É no componente curricular Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa I, ofertado em cursos de Letras da Universidade Estadual da Paraíba, que licenciandos têm a oportunidade de articular o conhecimento teórico com a realidade de ensino. Para tanto, realiza-se, nesse componente, reflexões sobre formação docente (PERES, 2010; ARAÚJO, 2012; FREITAS, 2014) que permitam (re)definir representações sobre ser professor de língua portuguesa tanto para aqueles que nunca tiveram contato com a docência quanto para aqueles que já dividem a formação inicial com o trabalho docente. A fim de analisar as marcas de responsabilização enunciativa desses agentes sociais materializadas em memoriais acadêmicos, este artigo pretende responder à seguinte questão de pesquisa: que vozes são evidenciadas nos discursos de graduandos em Letras sobre as razões para ser professor de Língua Portuguesa? Para responder a essa questão, tem-se por objetivo geral investigar marcas de responsabilização enunciativas evidenciadas em textos-escritos. Especificamente, objetiva identificar as vozes presentes em memoriais acadêmicos e analisá-las com base no quadro teórico-metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo, essencialmente, no nível dos mecanismos enunciativos ou da responsabilização enunciativa presente na arquitetura textual, a partir do agenciamento das vozes discursivas, de acordo com as ponderações de Bronckart (2012 [1999]; 2006; 2008). A metodologia utilizada é de base qualitativa, a qual segue os procedimentos da pesquisa documental (SEVERINO, 2007). O corpus é constituído por um conjunto de memoriais acadêmicos que tematiza sobre as razões para ser professor de língua portuguesa, solicitados pelo autor deste artigo, na condição de professor-formador, e produzidos por alunos em uma disciplina de Estágio supervisionado em Língua Portuguesa I, no período de 2016.2, ao curso de Letras, noturno, Campus VI, Monteiro, da UEPB. Os resultados sinalizam o agenciamento de dois tipos de vozes: vozes do autor empírico e vozes de personagens, com a alegação de que a esta última é reconhecida, por inferência, a manutenção de vozes sociais. A primeira representando a própria voz do autor, em momentos em que se assume como responsável pelo querer ser em virtude do poder ser haja vista as (pseudo)escolhas no campo profissional. A segunda representando a imagem de terceiros reais e imaginários, vistos como motivadores ou provocadores na/da escolha do ser professor.