Resumo: Descrever as características epidemiológicas dos casos de violência contra a mulher notificados na Paraíba, Brasil, no período 2009-2014, com a finalidade de auxiliar medidas de coibição e prevenção desse tipo de atrocidade, o qual é considerado um problema de Saúde Pública atualmente. Método: estudo ecológico descritivo sobre casos de violência contra a mulher, na faixa etária entre 15 e 59 anos de idade registrados no Sistema de Informação de Agravos (Sinan). Resultados: foram notificados 6.930 casos de violência contra a mulher; o município em que mais contribuiu com o registro de novas ocorrências foi João Pessoa (57,32%); predominaram as vítimas de raça parda e com escolaridade incompleta – 5ª à 8ª série do Ensino Fundamental (16,89%)-; os principais agressores tem contato íntimo com a vítima, predominando a figura do cônjuge (25,71%); prevalecem as agressões em ambiente doméstico (55,18%); quanto ao tipo de violência, destaca-se a forma física (45,19%) por meio de força corporal/espancamento (36,24%). Conclusão: entre os casos notificados, verificou-se a predominância de violência física, em ambiente doméstico e perpetrado por agressores que tem íntima relação com a vítima. Ademais, constata-se a necessidade de aprimoramento dos registros de notificação, além de amplo apoio do Setor de Saúde, para auxílio das vítimas, principalmente em cidades interioranas, os quais a subnotificação mascara a realidade encarada pela mulher. Além disso, verifica-se a importância de considerar a multicausalidade e complexidade dos processos de reprodução da violência, com a finalidade de atingir o cerne do problema e intervir de forma eficaz nessas relações desiguais de poder que provocam violência.