A doença de Peyronie (DP) foi descrita pela primeira vez no século XVIII por um médico portador desse mal, chamado François Gigot de La Peyronie. Desde então, surgiram algumas produções científicas contribuintes para o conhecimento de algumas características dessa patologia (epidemiologia, etiologia, fisiopatologia e sintomatologia) e para a definição dos seus métodos de diagnóstico e tratamento. De forma simplificada, a DP decorre da formação de uma placa fibrótica na túnica albugínea, que reveste os testículos e os corpos cavernosos, culminando na curvatura peniana durante o ato sexual; ela traz aos seus portadores desconforto e, muitas vezes dor e disfunção erétil durante o coito e acomete cerca de 3,2% da população masculina mundial – embora em alguns estudos esse dado chegue aos 23,3%; essa prevalência se assemelha a agravos mais conhecidos, como alguns tipos de diabetes e a urolitíase. Apesar disso, no cenário atual, boa parte dos profissionais da saúde desconhece a existência da patologia e as políticas públicas parecem menosprezar seus efeitos, dando ênfase quase que exclusivamente ao câncer de próstata. Por esses motivos, ela encontra-se carecendo de novas informações, que venham atualizar suas características (sobretudo epidemiológicas) de maneira a torna-la conhecida não só a uma pequena parcela da comunidade científica, mas aos homens de modo geral. Tendo em vista essa situação, este artigo visa, além de elucidar e atualizar as informações á DP, apresentar alguns dos impasses que impedem a disseminação do conhecimento sobre ela – o contexto sociocultural em que o homem está inserido; a falta de informações sobre a população masculina durante a graduação; políticas públicas de saúde masculina focadas apenas no câncer de próstata; comunicação deficiente entre homens e profissionais da saúde; UBSs com estruturas física e organizacional incapazes de atender o homem de maneira integral.