RESUMO:
Este trabalho bibliográfico tem por finalidade observar e analisar os argumentos no discurso sobre cotas raciais na universidade, visto que existem variados posicionamentos contrários e favoráveis. Ao se discutir sobre cotas raciais, não se pode deixar de relacionar essa questão ao fator histórico-social que compõe a formação da sociedade brasileira. Neste processo estão incluídas a resistência e a luta da população afrodescendente contra a escravidão e a marginalização promovida pela falta de assistência do estado. Sendo assim, se faz necessário um estudo para se compreender os motivos que permeiam esses discursos uma vez que sua compreensão é complexa e envolve fatores históricos, sociais e étnicos. Quando se trata de políticas afirmativas para os afrodescendentes até dentro dos grupos de militância negra há os que são favoráveis e os que são contrários a implementação das cotas raciais. Para alguns elas são vistas como um fator positivo, pois surgem como uma forma de reparação pelas injustiças sofridas ao longo dos séculos pela população negra; para outros é mais uma forma de discriminação uma vez que cada um deveria ingressar na universidade pelo seu próprio mérito. Para solucionar este problema buscou-se analisar os argumentos dos discursos favoráveis e contrários a implementação das cotas raciais na universidade. Tais posicionamentos ultrapassaram o âmbito acadêmico e chegaram a esfera jurídica que o Supremo Tribunal Federal avaliou a competência legal destas medidas e seu caráter constitucional. A Suprema Corte se posicionou favorável, pois, entende-se que o acesso a educação e também ao ensino superior são vistos como fatores inegáveis para a redução das desigualdades, e a educação exerce um papel transformador na sociedade possibilitando uma melhor qualidade de vida e exercício da cidadania.