Apresentamos nesse artigo, no tocante ao ensino de escrita, a análise de um gênero argumentativo, a saber, resenha, inserido em um livro didático do ensino médio que tem como título Português: Contexto, interlocução e Sentido, das autoras Maria Luiza M. Abaurre, Maria Bernadete M. Abaurre e Marcela Pontara, da Editora Moderna. A questão norteadora desse trabalho é: partindo dos estudos de Bronckart (2012) a respeito da arquitetura textual dos gêneros, que estratos do folhado textual - infraestrutura geral do texto, mecanismos de textualização e mecanismos enunciativos - são encontrados na abordagem do gênero resenha em um livro didático do ensino médio? Para responder a essa questão, temos o seguinte objetivo geral: identificar as marcas dos estratos do folhado textual na abordagem do referido gênero no livro em análise. Como objetivos específicos, destacamos: verificar a(s) concepção(ões) de ensino da escrita na seção de produção de textos argumentativos no livro didático em análise; identificar o impacto da presença dos estratos do folhado textual para o ensino de escrita de gêneros e contribuir com reflexões que tenham como foco a perspectiva sociointeracionista de ensino de escrita no contexto do ensino médio. O fato de trabalharmos com esse objeto de pesquisa se torna relevante pela ocorrência de analisarmos a forma como está sendo utilizada a abordagem desse gênero em um livro didático atual do ensino médio. Como embasamento teórico nos encaminhamos pelos estudos de Bronckart (2012), Garcez (2004), Xavier (2009), Patriota (2011), B. Marcuschi (2012), dentre outros. Os resultados obtidos nos permitem concluir que há no livro didático ora analisado a presença dos estratos do folhado textual defendidos por Bronckart, o que nos possibilita aproximar tal livro analisado de uma perspectiva sociointeracionista, apesar de encontrarmos nele algumas falhas como questões de atividades apenas de reconhecimento e de identificação linguística. Os dados evidenciam que a presença dos estratos do folhado aproxima o trabalho com a escrita do gênero argumentativo no espaço escolar a uma perspectiva sociointeracionista de língua.