente havia um momento de diálogo para discutir as preparações a serem realizadas, discutindo sobre seu potencial nutritivo para a saúde, o modo de preparo, bem como suas formas de utilização. A equipe disponibilizava os ingredientes, dava as instruções de como fazer a preparação e organizava os usuários de forma que todos pudessem interagir na atividade. Ao final das oficinas, realizava-se a degustação. Em algumas atividades, eram realizadas oficinas de expressão corporal, incluindo práticas de kung fu, yoga, dança, entre outros. Foi possível perceber que a cada atividade desenvolvida durante o projeto, os usuários aparentavam está mais integrado com a equipe. Muitos ficavam ansiosos pelo dia dos encontros com a equipe do projeto e em diversos momentos se sentiam à vontade para compartilhar experiências pessoais através de relatos ou pinturas. A valorização de habilidades dos usuários através das oficinas estimularam a autoestima dos mesmos, muitos se sentiam motivados para continuar as atividades e agradeciam por estarem fazendo parte dessas intervenções. O projeto uniu a teoria à prática e não se limitou a conceitos hegemônicos do cuidado, pelo contrário, rompeu as barreiras do preconceito e buscou nas subjetividades dos indivíduos a ferramenta necessária para desenvolver estratégias emancipadoras e promotoras de bem estar social para os usuários do serviço. A atuação de estudantes de nutrição em um Centro de Atenção Psicossocial proporcionou uma nova perspectiva de atuação no campo da saúde mental e demostrou que a criação de vínculo pode ser uma ferramenta eficaz na promoção do cuidado.